30/04/2016

Notícias ABR/16

23/04/2016

Em que Sentido a Vontade é Livre?

Por R. K. Mc Gregor Wright. Portal Monergismo.

Os arminianos querem que a vontade seja livre de interferência externa. Frequentemente dizem que, em particular, Deus nunca atropela nosso livre-arbítrio. Essa liberdade das causas externas é suposta para salvaguardar nossa integridade e assegurar nossa responsabilidade. Mas o que se entende por isso — a vontade ser livre de causação?

Muitas vezes esse problema é contornado dizendo-se que a vontade é “autocausada”. Isso não significa que a vontade crie a si própria, mas que seus movimentos de escolher o curso de uma ação sobre outro são automotivados e espontâneos. A vontade é automovida em resposta ao que a mente conhece e pode causar tanto o agir em resposta às influências ou igualmente resistir a elas. A vontade é livre para seguir ou resistir a qualquer que seja a opção que a mente lhe apresente.

O problema mais sério aqui é que essa espécie de espontaneidade é indistinguível do acaso. Precisamos apenas perguntar: “O que faz com que a vontade escolha um caminho e não outro?” Se ela não é causada, ela é puramente acaso. Se ela é causada para agir, então ela não é livre de causação. Não faz diferença para este argumento se a causa é interna para a personalidade ou se a afeta de fora; contudo, visto que os arminianos estão oferecendo o livre-arbítrio como uma categoria de explicação de como os seres humanos funcionam, eles são obrigados a decidir sobre o que eles querem dizer por “livre”. Se eles admitem que as ações da vontade são causadas, eles escorregam para algum tipo de determinismo, mas se eles não admitem que a vontade seja causada, eles ficam num dilema pior, que esboçaremos agora em três partes.

Em primeiro lugar, os eventos do acaso não podem ser a essência do caráter. Quando dizemos que as pessoas possuem um “bom caráter”, queremos dizer que elas são pessoas moralmente assertivas – que elas podem ser confiáveis para fazer o que é certo, mesmo que estejam debaixo de forte influência para fazer o que é errado. Uma pessoa que age ao acaso, cujas decisões morais não podem ser distintas dos eventos meramente fortuitos, não somente possuem um “mau caráter”, não sendo confiáveis, mas de fato podem não possuir um caráter discernível. Uma personalidade totalmente ao acaso seria indistinguível de uma personalidade desintegrada ou insana. Em outras palavras, se a vontade é meramente espontânea em suas ações, caráter algum poderia ser formado. Em segundo, a menos que as ações da vontade estejam diretamente presas ao caráter, como podemos ser considerados responsáveis por nossas ações? Como pode uma pessoa ser considerada responsável por eventos do acaso? Se os atos da vontade não são causados de modo que eles sejam realmente manifestações do caráter, como eles podem ser minhas ações mais do que o resultado do tirar a sorte com uma moeda? O fato é que não podemos ser considerados responsáveis por um evento do acaso, simplesmente porque não exercemos nenhuma influência causal.

Eu posso ser considerado responsável por tirar a sorte com uma moeda, visto que eu provoquei o jogar da moeda, mas eu não posso ser responsável por fazer ela cair de um lado ou de outro. Em outras palavras, a verdadeira ideia de responsabilidade depende da causação. Portanto, a teoria do livre-arbítrio destrói a responsabilidade mais do que a apoia. O caso imaginário que vem a seguir é pertinente. Lord Bertrand Russel viveu como ateu sua vida toda desde os 14 anos de idade, até sua morte, em 1970, aos 98. Com frequência debateu e escreveu contra o cristianismo. Suponha que ele chegue ao juízo final com o seguinte argumento:

Agora, eu percebo que estava errado a respeito de não haver nenhum Deus, mas eu não vejo como tu podes mandar-me para o inferno. Afinal de contas, tu me criaste com um livre-arbítrio e nunca fizeste qualquer esforço para que eu evitasse agir de acordo com os seus ditames. Este livre-arbítrio tem sido sempre autônomo de qualquer causação anterior e de teu controle em particular.

Embora eu tenha pensado frequentemente que talvez fosse melhor se o meu livre-arbítrio tivesse agido de acordo com o meu intelecto, algumas vezes o fez, mas outras não. De fato, ele não parece agir segundo qualquer padrão. Porque ele é uma causa não-causada de minhas ações, ele parece fazer todas as coisas ao acaso, sendo, portanto, imprevisível. Eu não tive nenhum real controle sobre ele, visto que tu o criaste autônomo. Simplesmente eu não sou responsável pelos eventos fortuitos que eu não posso controlar ou prever. Como podes tu enviar-me para o inferno por ações surgidas de um livre-arbítrio que, pelo fato de ele ser livre, não está também sob meu controle?

