O Quiliasmo examinado à luz das Escrituras, por Brian Schwertley
Neste estudo, Brian Schwertley, discorre sobre o pré-milenismo, que segundo ele não era crido pela igreja até o final do século XIX. De acordo com Schwertley, somente em 1905, tornou-se uma "verdade", embora contradiga os evangelhos e epístolas.
Traduzido do artigo original em inglês, pelo autor deste Blog, em janeiro de 2016
Contradições Pré-milenistas
A visão escatológica predominante no século XX entre os cristãos que creem na Bíblia é a pré-milenista. Pré-milenismo é a visão de que após Sua segunda vinda, Jesus Cristo governará a Terra por mil anos. Portanto, a Segunda Vinda de Cristo é antes do milênio (pré-milenismo). Pré-milenistas ensinam que, na segunda vinda de Jesus, os santos que estiverem vivos serão arrebatados e os santos que já morreram serão ressuscitados dos mortos. Que todos eles receberão um corpo glorificado e imortal, encontrar-se-ão com Cristo nos ares e retornarão para governar, com Ele, a Terra por um período de mil anos onde haverá paz e justiça em escala mundial.
Ao final deste período, Satanás será solto de sua prisão para enganar as nações. Numerosos exércitos rebelar-se-ão e atacarão Cristo e os Santos em Jerusalém, mas serão destruídos por fogo vindo do Céu. Após derrotar os exércitos rebeldes acreditam que virá a ressurreição o Juízo Final e então a eternidade. Isto é, em resumo, a essência do pré-milenismo; porém há muitas variantes dela. Dentre os pré-milenistas há os pré-tribulacionistas, os meso e os pós-tribulacionistas. Pré-milenistas dispensacionistas colocam o arrebatamento não na segunda vinda mas, no início dos sete anos da Grande Tribulação.
- O mito da interpretação literal vs. não-literal
- O dia do Senhor
Os pré-milenistas argumentam que se atém a uma interpretação literal das Escrituras enquanto acusam seus oponentes teológicos (como os pós-milenistas) de tendenciosamente espiritualizar textos proféticas. Mas a verdade é que tanto pré-milenistas quanto amilenistas e pós-milenistas acreditam que as Escrituras devem ser interpretadas literalmente em alguns momentos e figurativamente em outros, dependendo do contexto do texto e da intenção do autor. Autores pré-milenistas dizem aos seus leitores que interpretam a Bíblia literalmente, mas, se você ler seus livros, cenas que na Bíblia ocorrem com arcos, flechas e cavalos transformam-se nos livros em batalhas futurísticas com blindados, helicópteros e aviões. A marca da besta transforma-se em um chip de computador ou um código de barras. Gafanhotos vindos do Abismo supostamente transformam-se em helicópteros de ataque e assim por diante. Algum autor ou comentarista pré-milenista que acredite que a Besta que surge do mar com sete cabeças e dez chifres seja uma criatura literal? A questão é que pré-milenistas, amilenistas e pós-milenistas interpretam algumas passagens bíblicas figurativamente e outras literalmente.
A única forma de determinar quem detém a melhor interpretação é lançar mão de alguns princípios bíblicos de interpretação ao examinar as passagens em questão. O que significa dizer que o contexto, o público a quem se destina a mensagem, a intenção do autor, o tempo em que foi escrito, etc, devem ser considerados. Além do mais, a Escritura não pode contradizer a Escritura, portanto, quando duas passagens parecem se conflitar, a passagem mais esclarecedora deve ser usada para interpretar a menos evidente. Esse princípio é muito importante uma vez que há muitas passagens esclarecedoras no Novo Testamento sobre a Segunda Vinda de Cristo.
O Pré-milenismo é baseado em uma interpretação literal do capítulo 20 de Apocalipse.
E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos.E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo. E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.
Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.
E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha.
E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou.
E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre. E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. (Apocalipse 20:1-15)
A muitos pré-milenistas é dito que fundamentalistas creem no Pré-milenismo, enquanto que teólogos liberais são pós-milenistas. O que muitos pré-milenistas não sabem é que a visão dominante entre os cristão protestantes advindos da Reforma até o final do século XIX era, de fato, a pós-milenista. O pré-milenismo tornou-se dominante em 1909 após a publicação da Bíblia de Referência Scofield. Pré-milenistas geralmente não se dão conta dos sérios problemas teológicos e exegéticos de sua interpretação.
