Por Jeremy James, Portal Zephaniah.
Publicado em 25/7/2015 no Portal Espada do Espírito
Os observadores do Vaticano sabem há algum tempo que Roma está trabalhando para expandir substancialmente seu controle sobre os eventos mundiais e estabelecer um domínio global, seja de forma irrestrita, ou em parceria com outras forças que participam no jogo do poder intercontinental. Até agora, seus objetivos e ambições foram estruturados em termos vagos e linguagem típica do Vaticano. Entretanto, para o católico romano mediano, a filosofia social e política do Vaticano parece ser simplesmente uma mistura curiosa de aspirações benevolentes e uma teologia não bem definida, sem implicações tangíveis para o mundo real. Em grande parte ele não vê sua igreja como uma grande participante no jogo de poder global, ou uma ameaça potencial para a democracia e para as liberdades. Afinal, quem pode questionar as constantes referências à necessidade de promover o "bem comum" e um mundo melhor para todos?
Muitos livros excelentes lidam com as verdadeiras ambições globais da Igreja Católica Romana e, mais especificamente, a elite poderosa que a está usando para seus próprios propósitos. Alguns desses autores também destacam os princípios patentemente marxistas que fundamentam sua agenda sócio-econômica. Por exemplo, Ecclesiastical Megalomania (Megalomania Eclesiástica, 1999), de John Robbins, é leitura essencial para qualquer católico romano que esteja verdadeiramente preocupado com a direção perturbadora que sua igreja está seguindo.
O Pano de Fundo para o Domínio Mundial
Há muito tempo que a Igreja Católica Romana reivindica o direito de governar o mundo. Por exemplo, já em 1493, o papa Alexandre VI decretou que o mundo deveria ser dividido em duas zonas, uma dominada pela Espanha e a outra por Portugal. Milhões de pessoas inocentes foram mortas ou escravizadas logo após esse decreto. Por meio das tortuosas e enganosas maquinações da Ordem dos Jesuítas, a Igreja Católica Romana envolveu-se em intrigas de incontáveis formas para desestabilizar os países soberanos e derrubar governos legítimos. Os jesuítas organizaram a Contra-Reforma, com o objetivo de destruir todos os vestígios do Cristianismo bíblico verdadeiro na Europa. Isto levou à Guerra dos Trinta Anos, em que a Alemanha foi devastada e milhões de civis inocentes foram mortos com grande selvageria e crueldade.
Apesar disto, por meio de intervenção providencial em estágios cruciais, a Reforma Protestante conseguiu sobreviver e a guerra terminou com a Paz de Vestfália, em 1648. Embora esteja grandemente esquecida no nosso mundo moderno, a Paz de Vestfália assumiu um novo significado com a publicação, em 24 de outubro de 2011, de um documento oficial do Vaticano intitulado "Para uma Reforma do Sistema Financeiro e Monetário Internacional na Perspectiva de uma Autoridade Pública de Competência Universal", que discutiremos em breve.
Reconhecendo o princípio dos Estados soberanos e independentes, a Paz de Vestfália permitiu que o protestantismo continuasse sem ser molestado em partes selecionadas da Europa. Não há dúvidas que Roma desdenha esse resultado e que há muito tempo procura revertê-lo. Neste sentido, a Contra-Reforma nunca terminou e continua até hoje, porém de uma forma muito disfarçada. Entretanto, o objetivo ainda é o mesmo, isto é, destruir o Cristianismo bíblico e substitui-lo em todo o mundo por uma versão corrupta, criada pelo homem, fabricada pelo grupo de elite de famílias que controlam Roma há muitas gerações.
As Famílias do Papado
Ao longo de um período de aproximadamente 600 anos, o papa era selecionado a partir de apenas onze famílias — Orsini, Bórgia, Piccolomini, De Médici, Colonna, Farnese, Caetani, Borghese, Barberini, Aldobrandi e Sforza. As quatro primeiras ocuparam o papado por não menos que nove ocasiões. O historiador George L Williams fez uma excelente trabalho em estabelecer o papel dominante que a genealogia e a sucessão dinástica exerceram em decidir o papado. Em Papal Genealogy: The Families and Descendants of the Popes (Genealogia Papal: As Famílias e Descendentes dos Papas, 1997), ele faz as seguintes e instrutivas observações [pág. 160]:
As famílias dos príncipes papais tinham a tendência de fazer seus filhos se casarem com filhas de outras famílias com títulos papais, e os casamentos entre os membros dessas famílias ainda estão ocorrendo no século 20. Durante os períodos do Renascimento e do Barroco, os papas fizeram suas famílias prosperar presenteando-as oficialmente com territórios, títulos e emolumentos, porém seus descendentes frequentemente se casavam com membros de antigas famílias papais, como os Colonna, Orsini, Sforza-Conti-Cesarini (herdeiro dos Conti) e Caetani. Mas, desde o século 17, as famílias dos papas do período Barroco (isto é, os Boncompagni, Ludovisi, Chigi, Albani, Altieri, Borghese, Aldobrandini, Ottoboni, Barberini, Pamphili, Rospigliosi, Odescalchi e Corsini) estão mais inclinadas a fazer seus filhos se casarem com filhas umas das outras...
Grande parte do mesmo sistema de apadrinhamento e nepotismo operava em outras poderosas cidades-estado italianas. Por exemplo, Veneza foi uma das entidades políticas mais influentes no mundo durante vários séculos. Entretanto, a classe governante naquela grande cidade-estado era constituída por apenas um pequeno grupo de famílias. Cada família tinha sua vez de ocupar o topo, em uma forma de rodízio — ocupando o cargo vitalício de doge — ao mesmo tempo que continuava a garantir que a maior parte das políticas seguidas fossem de benefício para o grupo como um todo. O sucesso dessa estratégia é confirmado pela longevidade desse pequeno estado. Em uma época em que impérios formidáveis ascenderam e caíram, ele sobreviveu e prosperou, desde aproximadamente o ano 700 até 1798, quando foi finalmente vencido por Napoleão.