Deixaremos que os arminianos encontrem a solução para esse problema. Terceiro, a pergunta a ser enfatizada é: Como pode uma vontade puramente espontânea (“automovida”) começar uma ação? Se a vontade é “neutra” e não predeterminada para agir de um modo ou de outro, o que faz com que ela aja? Se ela parte do neutro, como ela pode sair desse estado? Se é dito que a vontade é “induzida” ou “levada” ou “influenciada” para agir, devemos insistir que essas são meramente palavras para diferentes tipos de causação. Somos novamente forçados a enfrentar o problema do que realmente se quer dizer por vontade ser livre de causação. Ou ela age puramente por acaso, ou parece que não o faz de forma alguma. Isso, naturalmente, oblitera completamente a possibilidade de crescimento em santidade, que foi uma preocupação especial dos arminianos posteriores. Há outros problemas associados com o que “influências” realmente significa.

São a persuasão moral e o argumento baseado na razão causas da ação ou da direção da vontade? Alguns evangelistas arminianos seguem Finney na crença de que a vontade pode e deve ser movida à fé em Cristo pelo uso do raciocínio e dos exemplos morais. Portanto, eles fazem uso total das evidências e usam outros argumentos apologéticos para convencer o pecador a crer, arranjando histórias morais e frequentemente emocionais para induzir a vontade à fé. O livre-arbítrio é, aparentemente, ainda capaz de fazer uma escolha livre entre a crença e a incredulidade. Mas se a vontade age porque é convencida pela razão e induzida pela emoção ou pelo exemplo moral, como isso realmente difere de ser causada por um ato ou manipulação exterior?

Se é objetado que ela ainda age livremente quando as evidências lhe são apresentadas (i.e., as persuasões não foram causais), por que as evidências e as razões são ainda necessárias? Seria melhor deixar a vontade autônoma decidir por si mesma, sem ser influenciada por qualquer argumento. De fato, parece que, mesmo o fato de apenas ao ouvirmos um argumento, seria uma ameaça explícita à nossa autonomia, à nossa neutralidade moral. Se eu sou dominado ou empurrado por um argumento, decidindo ir com a correnteza, o empurrão se torna uma causa de minha direção — o argumento causou minha escolha. O fato de que eu cooperei não faz nenhuma diferença para o fato da causação. A Bíblia é clara em muitas passagens que a vontade não é moralmente neutra.

Em Romanos 14:23, Paulo conclui sua explicação sobre a razão pela qual nós sempre devemos agir de acordo com a nossa consciência declarando que “tudo aquilo que não provém da fé é pecado”. Para Paulo, todos os movimentos morais brotam do princípio da fé ou, à revelia, da carne — meros atos da natureza pecaminosa. Portanto, não pode haver tais ações moralmente neutras, incluindo os atos da vontade.

Em Hebreus 11.6, é nos dito, de modo semelhante, que “sem fé é impossível agradar a Deus”, mas isto parece novamente levar à conclusão de que todos os atos humanos são ou não motivados pela fé. Jesus diz no Evangelho de João que qualquer que não crê, “já está condenado”, e que se uma pessoa continua a rejeitar Cristo, “a ira de Deus permanece [continuamente] sobre ele” (3.18,36, ênfase minha). Isto não é o mesmo que dizer que a situação do pecador é neutra até que ele decida por Cristo, mas que ela já está estabelecida — cada pessoa é justificada ou está presentemente debaixo de condenação.

Trecho do livro "Soberania Banida", de R. K. Mc Gregor Wright, Cultura Cristã, pág. 51-54.

21/04/2016

A Declaração de Cambridge e os Cinco Solas da Reforma

Pr. Alessandro Carlos da Rocha. Portal Os Obreiros.

Durante a reforma protestante no século 16 algumas doutrinas que estavam sendo escondidas pela Igreja Católica Romana vieram à tona. Os reformadores lutaram e deram a vida para que a Bíblia fosse exposta de maneira sincera ao povo. Durante esse período revolucionário da nossa história cristã surgiram alguns lemas latinos que resumiam a oposição doutrinária a Igreja Católica.

Mais recentemente, na Aliança de Evangélicos Confessionais em Cambridge, Massachusetts em 20 de abril de 1996, vários líderes e teólogos cristãos se uniram para formular uma declaração doutrinária que ficou conhecida como Declaração de Cambridge. Essa declaração uniu esses lemas que juntos são conhecidos como as 5 solas da reforma. “Sola” significa “somente” e os 5 lemas representam as doutrinas básicas da fé protestante.

Os Cinco Solas da Reforma:

  • Sola Scriptura,
  • Sola Christus,
  • Sola Gratia,
  • Sola Fide,
  • Soli Deo Gloria

SOLA SCRIPTURA: A Erosão da Autoridade

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.

Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.

A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.

Tese 1: Sola Scriptura

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

SOLO CHRISTUS: A Erosão da Fé Centrada em Cristo

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.

Tese 2: Solus Christus

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.

SOLA GRATIA: A Erosão do Evangelho

A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Tese 3: Sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

SOLA FIDE: A Erosão do Artigo Primordial

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.

Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.

Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos a verdade estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.

Tese 4: Sola Fide

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.

SOLI DEO GLORIA: A Erosão do Culto Centrado em Deus

Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Tese 5: Soli Deo Gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.

Fonte: Evangelho Urbano e Declaração de Cambridge

16/04/2016

Master of Puppets - A Hierarquia de Fantoches

Por Israel C.S. Rocha.

Este artigo tende a ser polêmico, mas, na verdade não deveria não fossem as distorções teológicas que acredito terem sido introduzidas século após século nas mentes daqueles que despreocupadamente acreditam que a base doutrinária que creem era compartilhada pela igreja primitiva e os apóstolos, ignorando a História da Igreja que nos ensina que não foi "sempre assim".

Muitos fundamentam sua fé em interpretações contemporâneas das Escrituras ignorando solenemente as outras linhas teológicas sobre o assunto, mesmo que sejam anteriores e até mesmo professadas por cristãos bem menos apóstatas do que, em geral, somos hoje.

Fui ensinado assim, morrerei crendo assim. - dizem.

Acatam-se como verdades absolutas 'evoluções teológicas' não ensinadas pelos apóstolos e que surgiram em momentos de decadência espiritual, como o arminianismo e sua crença iluminista e antropocêntrica no livre-arbítrio. Mas, este não é o tema deste artigo, mas sim, a grande ilusão, que chamo de hierarquia de fantoches, precisamente orquestrada para que tenham um só intento:

Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta. (Apocalipse 17:13)

A base da Hierarquia

A base da hierarquia é composta por uma massa amorfa de manobra, que vai onde lhe é dito para ir, que compra aquilo que lhe é dito para comprar, que crê numa bondade natural e universal de tudo, que nega a Deus e confia no homem, que o idolatra quando ele lhe trás algum prazer, diversão ou vantagem. Estão completamente adormecidos, anestesiados e profundamente conectados à "Matrix" espiritual", a grande ilusão: a evolução, organização e prosperidade de um mundo sem Deus.

Realmente acreditamos que o presidente A ou B dará jeito na nação. Realmente confiamos nossa esperança na carne, mesmo sabendo que tais políticos são um espelho de nossa sociedade, um retrato fiel do que realmente somos quando temos a oportunidade de ser associada à certeza de que jamais seremos pegos. Fantoches!

O segundo nível da Hierarquia

A base da hierarquia é controlada pelo segundo nível da hierarquia composta por professores-doutrinadores, marqueteiros, políticos e pela mídia. São fantoches controlando outros fantoches, fazendo-os tropeçar e seguir a agenda abortista, gayzista, pedófila, bestial, transgênera, aprofundando as raízes da diabólica "Thelema crowleiana":

Fazes o que queres, isto há de ser toda a Lei. - É o princípio luciferiano e basilar da Thelema.

Como se realmente fosse o desejo das massas aceitar tais agendas, mas sim, o resultado de décadas de doutrinação satanista que começa desde a tenra idade nas escolas e por meio de bandas de música, filmes e programas televisivos.

O terceiro nível da Hierarquia

Esquerda e direita almoçam juntas enquanto fazem alianças e trocam cargos e favores. Comunistas vs. capitalistas? Aliados vs. Nazistas? Não! Os lados "antagônicos" servem para criar a ilusão de escolha e esperança, quando na verdade cooperam conjuntamente para o real objetivo de ambos: concentrar poder e riquezas. O poder de matar, inclusive. São reis que receberam poder e o entregarão integralmente ao governo mundial, a Besta revelada no livro de Apocalipse.

E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta. Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis. (Apocalipse 17:12-14).

São os poderosos que acreditam decidir o futuro do mundo pela especulação que o poder financeiro lhes concede. São os que começam as guerras e as terminam com cumprimentos cordiais e civilizadas assinaturas de tratados de paz e rendição. São os que lucram financiando ambos lados da guerra ou com a fome e desgraça de certos povos. São os que definem as estratégias, que criam as agendas ocultas e belas histórias para persuadirem, pela extenuante repetição, as massas, incutindo nas mentes a perversão de valores outrora inimagináveis.

A visão da estátua de Nabucodonosor (Daniel capítulo 2), revela-nos uma sucessão de reinos, começando por:

  • Babilônia;
  • Medo-Pérsia;
  • Grécia; e
  • Roma.