A posição pré-milenista é que Jesus retornará e os Santos serão ressuscitados, então, depois de mil anos de governar a Terra, virá o Juízo Final e os ímpios serão julgados. Observe que os pré-milenistas acreditam em um intervalo de mil anos entre a segunda vinda de Cristo e o Juízo Final. A ressurreição dos Santos e a ressurreição dos ímpios também são separadas por mil anos. Mas a Bíblia ensina haver um hiato de mil anos entre a segunda vinda de Cristo e o Juízo Final? Ela ensina que haverá um hiato de mil anos entre as ressurreição dos justos e a dos ímpios? Na verdade, não há intervalo entre estes eventos. De fato, como será mostrado, a Bíblia ensina que esse eventos são para ocorrer no mesmo dia. Assim sendo, pré-milenismo é teologicamente e biblicamente impossível.
Os evangelhos e epístolas apresentam uma fotografia unificada da segunda vinda de Jesus Cristo: a segunda vinda, o arrebatamento, a ressurreição dos justos e ímpios e o juízo dos justos e ímpios ocorrerão no mesmo dia. O apóstolo Paulo ensina que quando Cristo retornar, Ele trará vingança sobre os ímpios. Os ímpios receberão a perdição eterna, mas Cristo habitará com os Santos. Todos o que crê admirar-se-á e glorificará a Cristo. Quando isto irá ocorrer? No "mesmo dia" (singular):
E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder, Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que creem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós). (2 Tessalonicenses 1:7-10)
Há intervalo de mil anos entre a perdição dos ímpios e a glorificação do santos? Não, ambos ocorrem "naquele dia". Cristo esmagará os ímpios de Seus trono em Jerusalém? No, Ele aparecerá nos Céus. No derradeiro dia, Cristo virá dos Céus para julgar a todos os homens, sejam justos ou ímpios.
O galardão dos justos e a punição dos ímpios são entrelaçados entre si e ao tempo; e sucedem imediatamente à segunda vinda do Senhor. Certamente esta passagem deve esclarecer completamente que não há um arrebatamento secreto seguido, em um intervalo de 7 anos, por uma ampla revelação do Senhor e Sua glória ao mundo. Certamente está perfeitamente claro também que uma vez que a vinda do Senhor traz aos ímpios 'perdição eterna longe da face do Senhor', nenhum ímpio sobreviverá a Sua vinda para ser governado em um milênio vindouro. Mas, segundo a ótica pré-milenista, devem haver ímpios sobreviventes.
O apóstolo Paulo ensina que Cristo retornará a Terra e então estabelecerá um governo milenar que será sucedido por um juízo final? Não, ele não ensina. Paulo diz que a segunda vinda de Cristo e a glorificação dos santos irá ocorrer imediatamente antes da eternidade. Paulo não ensina que haverá um hiato de mil anos entr a segunda vinda e a fim da história humana na Terra:
Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. (1 Coríntios 15:23-25)
E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. (1 Coríntios 15:50-54)
Cristo retorna, os santos recebem corpos glorificados e imortais e "então virá o fim". Não há um reino milenar, pois quando Cristo retornar Ele entregará o reino ao Pai. Ademais, depois do retorno de Cristo, a morte será completamente destruída e abolida. Como então podem haver convertidos no milênio que vivem, tem filhos e morrem, se a morte é abolida na segunda vinda?
O propósito da última parte do capítulo 15 de 1 Coríntios é mostrar que após a ressurreição, os corpos dos crentes serão serão como o glorioso corpo do Filho de Deus, adaptado a condição celestial e não terrena.
O apóstolo Paulo ensina que justos e ímpios serão julgados no mesmo dia:
Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; (Romanos 2:5-8)
Os apóstolos inspirados (pelo Espírito) não dizem coisa alguma sobre um intervalo milenar entre o juízo dos justos e ímpios. A segunda vinda de Cristo é sempre associada, nas Escrituras, ao Juízo Final de todos os homens, que ocorrerá
No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho. (Romanos 2:16)
O apóstolo Paulo sempre ensinou em suas epístolas que a segunda vinda de Cristo, a ressurreição dos justos e ímpios ocorreriam no mesmo dia: o dia do Senhor. Ele diz:
Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; (1 Tessalonicenses 5:1-4)
Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, Que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. (1 Tessalonicenses 5:9,10)
Paulo associa a segunda vinda com a ressurreição, a subsequente glória dos santos e a repentina destruição dos ímpios. Sem sombra de dúvidas, aquele dia é tal que os crentes devem esperar vigilantemente (1 Tessalonicenses 5:4-10), pois obterão salvação em toda sua plenitude (v. 9) para então viver "com ele" (v. 10); e tal que levará, a falsa segurança dos descrentes, ao fim, em repentina destruição.