No período de 1190-1730, Veneza teve um total de 73 doges, dos quais 36 vieram de apenas nove famílias — Contarini, Mocenigo, Dandolo, Cornaro, Gradenigo, Priuli, Morosini, Donato e Venier. Sempre era do interesse dessas famílias influentes, bem como daquelas com as quais elas se aparentavam via casamentos, apoiar e defender o sistema. Nem uma família dominava, porém a elite governante mantinha todas as demais famílias influentes em xeque. Elas podiam ser cruéis no tratamento que dispensavam aos estranhos, confiantes por saberem que os mesmos métodos não seriam usados contra elas mesmas. A cidade de Gênova usava um sistema similar, porém era menos eficaz, pois um número menor de famílias recebia a permissão de dominar. Por exemplo, no período de 1339-1527, o cargo de doge, que mudou 42 vezes, foi ocupado em não menos que 29 ocasiões por apenas duas famílias: os Adorno e os Fregoso.
Os venezianos também usaram outra técnica vital para consolidar seu poder — uma rede ampla de espiões e informantes. Esses agentes estavam baseados nas cortes das principais cidades italianas, bem como em cidades-chaves em toda a Europa. Os dados de inteligência coletados por meio dessa rede permitia que os venezianos explorassem as oportunidades comerciais e militares, contemporizassem seus inimigos e, por meio da intriga e da desinformação, colocassem um reino contra outro. O mesmo sistema foi adotado e aplicado pela Ordem dos Jesuítas logo após sua fundação, em 1540, e passou por muitos aprimoramentos desde então.
As Famílias da Elite Governam
A sucessão dinástica e os casamentos planejados entre as famílias influentes da elite, ao longo de vários séculos, garantiram que a Europa e os EUA sejam controlados hoje por um grupo muito pequeno de pessoas. A maior parte do 1% que possui 40% da riqueza está nessa categoria. Todos eles compartilham uma coisa em comum — uma profunda e enraizada aversão ao Cristianismo. Não a variedade falsificada ensinada por Roma — que continua a exercer um controle supersticioso sobre centenas de milhões de pessoas inocentes — mas a versão fundamentada unicamente na Palavra de Deus. Os cristãos verdadeiros olham somente para o Deus Vivo, enquanto que os cristãos falsos invariavelmente olham para outra parte — para o papa, para o clero, para a virgem Maria, os santos, os sacramentos e o bem comum.
Roma tem trabalhado consistentemente para a criação de um império global. Nesse sentido, a Igreja Católica é o veículo principal por meio do qual esse grupo de famílias de elite tem feito avançar sua causa. Por meio dela, eles controlam e exploram as massas em todos os cinco continentes, fazendo com que deixem de adorar e de orar ao Deus Vivo e Verdadeiro — o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Eles também trabalham por trás dos bastidores, por meio das estruturas da Igreja Católica Romana, e de outras formas, para derrubar o sistema de Estados soberanos que foi reconhecido pela Paz de Vestfália.
Muito mais poderia ser dito aqui sobre o controle que essas famílias exercem sobre o sistema bancário internacional, que, em grande parte, é uma criação delas, e do sistema das sociedades secretas que elas e seus aliados usam há muito tempo para influenciar e controlar os Estados independentes — a Ordem dos Jesuítas, os Cavaleiros de Malta, a Maçonaria, os Cavaleiros de Colombo, a Sociedade Rosa-Cruz, a Sociedade Teosófica, etc. — mas este não é o foco principal deste ensaio. Se você precisar de mais informações sobre esses aspectos, consulte outros de nossos artigos.
Encíclicas Papais e um Governo Mundial
A estrutura política preferida pela Igreja Católica Romana é o fascismo. Sempre que esteve em ascendência em qualquer país, ela caminhou nessa direção — por exemplo, na Espanha durante o regime de Francisco Franco, em Portugal durante o regime de Salazar, na Itália durante o governo de Mussolini, na Croácia durante o tempo de Pavelic, no Paraguai durante o regime de Stroessner, no Chile durante o regime Pinochet, na Argentina durante o governo Videla, e nas Filipinas durante o governo Marcos. Muitos outros exemplos poderiam ser apresentados, em que uma elite poderosa, endossada de forma não oficial pela Igreja Católica Romana, utiliza a força militar para exercer o controle completo sobre um país e, rotineiramente, sequestra, tortura e mata qualquer um que se atreva a fazer oposição. A mentalidade que está por trás disso baseia-se na crença que o fim justifica os meios, que a Igreja tem a autoridade moral para governar sem restrições e que as dificuldades iniciais serão solucionadas no tempo devido, à medida que a população de submeter à vontade suprema de uma autoridade centralizada supostamente beneficente.
A mesma mentalidade tem sido evidente nos pronunciamentos do Vaticano há décadas. Por exemplo, na encíclica Populorum Progressio (1967), o papa Paulo VI escreveu:
22. 'Enchei a Terra e dominai-a': logo desde a sua primeira página, a Bíblia ensina-nos que toda a criação é para o Homem, sob a condição de ele aplicar o seu esforço inteligente no seu aproveitamento, e de, pelo seu trabalho, por assim dizer a completar para o seu próprio serviço. Se a Terra é feita para fornecer a cada um os seus meios de subsistência e os seus instrumentos de progresso, todo o homem tem, portanto, o direito de nela encontrar o que lhe é necessário. 0 recente Concílio lembrou-o: 'Deus destinou a Terra e tudo o que ela contém ao uso de todos os homens e de todos os povos, de modo que os bens da criação devem equitativamente afluir às mãos de todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade'. Todos os outros direitos, quaisquer que sejam, incluindo os de propriedade e de comércio livre, estão-lhe subordinados: não devem portanto impedir, mas, pelo contrário, facilitar a sua realização; e é um dever social grave e urgente reconduzi-los à sua finalidade primacial.