A cabeça de ouro reflete a glória do império babilônico e os pés de barro e ferro refletem, pela essência de dois elementos que não se misturam, a bipolarização artificialmente forjada para criar a ilusão de escolha e esperança. A bipolaridade das forças "antagônicas", mas que almoçam juntas para decidir o futuro do mundo e que se alternam no poder, cooperam para o avanço de seus objetivos e agendas comuns.

Assim foi com a "agenda gay" e, infelizmente, caminha para também ser com a pedofilia e bestialidade. Yuri Bezmenov, dissidente da KGB, afirma o que a Bíblia corrobora:

O indivíduo moralmente corrompido é facilmente controlável e destrutível tornando-se incapaz de enxergar uma verdade ainda que lhe sejam mostradas todas as provas.

O quarto nível da Hierarquia

E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. (Mateus 4:9)

Quando o diabo tentou a Jesus, mostrando-lhe toda a glória e os inenarráveis prazeres dos reinos da Terra e lhos ofereceu, ele não estava blefando. De fato, o mundo é controlado por ele. Uma hierarquia de fantoches de Satanás.

Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno. (1 João 5:19)

Ele é a força motriz das hordas de fantoches e demônios que militam, dia após dia, para a destruição do evangelho, dos judeus, da família e do mundo. Levando a humanidade para o obscuro caminho que conduz à perdição eterna, ao pranto e ranger de dentes. Fantoches de satanás, incapazes de enxergar o que lhes espera logo a frente, por estarem entorpecidos e embriagados pelo poder que detém na hierarquia. Avançam cegamente para um triste fim longe de Deus.

O quinto nível da Hierarquia

Na visão da estátua de Nabucodonosor, uma pedra "cortada, sem auxílio de mão, (...) feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou" (Daniel 2:34). E essa Pedra - uma referência simbólica a Jesus - "se tornou grande monte, e encheu toda a terra" (Daniel 2:35).

Breve Jesus Cristo voltará e esmiuçará os reinos da terra que jazem nas mãos de Satanás. Jesus é o Senhor do mundo, Reis dos reis e Senhor dos senhores e disto depreendo uma conclusão que para mim parece óbvia: o diabo também é um fantoche e o é nas mãos de Deus. Foi criado por Ele para um propósito: revelar os filhos de Deus e os filhos das Trevas.

Ou achas mesmo que Lúcifer surpreendeu a Deus em sua rebelião? Ou a onisciência e onipotência de Deus criou um ser exatamente para ser o que foi criado para ser, segundo um propósito específico?

Sigo crendo no que vejo como revelação da Bíblia: aprouve a Deus fazer desta forma. Aprouve a Deus glorificar a Jesus acima de tudo e todos por meio de seu sacrifício na Cruz e sua gloriosa ressurreição. Aprouve ainda ao Senhor revelar-nos como filhos de Deus por adoção em Jesus Cristo, redimidos pelo Precioso Sangue de nosso Salvador.

Um plano de salvação concebido para ser exatamente como foi e não arquitetado de segunda mão após o pecado de Adão. A Árvore do bem e do mal foi colocada no Éden assim como Lúcifer foi colocado para iluminar o trono de Deus, não por acaso, não por descaso, mas para cumprir o firme propósito de Deus e tudo aquilo que determinou antes mesmo de o mundo existir.

Fantoches de fantoches é o que somos sem Cristo. Nele somos filhos de Deus, livres para não mais pecar, livres para enxergar a verdade, estando no mundo, mas não pertencendo a ele. Perdoe-me se magoei seu ego e feri seu pretenso livre-arbítrio, mas não fosse o fiel Plano da Salvação, seriam os filhos de Deus também meros fantoches de Satanás, condenados ao fogo do Inferno, que é para onde nosso livre-arbítrio nos conduz e para onde merecemos ir.

Como Paulo nos ensina:

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,

Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, Que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência;

Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade;

Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória. (...)

Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus, Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos. (Trechos do capítulo 1 da carta paulina aos Efésios)

Tudo foi feito por Jesus e para Jesus, segundo o beneplácito da Vontade de Deus, que opera ativamente todas as coisas:

Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. (Filipenses 2:13)

Não se escandalize com o fato de Deus ter criado o diabo, quem o poderia ter criado? E nem que ele foi feito com o firme propósito de ser o que é: a antítese de Jesus, a essência do mundo sem Cristo, o revelador dos filhos de Deus e das Trevas e o "acusador" de todos no Tribunal de Cristo.

Confie em Deus e não em homens-fantoche, confie na vontade de Deus e não na sua vontade manipulada, domada e entorpecida. Jesus vem, mas antes da pedra esmiuçar seus reinos, ainda haverá muita dor, sangue e engano, o mundo amargará a triste realidade da escolha que foram compelidos a fazer: a rebelião contra Deus e negação de Seu Filho Jesus. Oremos, para que o Espírito Santo nos ajude a suportar e a despertar àqueles que dormem. Maranata!