Paulo não diz ao povo de Tessalônica que um arrebatamento secreto ocorrerá sete anos antes da segunda vinda. O arrebatamento ocorre no mesmo dia que os ímpios são julgados.
Certamente, Paulo não teria escrito essas palavras se esperasse por um arrebatamento secreto, Não há nesta passagem qualquer indício que cristãos serão arrebatados sete anos antes do dia do julgamento. Ao invés disto, eles receberão alívio da tribulação e do sofrimento da "vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho" (2 Tessalonicenses 1:8).
Se os cristãos estão para ser secretamente arrebatados da Terra sete anos antes da segunda vinda de Cristo, então por que as Escrituras repetidamente ensina que os cristão permanecerão na Terra até a revelação de Cristo? A ressurreição dos justos e ímpios e o juízo final ocorreção nesmo dia (o dia do Senhor), conforme Mateus 13:47-50; 25:31-34, 41, 46; João 5:28-29; 6:3-40, 44, 54; Romanos 2:5-8, 16; 1 Tessalonicences 5:1-4, 9-10, etc.
Se os ímpios recebem "repentina destruição" e os santos são glorificados, ninguém é deixado de fora para popular a Terra durante reinado milenar pré-milenista. Depois que os cristãos recebem seus corpos celestiais e glorificados, eles não se casarão nem terão filhos. Quem, então, haverá para rebelar-se contra Cristo ao final dos mil anos do reino milenar? Os santos glorificados certamente não, nem os descrente, pois estarão sofrendo a tormenta no Lago de Fogo.
O apóstolo Pedro concorda com o ensino de Paulo acerca da segunda vinda de Cristo. Em sua segunda epístola ele trata com escarnecedores que negam a segunda vinda:
E dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste. Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio,Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios. Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.
Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? (2 Pedro 3:4-12)
Pedro ensina que a segunda vinda, o dia do julgamento e o começo da eternidade ocorrerá contemporaneamente. Tal como Paulo, Pedro afirma que estes eventos ocorrerão no "dia do Senhor". Porém, de acordo como o pré-milenismo, Cristo não virá no dia do julgamento, pois Ele já estará na Terra governando de Jerusalém. No entanto, Pedro diz que quando Cristo retorna, o julgamento ocorre e então os céus e Terra são destruídos. Portanto, o relato de Pedro sobre a vinda de Cristo contradiz a doutrina pré-milenista.
Pré-milenistas ensinam que haverá um intervalo de mil anos entre a ressurreição dos justos e a dos ímpios. Ensinam que a ressurreição dos ímpios ocorre ao final do milênio. Porém, parábolas de Jesus contradizem esta visão. Na parábola do Trigo e do Joio, Jesus diz que ambos crescerão juntos até a colheita:
Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro. (Mateus 13:30)
Quando Jesus explicou essa parábola a Seus discípulos (Mateus 13:36-43), Ele indicou o tempo em que a colheita aconteceria. Ele disse que a colheita é o fim do mundo e que os ceifeiros são anjos (v. 39). Para evitar qualquer entendimento de uma colheita parcial antes da completa, é utilizada a palavra grega sunteleia (v. 39), que significa consumação e pleno fim. De acordo com Concordância Analítica de Robert Young, sunteleia é usada somente seis vezes no Novo Testamento e sempre referindo-se ao Dia do Julgamento, que é, o fim do mundo... O uso desta palavra grega em cada um dos versos absolutamente impede qualquer possibilidade de justos serem tirados do mundo antes da consumação dos séculos.
No final, a separação será tal que os ímpios serão lançados no fogo do inferno e os justos irão para o Céu.
No capítulo 25 de Mateus, Jesus instruiu Seus discípulos acerca da segunda vinda que:
E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna. (Mateus 25:31-46)
Cristo descreveu um julgamento comum a todos os homens, não só aos ímpios. Ele colocou o julgamento final imediatamente após Sua vinda, não mil anos depois.
O cristão, em geral, acredita que Mateus 25:31-56 é uma fotografia do Juízo Final. E ele está certo. Mas os pré-milenistas tem que explicar essa passagem à parte, uma vez que ela não se encaixa em sua visão profética. Em sua interpretação eles tem que abandonar a literal da qual tanto falam e explicar "todas as nações" não são "todas as nações", e que aquelas nações estão lá, lá estão somente "representativamente". Mas não há nada nesta passagem indicando isto. Está claro que o tema é o universal Juízo Final.