Observe a máxima totalitária: "Todos os outros direitos, quaisquer que sejam... estão-lhe subordinados." Como esses direitos incluem a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, a liberdade de se reunir, etc., o Vaticano claramente vê um futuro, sobre seu próprio controle, em que todos os homens, em toda a parte serão compelidos a fazer o que forem instruídos a fazer, para o bem comum. O próprio Vaticano decidirá o que deve ser contado como "o bem comum" e prescreverá penas adequadas para aqueles que deixarem de obedecer.
Diversas outras encíclicas do século passado condenaram aquilo que o Vaticano descreve como "individualismo", "livre concorrência" e "propriedade privada". Por exemplo, em Sollicitudo Rei Socialis (1987), o papa João Paulo II declarou que a propriedade privada, na verdade, está sob uma "hipoteca social", o que significa que ela tem uma função intrinsecamente social, baseada e justificada principalmente pelo princípio do destino universal dos bens.
No que se refere ao Vaticano, a propriedade privada tem uma justificativa moral somente quando existe dentro de uma estrutura que garanta "o destino universal dos produtos". Por "destino", entenda "distribuição", pois é assim que a "hipoteca social" deve funcionar na prática. Em resumo, se a autoridade central decidir que certos produtos são necessários por outro grupo, eles serão redistribuídos de acordo com o bem maior. O fato de esses produtos pertencerem a outra pessoa é irrelevante. A "função social" deles exige isto. Assim, o Vaticano rejeita o princípio da propriedade privada.
Isto é indistinguível do Marxismo (ou Comunismo), e, como o Marxismo baseia-se na crença que, para funcionar eficazmente, ele precisa ser implementado em escala global. Isto também requer um sistema rigidamente centralizado de administração da economia:
Cabe aos poderes públicos escolher, e mesmo impor, os objetivos a prosseguir, os fins a alcançar e os meios para os atingir; e também lhes compete estimular todas as forças agrupadas nesta ação comum." — papa Paulo VI, Populorum Progressio, 1967.
Qualquer pessoa racional deve considerar essa perspectiva muito perturbadora. Além disso, devemos estar preocupados que mais de um bilhão da católicos romanos estejam, em grande parte, alheios ao que seus líderes estão planejando. Lembre-se que se o Vaticano tiver as coisas da forma como quer, seu sistema rígido de controle social não se aplicará somente aos fiéis católicos, mas a todos no mundo inteiro, tanto "fiéis quanto infiéis".
Um Império Mundial Papal
Como já observamos, o papado há muito tempo reivindica ser o governante legítimo deste mundo. Já em 1250, o papa Inocêncio IV escreveu que o papa, sendo o vigário de Cristo, tem o poder não somente sobre os cristãos, mas também sobre os infiéis, pois Cristo tem poder sobre todos... todos os homens, fiéis e infiéis, são ovelhas de Cristo por criação... o papa tem jurisdição e poder sobre todos de jure, embora não de facto. — de The Crisis of Church and State, 1050-1300, de Brian Tierney, 1964.
Trabalhando furtivamente por trás dos bastidores, o Vaticano está agora planejando transformar esta suposta jurisdição e poder sobre todos os homens, a partir de um direito puramente legal, para uma realidade global. Para que o leitor não seja tentado a rejeitar isto como um ideal antiquado, aqui está como isto foi declarado na revisão de 1983 do oficial Lei Canônica da igreja Católica:
À Igreja pertence o direito, sempre e em toda a parte, de anunciar princípios morais, incluindo aqueles que se referem à ordem social, e fazer julgamentos sobre quaisquer assuntos humanos na medida em que eles são requeridos pelos direitos fundamentais da pessoa humana ou para a salvação das almas." [tradução nossa].
Não há dúvida que muitos católicos romanos, que estão cientes das ambições globais do Vaticano, as consideram aceitáveis e, talvez, até admiráveis. Em suas mentes, o controle final do mundo pela Igreja Católica Romana beneficiaria a todos. Ao adotarem essa atitude sincera, porém ingênua, eles negligenciam o longo legado de crueldades, torturas e homicídios praticados pela igreja, sua cruel perseguição a todos seus "inimigos" (isto é, qualquer um que discorde dela) e o estado policial sadista que ela manteve durante séculos em grandes partes da Europa sob o estandarte da Inquisição.
De algum modo, eles imaginam que a igreja "mudou" e entrou em um estado de esclarecimento benigno, totalmente compromissada com a pregação, em promover a paz e realizar obras de caridade. Eles não parecem reconhecer o importante papel que ela exerceu nos eventos mundiais nos últimos cem anos, normalmente por trás dos bastidores, instalando e dirigindo regimes opressores e líderes corruptos em todos os continentes. À medida que percebem a tendência subjacente, eles a imaginam como uma fase temporária, uma consequência não intencional das elevadas aspirações da igreja no longo prazo para todos os povos. Se a igreja governasse sem restrições, eles imaginam, ela estabeleceria os padrões mais elevados, um modelo que o restante do mundo poderia admirar e emular.
Bem, vejamos um exemplo recente de um país que foi governado durante certo tempo pela Igreja Católica Romana, sem virtualmente interferência externa alguma, e totalmente blindado do olhar da opinião pública — a Croácia, no período de 1941-1944.
A Matança Católica Romana na Croácia
O Estado independente da Croácia passou a existir em 10 de abril de 1941, após a invasão da Iugoslávia pelas potências do Eixo. Ele era formado não apenas pelo território original da Croácia, mas também os territórios anexados da Bósnia, Herzegovina e Eslovênia, bem como partes da Sérvia. O novel Estado foi controlado, sob supervisão nazista, pelo Movimento Ustashe, liderado pelo notório Ante Pavelic.