10/04/2016

Nazi Breaking Bad

Por Israel C. S. Rocha.

James Holland historiador da Segunda Guerra Mundial revela no Documentário "Nazi Secret Files: Nazi on Drugs" como o Crystal Meth tornou possível as Blitzkrieg e quase levaram os nazistas a conquistar o mundo. As metanfetaminas, como as do seriado Breaking Bad, transformaram os jovens alemães em super soldados capazes de marcharem por dias sem dormir e sem se cansarem.

A droga tinha o nome fantasia Pervitin e se popularizou na Alemanha pouco antes da guerra, por volta de 1937-1938, vendida por uma empresa farmacêutica como a solução para a depressão e a fadiga. "Estás triste? Tome um Pervitin", diziam eles.

Logo o Estado-Maior de Hitler perceberia e provaria nos campos de batalha o potencial do Pervitin para criar soldados a prova de cansaço e medo, além de um efeito colateral inesperado porém surpreendentemente "bom": a droga suprimia qualquer empatia e compaixão dos soldados, tornando-os máquinas assassinas incansáveis e sem qualquer misericórdia.

Frasco de Pervitin - a milagrosa droga da II GM.

Mesmo a alegada supremacia ariana pregada pelo Partido Nazista não poderia explicar os tanques que se moviam por três dias ininterruptamente e soldados que não perdiam a precisão de tiro mesmo após dias a fio de batalha intensa. Os Aliados desconfiavam do uso de drogas, mas, a certeza só veio quando um avião de combate alemão foi abatido e nos destroços encontraram uma bolsa contendo um frasco com uma substância, que os cientistas britânicos não puderam identificar. A substância, segundo Holland era o Crystal Meth.

"Isto muda a forma como entendemos a Segunda Guerra" - afirma Holland. A droga mudou as estratégias de combate, pois, eventos dantes impossíveis se materializaram em avanços sem precedentes da infantaria nazista. A droga estava não só nos campos de batalha, mas também no alto escalão de comando, ditando as decisões dos senhores da guerra nazistas inflando-os da megalomania que custou a vida de incontáveis vidas.

Campo de Concentração de Dachau quando já ocupado pelos Aliados.

Adolf Hitler, recebia injeções diárias de Pervitin como parte do tratamento de seu transtorno bipolar. Sem elas, segundo o historiador, Hitler não conseguia sair da cama durante suas longas crises de depressão. Pensar que muitas decisões foram tomadas por militares entorpecidos por metanfetaminas é assustador. A droga os fazia ter a certeza que a vitória era certa, a despeito de qualquer ameaça palpável.

Mas, o uso contínuo da droga, em média uma pílula a cada 8h, levou muitos soldados a episódios de alucinação e psicose. Em uma batalha contra os russos, soldados nazistas descarregaram toda sua munição em alvos imaginários e, quando o real confronto aconteceu, foram capturados pelos russos completamente indefesos. Na fragorosa derrota que Hitler sofreu nas mãos de Stálin em Stalingrado, os soldados em recuada tomaram altas doses de Pervitin para resistir à dor excruciante do implacável inverno russo. A droga suprimiu a dor a ponto de não perceberem a necrose completa das extremidades de seus membros.

Invasão da Normandia - Dia D.

Os Aliados também se renderam às metanfetaminas como diferencial nos campos de batalha. Cientistas britânicos desenvolveram a Benzendrina, comumente chamada de "bennies". As tropas que desembarcaram na Normandia no Dia D, o fizeram drogados sob o embalo encorajador da Benzendrina. A droga milagrosa talvez explique o avanço destemido dos soldados mesmo sob pesado fogo inimigo.

A História descoberta por Holland é realmente curiosa e esclarece muita coisa, como a crueldade implacável dos nazistas e a megalomania dos construtores do III Reich. Explica o incrivelmente rápido avanço da tropas nazistas nas blitzkrieg e como podiam lutar por tantos dias sem se cansarem. Explica o entusiasmo quase demoníaco dos inflamados discursos de Hitler e sua "Kampf" contra os judeus, Deus e o mundo. Um "nóia" quase conquistou o mundo, um "nóia" drogado por metanfetamina quase subjugou toda a terra e muitos ainda defendem sua luta. Nada justifica uma guerra, mas muita coisa a explica como interesses escusos, escravidão pela obsessão de poder e agora, a megalomania "Breaking Bad" embalada pelo "Crystal Meth".

09/04/2016

A Conversão de Saulo de Tarso

Por Charles Haddon Spurgeon. Portal Projeto Spurgeon.
Sermão pregado na manhã de Domingo 27 de Junho de 1858 no Music Hall, Royal Surrey Garden, Londres.