Jesus claramente ensinou que haverá uma ressurreição universal na qual todos os homens serão ressuscitados no mesmo dia. Ele não diz que apenas alguns serão e o resto mil anos depois (ou 1007 anos, na visão dispensacionalista):
Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. (João 5:28,29)
A ideia de que a ressurreição dos justos irá ocorrer mil (ou mil e sete) anos antes do fim do mundo contradiz o que Jesus disse, por mais quatro vezes no capítulo 6 de João:
E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:39,40)
O último dia é o dia do julgamento. "Claramente não pode haver outros dias depois do último dia.".
A resposta dispensacionalista a essas objeções é argumentar que haverá um arrebatamento secreto antes da tribulação de sete anos, em que todos os cristãos serão arrebatados da Terra. E, ao longo da tribulação de sete anos, haverá expressiva conversão de judeus. Esses santos do pós-arrebatamento terão filhos e assim originarão novos crentes não-glorificados para uma ressurreição e julgamento universal ao fim do milênio.O problema desta visão é que a Bíblia não ensina a ocorrência de um arrebatamento secreto sete anos antes da segunda vinda de Cristo. Em 2 Tessalonicenses 1.5-10, Paulo diz que o dia em que Cristo vier para ser glorificado pelos Seus santos é precisamente o mesmo dia em que Ele retornará ‘em chamas flamejantes’ para julgar os ímpios. Em 2 Tessalonicenses 1.5-10, Paulo conforta os santos da igreja de Tessalônica com a abençoada esperança do alívio que terão juntamente com ele, na ocasião do retorno de Cristo, em chamas flamejantes, a fim de punir aqueles que traziam tribulação à igreja.
No entanto, de acordo com as suposições dispensacionalistas, essa passagem não pode referir-se à bendita esperança dos cristãos, pois, no pensamento dispensacionalista não há vínculo entre o julgamento punitivo e o retorno de Cristo à Sua igreja, que é o que constitui o arrebatamento secreto.
Os dispensacionalistas alegam que a "bendita esperança" refere-se ao arrebatamento secreto. No entanto, Paulo coloca a expressão "bendita esperança" em associação com a "gloriosa manifestação" de Cristo, em Tito 2:13. No entender de Paulo, o arrebatamento e a visível e notória segunda vinda de Cristo são concomitantes; e não separados por sete anos. Além disso, 1 Tessalonicences 4:16 explicitamente ensina que o arrebatamento é um evento público, não secreto:
Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.
Se o arrebatamento fosse ocorrer sete anos antes da segunda vinda de Cristo, então, qualquer um poderia calcular o ano, mês e dia de Sua segunda vinda. Mas Jesus disse que "quanto ao dia e à hora" da Sua vinda, ninguém sabe (Marcos 13:32). Não há na Bíblia um vestígio de evidência sequer acerca de um arrebatamento secreto sete anos antes da segunda vinda visível de Cristo. A teoria do arrebatamento secreto não pode ser encontrada na igreja antes de 1830. Após um cuidadoso estudo de todas as citações, palavras e versículos relacionados ao arrebatamento e à segunda vinda, Oswald T. Allis escreveu:
A questão que nos contronta é essa: se a distinção entre o arrebatamento e o aparecimento é tão grande quanto dizem os dispensacionalistas, então, como explicar o lapso de Paulo em distingui-las claramente? E o lapso de outros escritores como Pedro, Tiago e João? Paulo era versado em lógica e ábil a construir distinções contundentes. Se ele quisesse, ou se fosse importante, distinguir esses dois eventos, ele o teria feito muito facilmente. Por que ele usou uma linguagem que os dispensacionalistas devem admitir ser confusa? Feinberg - um notório erudito dispensacionalista - fez a seguinte afirmação surpreendente acerca disto:"Nos concluímos então, a partir estudo em si das palavras gregas que a distinção entre a vinda do Senhor para Seus Santos e com Seus Santos não deve ser aceita. (Premillennialism or Amillennialism? p. 207)"
Tal aceitação, levanta a questão se a distinção é válida, se é importante, então a linguagem ambígua de Paulo é, assim dizendo com reverência, indesculpável. Mas se a distinção é insignificante, então a precisão da afirmação seria desnecessária. Portanto, concluímos que a linguagem do Novo Testamento, em especial a de Paulo, simplesmente não falha em provar distinção que os dispensacionalistas insistem, mas, ao invés disso, indica clara e inequivocamente que ela não existe.
Continua...