Pavelic foi recebido pelo papa Pio XII em uma audiência privada em Roma, em 18 de maio de 1941. Muitos historiadores consideram esse ato como o reconhecimento de fato, pela Santa Sé, do novo Estado croata. Como supremo ditador da Croácia, Pavelic teve o apoio incondicional de seus concidadãos. Virtualmente sem demora, ele colocou em operação um programa de limpeza étnica, expulsão e conversão forçada para o Catolicismo de todos os sérvios que viviam no território sob seu controle. O objetivo dele era a criação de um Estado croata inteiramente católico romano.
No início de seu programa, o território como um todo incluía 3,3 milhões de croatas católicos romanos, 2,2 milhões de sérvios ortodoxos, uma pequena população de muçulmanos e cerca de 45 mil judeus. Por volta de 1944, todos os judeus tinham sido mortos pela organização Ustashe, ou deportados para os campos de concentração nazistas, enquanto que um grande número de sérvios — homens, mulheres e crianças — foram sistematicamente assassinados. O número total é disputado, pois não existem evidências documentadas confiáveis, porém as estimativas mais rigorosas colocam o número entre 600.000 e 900.000. Um total de 750.000 é frequentemente citado.
Em 1941, Fitzroy Maclean, que fazia a ligação militar britânica com os guerrilheiros anti-Ustashe, escreveu:
Grupos da Ustashe percorriam as zonas rurais com facas, porretes e metralhadoras, matando homens, mulheres e crianças sérvios, profanando as igrejas sérvias, assassinando os sacerdotes sérvios, devastando as aldeias sérvias, torturando, estuprando, queimando e afogando. Matar tornou-se uma obsessão.
Os detalhes daquilo que um comentarista chamou de "orgias de tortura" eram frequentemente tão grotescos, tão repulsivos que são inadequados para inclusão em um ensaio deste tipo.
Quando o papa recebeu Pavelic em maio de 1941, o Vaticano já sabia que ele era um criminoso e psicopata. Ele tinha sido condenado por um tribunal francês pelo assassinato do rei iugoslavo Alexandre e do ministro francês das Relações Exteriores, Barthou, em 1934, e sentenciado à morte. Entretanto, depois que ele escapou das autoridades francesas, Mussolini lhe deu asilo na Itália, em grande parte por deferência ao Vaticano. Em seguida, usando o financiamento recebido, tanto do Vaticano quanto de Mussolini, ele construiu a pavorosa organização Ustashe.
Os próprios nazistas, que gostavam de despachar de forma eficiente suas vítimas, ficaram desconcertados pelo sadismo dos membros da Ustashe, que rotineiramente torturavam e mutilavam suas vítimas aterrorizadas, algumas vezes durante horas, antes de finalmente degolá-las. Apesar da onda de carnificina genocida lançada por Pavelic, o papa se recusou a cortar os laços diplomáticos com o regime Ustashe, e até se reuniu novamente com Pavelic em 1943.
Os bispos católicos da Croácia, chefiados pelo arcebispo Aloysius Stepinac, se reuniram em um sínodo em novembro de 1941, mas se recusaram a condenar o programa de conversão forçada de todos os sérvios ortodoxos, que estava em operação desde meados daquele ano. Eles também não rejeitaram o assassinato sistemático de todos os sérvios que recusavam a conversão. Mas, com o silêncio oficial, eles deram sua aprovação tácita às atrocidades que estavam ocorrendo e ao programa vigente de genocídio, que veio a resultar na morte de cerca de 750.000 pessoas. A maior parte do clero católico da Croácia apoiou fanaticamente Pavelic e seu regime sadista inacreditável. Virtualmente todos os bispos e clérigos sêniores deram seu endosso oral à política de Estado de conversão forçada, enquanto muitos sacerdotes e monges na realidade tiveram um papel ativo e, algumas vezes, até de liderança, na matança. Pavelic chegou a conferir medalhas aos sacerdotes e monges que agiram assim.
Cerca de doze campos de concentração foram criados pela organização Ustashe para facilitar sua campanha de genocídio. De longe, o maior deles foi Jasenovac, que, por um período de cerca de dois anos, foi administrado por um monge franciscano psicopata chamado Miroslave Filipovic. Não há dúvidas que Jasenovac está no mesmo nível que Dachau, Auschwitz e Treblinka, como um dos mais chocantes monumentos na história para a depravação e sadismo humanos. Entretanto, a maioria das pessoas hoje nunca ouviu falar de Jasenovac, principalmente por que a pressão do Vaticano para suprimir o conhecimento de sua existência tem sido muito bem-sucedida.
A Igreja Católica simplesmente não quer que o mundo saiba o que ela fez na Croácia durante o período de 1941-1944. Por exemplo, quando um respeitável historiador irlandês chamado Hubert Butler tentou, durante os anos 1960s, chamar a atenção para o papel proeminente exercido pelo clero católico e pelo Vaticano no genocídio croata, ele foi publicamente vilificado pela hierarquia católica irlandesa e acusado de ser um mentiroso.
O Vaticano Estava Bem Ciente dos Acontecimentos na Croácia
O Vaticano promoveu ativamente o nacionalismo croata, deu reconhecimento a uma Croácia independente, endossou Pavelic e seu regime e aprovou a interpretação croata da história dos Bálcãs. Uma autoridade sênior no Secretariado de Estado do Vaticano, Giovanni Montini, acompanhava os acontecimentos na Croácia e os reportava diariamente ao papa. É uma marca da importância atribuída a essa atividade que o papa a tenha atribuído à estrela nascente Montini — que mais tarde tornou-se o papa Paulo VI. Com tantos clérigos católicos na Croácia, não há dúvida que Montini sabia exatamente o que está acontecendo ali. De acordo com o historiador inglês John Cornwell, Pio XII estava melhor informado da situação na Croácia do que sobre qualquer outra área na Europa (exceto a Itália). Seu legado apostólico, Ramiro Marcone, ida de Zagreb a Roma sempre que desejasse. Além disso, os bispos croatas, alguns dos quais ocupavam assento no Parlamento Croata, se comunicavam livremente com o Vaticano e continuaram a fazer visitas regulares ao papa em Roma.