E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões. (Atos 26:14).

Quão maravilhosa é a complacência que levou o Salvador a fixar os olhos em um ser desprezível como Saulo! Entronizado nos altos céus, em meio às melodias eternas dos remidos e de todas as hostes angélicas, é estranho que o Salvador se inclinasse de Sua dignidade para falar com um perseguidor. Ocupado como está, tanto de dia como de noite, em argumentar a causa de Sua própria Igreja diante do trono de Seu Pai, unicamente a benignidade o levou, por assim dizer, a suspender Sua intercessão para falar pessoalmente com alguém que havia jurado ser Seu inimigo. E, que graça admirável moveu o coração do Salvador para buscar um homem como Saulo, que havia proferido ameaças contra Sua igreja!

Não havia Saulo colocado homens e mulheres em prisões? Não havia ele forçado os cristãos a blasfemarem o nome de Jesus em cada sinagoga? E agora o próprio Jesus intervém para que Saulo caia na razão! Ah, se tivesse sido uma faísca que voasse em sua pressa para alcançar o coração do homem, não nos surpreenderíamos. Oh! se os lábios franzidos do Salvador tivessem pronunciado uma maldição, não nos assombraríamos. Por acaso Ele mesmo não havia amaldiçoado em vida o perseguidor? Não havia dito: “Qualquer que fizer tropeçar uns destes pequeninos que creem em mim, melhor seria que amarasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado nas profundezas do mar”?

Mas, o homem que foi amaldiçoado com essas palavras, seria abençoado pelo mesmo que havia perseguido; e ainda que suas mãos estivessem manchadas com sangue, e levava a permissão em suas mãos para encerrar os outros nas prisões, e ainda que havia cuidado das roupas daqueles que apedrejaram Estevão, apesar de tudo isso, o Senhor, o Rei do céu, dignou-se de falar pessoalmente dos mais altos céus para levá-lo a sentir a necessidade de um Salvador, e para fazê-lo participante da fé preciosa.

Eu afirmo que esta é uma maravilhosa condescendência e uma graça incomparável. Mas, amados, quando recordamos o caráter do Salvador, não deveríamos ficar surpresos que Ele fez isso, pois fez coisas maiores. Acaso Ele não abandonou os tronos estrelados do céu, e desceu a terra para sofrer, sangrar e morrer? Quando penso no casebre de Belém, no cruel jardim do Getsêmani, e no mais vergonhoso Calvário, não me surpreende que o Salvador faça qualquer ato de graça ou condescendência. Havendo feito isto, o que poderia ser maior? Se Ele desceu do céu até a morada dos mortos e ressuscitou, que maior benevolência poderia realizar? Se Seu próprio trono permaneceu vazio, se Ele despojou-se de Sua própria coroa, se Sua Deidade devia ser revelada pela carne, e os esplendores de Sua Deidade foram vestidos com os trapos da humanidade, o que nos surpreende, pergunto, que Ele tenha consentido em falar com Saulo de Tarso, para atrair seu coração a Ele?

Amados, alguns de nós não estamos surpresos, tão pouco, pois ainda que não recebemos maior graça que o próprio Apóstolo, tão pouco temos recebido menor graça que ele. O Salvador não falou conosco do céu com uma voz audível, mas falou com uma voz que nossa consciência escutou. Não estávamos sedentos de sangue, pode até ser, contra os Seus filhos, mas havíamos cometido pecados atrozes e sombrios.

Contudo, Ele nos chamou. Não se contentou em cortejar-nos, nem nos ameaçar, nem se contentou em enviar Seus ministros para que nos dessem Sua palavra de advertência sobre nossos deveres, mas Ele mesmo quis vir até nós. E vocês e eu, amados, que temos experimentado esta graça, podemos dizer que foi um amor incomparável o que salvou Paulo, mas não um amor único; pois Ele também nos salvou, e nos tem feito participantes da mesma graça.