Depois da guerra, o papa ofereceu refúgio a Pavelic em Roma e até permitiu que ele escapasse para a América do Sul. Ele também elevou Stepinac ao posto de cardeal em 1952, embora ele tivesse sido condenado em um tribunal de justiça por cumplicidade em crimes de guerra sérios. Inacreditavelmente, Stepinac foi beatificado por outro papa — João Paulo II, em 1993. Assim, um homem que exerceu um papel na tortura e matança de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças é considerado "santificado" pelo Vaticano.
Em sua análise da ação realizada pelo papa Pio XII durante este período, Cornwell resumiu o horror como segue:
Um ato de 'limpeza étnica' antes que esse termo repugnante entrasse em voga, aquilo foi uma tentativa de criar uma Croácia católica 'pura' por meio da conversão forçada, deportações e extermínio. Tão pavorosos eram os atos de tortura e assassinato que até os soldados embrutecidos das tropas alemãs registraram seu horror. Até por comparação com o recente derramamento de sangue na Iugoslávia [durante os anos 1990]... a carnificina empreendida por Pavelic contra os sérvios ortodoxos permanece como um dos mais chocantes massacres de civis conhecidos na história.
A situação na Croácia durante o período de 1941 a 1944 era a de uma parceria aberta entre igreja e estado, o tipo de relacionamento mais apreciado pela Igreja Católica em sua longa e sanguinária história. Avro Manhattan, um ex-apresentador da BBC, que era também um especialista na política do Vaticano, captou perfeitamente a amedrontadora realidade que estava por trás disso quando escreveu:
A singularidade do Estado Católico Independente da Croácia está precisamente nisto: que ele forneceu um modelo, em miniatura, do que a Igreja Católica Romana, tivesse ela o poder, gostaria de ver no Ocidente e, de fato em toda a parte." [The Vatican’s Holocaust (O Holocausto do Vaticano), 1986]
O Desdém Continuado de Roma pelo Verdadeiro Cristianismo
Se você acha difícil compreender como o clero católico romano na Croácia pôde participar de um programa de sadismo genocida, ou como o desprezo pelos sérvios ortodoxos pôde ser tão intenso que eles não sentiam repugnância moral ao perpetrarem atos da máxima barbaridade, então considere o documento mostrado no Apêndice. Ele detalha a confissão que os jesuítas exigiam de todos os húngaros que se convertiam do protestantismo no início do século 19. O mesmo espírito tenebroso que inspirou aquele documento desprezível estava por trás do sadismo visto na Croácia, e está vivo no coração da Igreja Católica.
O Modelo Mais Recente do Vaticano para o Controle Global
Examinaremos agora o mais recente documento de política estratégica lançado por um centro de estudos do Vaticano, em que as ambições globais da Igreja Católica Romana são bem evidentes. Ao examinarmos esse documento, tenha em mente que sua linguagem burocrática e pouco eloquente, esconde uma agenda fascista completa. Não vamos encontrar o tipo de linguagem rancorosa e inflamada de Minha Luta, de Adolf Hitler, mas, ao contrário, o jargão calmo e comedido de um documento acadêmico, misturado aqui e ali com platitudes altruísticas.
Inicialmente, o documento apresenta sua filosofia ampla usando termos bastante inócuos, por exemplo:
- "... moldar uma nova visão para o futuro..."
- "... uma eficiente alocação dos recursos disponíveis..."
- "... abraçando a lógica do bem comum global..."
- "... um novo humanismo aberto à transcendência..."
Apesar de suas naturezas nebulosas, essas frases estão carregadas de significado. Por exemplo, a Bíblia já apresenta uma visão para o futuro, então por que o Vaticano está defendendo uma nova? A alocação eficiente dos recursos disponíveis, que o documento também destaca, é uma preocupação fundamental do Marxismo. Observe, em particular, a frase "um novo humanismo". Este é um termo notável para um documento chamado de cristão utilizar, pois o Humanismo é uma filosofia patentemente anticristã. Os três Manifestos Humanistas, de 1933, 1973 e 2003 são virulentamente ateístas tanto em entonação quanto em conteúdo e são radicalmente contrários à aplicação dos valores bíblicos em qualquer aspecto da vida.
Um Governo Mundial
Nosso próximo excerto confirma que há muito tempo o Vaticano busca a criação de uma autoridade política mundial, ou um governo mundial:
Na profética Carta encíclica Pacem in terris, de 1963, ele [o papa João 23] previa que o mundo se ia encaminhando rumo a uma unificação cada vez maior. Portanto, reconhecia o facto de que, na comunidade humana, faltava uma correspondência entre a organização política, 'no plano mundial, e as exigências objectivas do bem comum universal'. Por conseguinte, desejava que um dia se pudesse criar 'uma Autoridade pública mundial'.
Isto prevê e dá as boas-vindas a uma maior unificação mundial, em que os Estados independentes cederão sua soberania a uma autoridade central. O Marxismo tem exatamente o mesmo objetivo. Depois que isto for implementado, toda a autonomia local, regional e nacional desaparecerá e os sete bilhões de habitantes deste planeta ficarão sob o controle completo de uma autoridade central com plenos poderes.
Essa autoridade não será mais "democrática" do que a União Europeia ou a Organização das Nações Unidas (ONU), ambas as quais são controladas, sem que ninguém veja, pela elite ultra-rica que governa este mundo, embora com muitas rivalidades mútuas e dissensões internas. Essas instituições continuarão a ter um verniz de democracia, pois as condições globais prevalecentes requerem que esse tipo de fachada seja mantida por enquanto, mas uma "verdadeira autoridade política mundial" poderia dispensar qualquer aparência de democracia. A Igreja Católica Romana nunca foi democrática de qualquer maneira ou forma, de modo que o aparecimento de uma autoridade global antidemocrática e com plenos poderes seria totalmente consistente com sua filosofia política.
O documento faz então o seguinte comentário:
A Autoridade mundial deveria, por conseguinte, abranger coerentemente todos os povos, numa colaboração na qual eles são chamados a contribuir com o patrimônio das suas virtudes e civilizações.
A proposta "colaboração de todos os povos" durante a criação desse governo mundial utópico tem o objetivo de transmitir a impressão que ele aparecerá somente por meio da operação dos princípios democráticos e do consentimento esclarecido. Que isto não ocorrerá na prática é deixado bem claro pelas etapas subsequentes na estratégia do Vaticano. Por exemplo, o documento depois diz que:
A constituição de uma Autoridade política mundial não pode ser alcançada sem a prévia prática do multilateralismo, não só a nível diplomático, mas também e sobretudo no âmbito dos planos para o desenvolvimento sustentável e para a paz. Não se pode chegar a um Governo mundial a não ser dando expressão política a preexistentes interdependências e cooperações.
Somente patrocinando uma interdependência cada vez maior entre as instituições nacionais e internacionais, bem como a promoção de complexos programas pan-nacionais que contornem os controles locais, poderá a nova entidade proposta, que envolverá o mundo todo, ser trazida à existência. Em outras palavras, ela será imposta de forma incremental e gradual, por meio da expansão das instituições e dos programas internacionais existentes. Como nem uma dessas instituições foi desenvolvida de forma democrática, mas elas foram criadas e moldadas por determinação de poderosos interesses investidos, o emergente sistema do governo mundial será criado e implementado de modo muito similar. Quaisquer que sejam as consultas públicas realizadas, elas serão puramente cosméticas. Portanto, se os sete bilhões de habitantes deste mundo retêm ou não seu consentimento ou expressam objeções, isto será totalmente irrelevante. Eles gradualmente perderão qualquer autonomia e independência que usufruem hoje e serão obrigados a se submeterem a uma autoridade global com plenos poderes.
Dado o modo como os regimes ditatoriais operaram no passado, o caminho para o governo mundial provavelmente será muito reduzido pela criação deliberada de crises globais e internacionais, como o colapso do sistema financeiro internacional e uma grande guerra no Oriente Médio, de modo a suavizar a resistência popular e convencer as massas que o "antigo" sistema não é mais funcional.
Como parte deste processo, o documento do Vaticano contempla um "compromisso para criar alguma forma de gestão monetária global". Este mesmo objetivo também está sendo buscado pela elite ultra-rica, que controla o sistema bancário internacional. Trazendo o sistema existente para a beira da destruição e erradicando a riqueza da classe média, tanto na Europa quanto nos EUA, eles planejam obter amplo apoio popular para um sistema "melhor". Esse sistema melhor, uma moeda internacional controlada por um banco central mundial, corresponde àquilo que o Vaticano chama de "alguma forma de gestão monetária global". Aquilo que a elite global chama de um banco central mundial, o documento do Vaticano chama de "uma Autoridade pública com jurisdição universal". Ele também prevê a supressão das moedas nacionais independentes e sua substituição por uma moeda global:
Deveria ser dedicada uma atenção específica à reforma do sistema monetário internacional e, em particular, ao compromisso por dar vida a algumas formas de controle monetário global, aliás já implícita nos Estatutos do Fundo Monetário Internacional. É evidente que, de certa forma, isto equivale a pôr em questão os sistemas de câmbio existentes, para encontrar modos eficazes de coordenação e supervisão. Trata-se de um processo que deve incluir também os países emergentes e em vias de desenvolvimento ao definir as etapas de uma adaptação gradual dos instrumentos existentes.
A Planejada Dissolução dos Estados-Nações
Em seguida, na causa da "irmandade universal" e "bem comum universal" — termos que aparecem de forma proeminente na agenda social buscada pelos humanistas, marxistas e maçons — o documento do Vaticano passa a atacar o estado-nação:
Os Estados modernos, com o tempo, tornaram-se conjuntos estruturados, concentrando a soberania no âmbito do próprio território. Mas as condições sociais, culturais e políticas mudaram progressivamente. Cresceu a sua interdependência — de tal modo que se tornou natural pensar numa comunidade internacional integrada e regida cada vez mais por um ordenamento partilhado — mas não desapareceu uma forma inferior de nacionalismo, segundo a qual o Estado considera poder obter de modo autárquico o bem dos seus cidadãos.
O nacionalismo não desapareceu e a continuidade de sua existência no nosso mundo moderno parece "ser irreal e anacrônica". (Veja o texto completo aqui.)
Em outras palavras, a não ser que nos desfaçamos dos estados-nações e criemos uma entidade política global unificada, governada por uma autoridade suprema, a única alternativa é a guerra perpétua, "uma perene luta entre eles".
Este tipo de raciocínio é um total absurdo e contradiz os fatos da história. Por exemplo, considere as incontáveis guerras que ocorreram entre países predominantemente católicos! Ou, considere a terrível carnificina provocada pela Igreja de Roma durante a Guerra dos Trinta Anos de modo a manter a Alemanha sob seu controle. Quando se trata de fazer as coisas do seu modo, a Igreja Católica Romana nunca hesitou em recorrer à guerra, ao terror, à tortura, ou aos assassinatos em uma escala terrível. Além disso, a existência de grandes entidades soberanas nunca foi uma garantia de paz dentro das fronteiras. Veja, por exemplo, os incontáveis milhões de chineses executados durante o regime de Mao Tsé-Tung, ou os milhões de cidadãos soviéticos que foram condenados a morrer de fome, ou que foram executados durante o governo de Stalin.