Hoje tenho a intenção de dirigir-me especialmente aqueles que “não têm temor” do Senhor Jesus Cristo, mas que ao contrário, se opõem a Ele. Estou muito seguro que não há ninguém aqui que chegue ao ponto de desejar reviver a velha perseguição da igreja. Não creio que há algum, independentemente de quanto possa odiar a religião, que deseje ver outra vez a fogueira de Smithfield, com sua pira consumindo os santos. Pode haver alguns que nos odeiam com igual intensidade, mas ainda assim, não daquela maneira; o sentido comum de nossa época se opõe a forca, a espada e o calabouço. Os filhos de Deus, pelo menos neste país, estão livres de qualquer perseguição política desse tipo; mas é altamente provável que haja algumas pessoas aqui presentes, que fazem todo o possível, e se esforçam ao máximo para provocar a ira do Senhor, opondo-se a Sua causa. Talvez vocês possam se reconhecer se eu descrever. Raras vezes vêm à casa de Deus; de fato sentem desprezo por todas as reuniões dos justos; tem um conceito que todos os santos são uns hipócritas, que todos que professam a fé são falsos, e não se envergonham de falar isso. No entanto, tem uma esposa, e essa esposa sente-se impressionada pelas vozes do ministério; ela adora a casa de Deus, e só Deus e seu coração sabem quanta dor e quanta agonia mental tem causado a ela. Quantas vezes têm zombado e feito piada com ela por causa de sua profissão de fé! Não podem negar que se tornou uma mulher melhor por sua fé; se veem obrigados a confessar que ainda que ela não possa acompanhá-los em todas as suas diversões e jogos, até onde é possível, é uma esposa amorosa e afetiva com eles. Se alguém pretendesse encontrar falhas, vocês defenderiam seu caráter com hombridade; mas odeiam sua religião e recentemente ameaçaram-na trancá-la em casa no dia de Domingo. Dizem que é impossível morarem juntos na mesma casa se ela visita a Casa de Deus. Eles também têm uma filha pequena; não se opuseram que a menina participasse da escola dominical, pois isso colocava ela fora de casa no dia de Domingo, para fumarem seu cachimbo; diziam que não queriam que seus filhos os molestassem, e portanto se alegravam de enviá-los para escola dominical; mas o coração dessa garotinha foi tocado, e não podem evitar comprovar que a religião de Cristo está em seu coração, e disso não gostam de modo algum. Amam a menina, mas dariam qualquer coisa para que essa menina não fosse o que é; fariam tudo para apagar qualquer faísca de religião nela.

Talvez posso descrevê-los com outro caso. Você é um patrão. Ocupa uma posição respeitável. Tem muitos homens sob seu cargo, e não pode suportar que algum deles faça uma profissão de religião. Outros patrões que você conhece têm dito a seus homens: “Faça como quiser, contanto que seja um bom servo, não me interessam suas convicções religiosas.” Mas, talvez, você seja o oposto; ainda que não mandasse embora alguém por causa de sua religião, de vez em quando faz de seu obreiro objeto de seu escárnio, e se descobre alguma pequena falha nele diz: “Ah! Isso é culpa da tua religião. Eu suponho que você aprendeu isso na Igreja”. E afliges a alma do pobre homem, enquanto ele se esforça o máximo possível para cumprir seus deveres para contigo.

Ou talvez você seja um jovem empregado de um armazém ou oficina, e um de seus colegas recentemente se entregou a religião, e se você o encontra orando de joelhos, como você se diverte com ele, não é certo? Você e outros amigos se juntam como uma matilha de cães atrás de uma pobre lebre, e sendo ele uma pessoa bem mais tímida, talvez não responda nada, ou se fala, as lágrimas correm pelos seus olhos, porque feriram seu espírito.

Agora, este é exatamente o mesmo espírito que acendeu as brasas de antigamente (fogueira de Smithfield). Que torturou o santo sobre a ponte do tormento. Que picou seu corpo e o enviou errante, vestido com peles de ovelhas e com peles de cabras. Se não descrevi com precisão seu caráter ainda, poderia fazê-lo antes de haver concluído. Desejo dirigir-me em particular à aqueles que, de palavra ou de obra ou de qualquer outra maneira, perseguem os filhos de Deus; ou se não gostam de uma palavra tão dura como “perseguir”, então que se ria deles, que se lhes oponham, e que se esforcem para pôr fim a boa obra que está se desenvolvendo em seus corações.

Em nome de Cristo, em primeiro lugar, vou lhes fazer a pergunta: “Saulo, Saulo, por que você me persegues?” Em segundo lugar, em nome de Cristo, vou repreendê-los: “Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões;” e logo, se Deus abençoar o que é dito para comover os corações, pode ser que o Senhor lhes dê algumas palavras de consolo, como fez com o apóstolo Paulo, quando lhe disse: “Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda.”

“Saulo, Saulo, por que tu me persegues?”

I. Então, em primeiro lugar, vamos considerar a pergunta que Jesus fez a Saulo desde o Céu, tem sido feita para cada um de vocês hoje.