O documento também argumenta que "os tempos para conceber instituições com competência universal chegam quando estão em jogo bens vitais e partilhados por toda a família humana, que os Estados individualmente não são capazes de promover e proteger sozinhos." O controle geral e poderes correspondentes devem ser entregues a instituições com "competência universal". Novamente, este é um raciocínio fraudulento e tortuoso. Não existem "bens vitais" necessários para a "família humana" que os estados-nações individuais não possam fornecer para seus cidadãos, seja por meio das empresas nacionais ou do comércio internacional.
Os autores rejeitam o sistema existente de estados soberanos como "westfaliano", uma óbvia referência à Paz de Vesftália, de 1648, com a qual a Igreja Católica teve de se resignar à existência de diversos estados europeus soberanos fora de seu controle. Ela agora quer "aproveitar a oportunidade de uma integração das respectivas soberanias para o bem comum dos povos" para derrubar os princípios fundamentados pela Paz de Vestfália e colocar todas as nações sob o controle de uma entidade política global.
Se um regime internacional deste tipo algum dia vier a existir, ele será indistinguível dos regimes fascistas do passado. Não há dúvida que a Igreja Católica Romana, com sua tremenda riqueza e o peso dos números, quererá ser membro da liderança, se não a líder máxima, da cabala da elite que exercerá o controle final. Sob essas circunstâncias, aqueles que não forem católicos podem esperar receber em algum estágio a opção "croata": converta-se, ou morra.
Angústia e Sofrimento
O documento passa então a endossar uma proposição muito perturbadora, isto é, que as mudanças previstas — a criação de um governo mundial a partir daquilo que restou dos estados-nações:
Num mundo em vias de rápida globalização, a referência a uma Autoridade mundial torna-se o único horizonte compatível com as novas realidades do nosso tempo e com as necessidades da espécie humana. Mas não se deve esquecer, contudo, que esta passagem, considerando a natureza ferida dos homens, não se realiza sem angústias e sem sofrimentos.
Incrivelmente, os autores reconhecem que, até com grande coerção e intimidação, estresse econômico imposto e intriga internacional, o resultado que eles buscam precisará necessariamente ser precedido por um período de violências e lutas generalizadas!
Depois de fazerem esta revelação alarmante, eles nada mais dizem sobre o assunto. É óbvio, a partir da magnitude do que eles estão propondo, que a "angústia e sofrimento", que eles acreditam que será inevitável, precisará envolver mortes em uma grande escala. É muito revelador sobre a mentalidade dos autores que uma implicação de tão grande seriedade seja tratada de forma superficial em um documento importante de estratégia, como se fosse um mero detalhe.
Uma Distorção Grosseira das Escrituras
Talvez a parte mais perturbadora do documento do Vaticano seja a distorção da própria Bíblia, em particular os versos 1-9 de Gênesis 11. Eis aqui o que ele diz:
A Bíblia, com a narração da Torre de Babel (Gênesis 11:1-9) adverte sobre como a 'diversidade' dos povos se possa transformar em veículo de egoísmo e instrumento de divisão. Na humanidade está muito presente o risco de que os povos acabem por já não se compreenderem e de que as diversidades culturais sejam motivo de contraposições insuperáveis. A imagem da Torre de Babel adverte-nos também que é preciso evitar uma 'unidade' só aparente, na qual não cessam egoísmos e divisões, porque os fundamentos da sociedade não são estáveis. Nos dois casos, Babel é a imagem do que os povos e os indivíduos podem tornar-se, quando não reconhecem a sua intrínseca dignidade transcendente e a sua fraternidade.
O espírito de Babel é a antítese do Espírito de Pentecostes (Atos 2:1-12), do desígnio de Deus para toda a humanidade, isto é, a unidade na diversidade. Só um espírito de concórdia, que supere divisões e conflitos, permitirá que a humanidade seja autenticamente uma única família, chegando a conceber um novo mundo com a constituição de uma Autoridade pública mundial, ao serviço do bem comum.
Qualquer um que conheça a Bíblia a partir de uma perspectiva verdadeiramente escriturística sabe que o relato do Gênesis sobre a Torre de Babel é muito diferente da interpretação distorcida dada aqui pelos autores do documento do Vaticano. Sim, Deus condenou a tentativa de Ninrode e de seus asseclas de criarem um governo mundial centralizado. Mas, Ele fez isso não por que eles deixaram de agir da forma correta. Ao contrário. Ele condenou a iniciativa por que ela era um governo mundial, um sistema centralizado de controle ao qual todas as pessoas daquele tempo tinham de se submeter. Por meio do relato no Gênesis, Deus está nos dizendo que o governo mundial é maligno e que não será tolerado.
É difícil acreditar que, quando os autores do documento do Vaticano finalmente tentam apresentar algum tipo de suporte bíblico à sua posição, que eles façam uma confusão absurda. Qualquer estudioso da Bíblia sabe que o relato da Torre de Babel no Gênesis é uma expressão da total reprovação de Deus à tentativa de Ninrode de criar um sistema de governança global!
Incrivelmente, os autores do Vaticano exibem uma ignorância ainda maior da Bíblia, a Palavra de Deus, quando tentam implicar que a tentativa original fracassou por que os participantes não compreenderam uns aos outros e que as resultantes "diversidades culturais" levaram a conflitos internos. Isto é uma total bobagem! O Senhor amaldiçoou a humanidade com uma multiplicidade de línguas de modo a estorvar qualquer tentativa por parte de um grupo da elite do poder de criar um governo mundial.
O livro do Gênesis deixa bem claro que Deus ODEIA o governo mundial. Não há dúvidas que aquilo que o Vaticano propõe é maligno, que o programa de governo mundial que ele está planejando é satânico em natureza e que levará à série de eventos catastróficos descritos no livro do Apocalipse.
Apêndice
Formulário para Renúncia ao Protestantismo, Hungria, 1823.
Início da confissão:
- Acreditamos e confessamos que fomos trazidos de uma fé e de caminhos heréticos para a verdadeira e salvadora fé dos católicos romanos, pelo cuidado singular do nosso elevado magistério espiritual e temporal, única e totalmente devido à diligência ativa e ajuda dos padres jesuítas, e que nós, do nosso livre arbítrio e sem coação, adotamos a mesma, e desejamos com nossas bocas tornar isto publicamente conhecido de todo o mundo.
- Confessamos que o papa de Roma é o chefe da Igreja e é infalível.
- Confessamos e acreditamos, que o papa de Roma é o vice-regente de Cristo e tem plenos poderes, segundo sua vontade, de perdoar e de reter os pecados dos homens, de lançar no inferno e de excomungar.
- Confessamos que tudo que o papa definiu recentemente, seja das Escrituras ou não, bem como qualquer coisa que ele tenha prescrito, é verdadeiro, piedoso e salvador e que todo homem deve considerar isto em veneração mais alta do que a lei do Deus vivo.
- Confessamos que o santíssimo papa deve ser honrado com todas as honras e, de fato, com a mais profunda reverência, como a que pertence ao próprio Cristo, o Senhor.
- Confessamos e afirmamos que o papa deve ser obedecido por todos, em todos os lugares, como o mais santo Padre; desse modo, todo herético que vive em oposição às instituições do papa, deve ser, sem qualquer exceção e sem qualquer misericórdia, lançado não somente longe da vista de todos pelo fogo, mas corpo e alma no inferno.
- Confessamos que a leitura da Sagrada Escritura é a origem de todas as facções e seitas, e também uma fonte de blasfêmias.
- Confessamos que invocar os santos falecidos, venerar suas imagens sagradas, ajoelhar-se diante delas, realizar procissões para elas, adorná-las, acender vela diantes delas, são atos piedosos, sagrados, úteis e benéficos.
- Confessamos que cada sacerdote é muito maior do que Maria, a própria Mãe de Deus, pois ela trouxe Cristo o Senhor ao mundo somente uma vez, e não o traz mais; porém um sacerdote romano não somente oferece e cria Cristo o Senhor, quando quiser, mas também sempre, mesmo após tê-lo criado, ele o engole inteiro, quando desejar.
- Confessamos que rezar missas para os mortos, distribuir e solicitar esmolas e donativos é útil e benéfico.
- Confessamos que o papa de Roma tem o poder de alterar as Escrituras e, segundo sua vontade, pode fazer acréscimos e remoções delas.
- Confessamos que as almas após a morte são purificadas pelo fogo do Purgatório — e que o oferecimento de missas pelos sacerdotes é a única esperança delas para libertação.
- Confessamos que o uso da Eucaristia com um só elemento é bom e seguro, mas com ambos os elementos é herético e traz condenação.
- Confessamos e acreditamos, que qualquer um que receber a Eucaristia com um só elemento recebe o Cristo todo, tanto corpo e sangue, com sua Divindade e ossos — mas qualquer um que o receba com ambos os elementos, come apenas pão.
- Acreditamos que existem sete verdadeiros e genuínos sacramentos.
- Confessamos que Deus tem prazer nas imagens e é conhecido pelos homens por meio da intervenção delas.
- Confessamos que a Santa Virgem Maria, deve ser considerada, tanto pelos anjos quanto pelos homens, como maior do que Cristo, o próprio Filho de Deus.
- Confessamos que a Santa Virgem Maria é a Rainha dos Céus, e reina junto com o Filho — e que, segundo a vontade dela, o Filho precisa fazer todas as coisas.
- Confessamos que os ossos dos santos possuem grande virtude e, por causa disso, devem ser reverenciados pelos homens e capelas devem ser construídas para eles.
- Confessamos que a fé católica romana é infalível, divina, salvadora, antiga e verdadeira, mas que a fé protestante (que nós renunciamos de todo o coração) é falsa, errônea, blasfema, execrável, herética, perniciosa, sediciosa, ímpia; enquanto que, por outro lado, a religião romana é completa e perfeita em todas as interpretações, sob uma única forma, boa e íntegra. Portanto, execramos todas as outras religiões que os litigiosos e ímpios hereges professam de duas formas [luteranos e calvinistas — editor]. Execramos nossos pais, que nos criaram nessa fé herética, execramos também qualquer um que fez a fé católica romana parecer duvidosa ou suspeita para nós. Da mesma forma, também a Comunhão que ofereceu para nós o cálice execrável. Sim, execramos a nós mesmo e declaramos nós mesmos execráveis, por termos sido participantes daquele cálice herético execrável, do qual não deveríamos ter experimentado.
- Confessamos que a Sagrada Escritura é uma carta imperfeita e morta enquanto não for interpretada pelo papa de Roma e que sua leitura seja permitida a todo leigo.
- Confessamos que uma missa rezada por um sacerdote romano é muito mais benéfica para a alma do que uma centena de sermões dos protestantes. Portanto, execramos todos os livros deles em que essas doutrinas heréticas e blasfemas estão contidas. Execramos todas as boas obras realizadas por nós enquanto vivíamos naquela fé herética, pois elas não nos darão benefício algum diante de Deus no juízo final.
- Tudo isto fazemos de mente sincera e sadia, declarando por uma retratação pública dessa fé herética, na presença de ________, que a Igreja de Roma nos artigos acima mencionados, e em todos os outros, é verdadeira. Além disso, também juramos que, enquanto tivermos sangue em nossas veias, perseguiremos a execrável fé protestante, privadamente e em público, por meio de violência, por meio da fraude, por palavras e por obras, e até pela espada. Finalmente, juramos diante de Deus e dos anjos que nunca, nem por medo ou em troca de favores, renunciaremos a esta nossa mudança, e que nunca mais deixaremos a salvadora e santa Igreja Católica Romana para seguir as doutrinas heréticas e execráveis dos protestantes.
Fim da Confissão.
Fonte: The Christian Examiner and Church of Ireland Magazine, No. XXXVI, junho de 1828, Volume VI, a partir da seção intitulada 'Foreign Religious Intelligence', págs. 454-456.