Primeiro, notem que pessoal foi à pergunta: “Saulo, Saulo, por que tu me persegues?”. Quando eu lhes prego, estou obrigado a dirigir-me a todos vocês como uma assembleia. Não é possível que eu, exceto em raras exceções, me dirija a alguém em particular, e que descreva seu caráter, ainda que debaixo da mão do Espírito, isso até pode acontecer às vezes; mas no geral, estou obrigado a descrever o caráter como um todo, e tratar com ele em grupo. Mas não sucede assim com nosso Senhor. Ele não disse do céu: “Saulo, por que a sinagoga me persegue? Por que os judeus odeiam minha religião?” Não. Foi mais pessoal que isso: “Saulo, Saulo, por que você me persegues?” Se houvesse sido feita em termos gerais, desviaria o coração do apóstolo; seria como uma flecha que não atingiu seu alvo, tocando apenas a pele do homem cujo coração queria acertar. Mas quando ouviu pessoalmente: “por que você está me perseguindo?” não havia forma de escapar-se dela. Peço ao Senhor que faça pessoalmente essa pergunta a alguns de vocês.

Há muitas pessoas aqui presentes que tem experimentado uma ministração pessoal em suas almas. Por acaso não recorda, querido irmão em Cristo, quando foi a primeira vez que seu coração se compungiu, quão pessoal foi o pregador? Eu o recordo muito bem. Parecia-me que eu era a única pessoa em toda a capela, como se uma parede negra me rodeasse e eu estivesse trancado ali com o pregador, algo semelhante aos prisioneiros na penitenciária, quando cada um se senta em um cubículo e não pode ver ninguém, mas somente o capelão. Eu pensei que tudo o que ele dizia era dirigido para mim; estava persuadido que alguém conhecia meu caráter, e o havia descrito ao pregador e lhe havia contado tudo, e que me havia escolhido pessoalmente. Vamos, pensei que havia fixado seus olhos em mim, e tenho razões para crer que assim o fez, mas, ainda assim, ele disse que não sabia nada de mim. Oh, que os homens ouvissem a palavra pregada, e que Deus os abençoasse de tal maneira enquanto eles ouvem, que eles sentissem que a palavra tem uma aplicação pessoal para seus corações.

Mas note novamente, o apóstolo havia recebido somente alguma informação sobre os perseguidos. Se lhe houvesse perguntado a quem perseguia, haveria respondido “alguns pobres pescadores, que estão proclamando um impostor. Tenho a determinação de repreendê-los. Por que, quem são eles? São os mais pobres do mundo. A própria escória e desperdício da sociedade. Se fossem príncipes ou reis, talvez permitissem conservar suas opiniões; mas estes pobres, miseráveis e ignorantes indivíduos, eu não sei por que eles ainda são autorizados a continuar com suas paixões. Devem ser perseguidos. Mas ainda, a maioria dos que estive perseguindo são mulheres: umas pobres criaturas ignorantes. Que direito tem essas pessoas de pôr seus critérios acima do juízo dos sacerdotes? Elas não tem direito para uma opinião própria, e por tanto é muito correto que eu os desvie de seus tolos erros.”

Mas vejam sob uma luz diferente a pergunta de Jesus. Ele não pergunta: “Saulo, Saulo, por que perseguistes a Estevão?” Ou, “por que está a ponto de encerrar na prisão as pessoas de Damasco?” Não. “Saulo, Saulo, por que você está me perseguindo?” Alguma vez você já pensou sobre este assunto dessa nova luz? Vocês tem um pobre homem que lhes presta serviço, usando roupas humildes. Ele é “zé ninguém”. Poderiam rir dele. Não o saudariam, ou se o fizessem, não seriam obrigados a dar explicações, pois ele é um ninguém. Não se atreveriam rir assim de um duque ou de um conde. Cuidariam muito do seu comportamento se estivessem na companhia de gente nobre; mas devido este ser um homem pobre, se sentem com liberdade para rir de sua religião. Aquele indivíduo que se veste simples e humildemente é Jesus Cristo mesmo! Como o fizerem para um de Seus pequeninos, o têm feito a Ele. Se já lhes ocorreu alguma vez o pensamento de que quando riem de alguém, que não estão rindo dessa pessoa, mas sim de seu Senhor? Se você já pensou ou não, é uma grande verdade, que Jesus Cristo recebe todas as injúrias que são feitas a Seu povo, como se fossem feitas contra Ele mesmo.

Você não deixou sua esposa entrar em casa outra noite porque ela frequenta a casa de Deus, não é certo? Quando estava ali trancada fora, tremendo pelo ar frio da meia-noite, suplicando que a deixasse entrar, se teus olhos estivessem muito abertos, teriam visto o Senhor da vida e glória tremendo ali, e poderia te falar: “Saulo, Saulo, por que você está me perseguindo?” E então teria compreendido que é um pecado muito mais grave do que você imaginou que era. Você riu da menina outro dia porque cantava um hino simples e evidentemente o cantava do fundo do coração. Você sabia – ou se não sabia, saiba agora – que você estava rindo de Cristo? Sabia que quando se divertia com ela, você estava zombando de seu Senhor, e que Jesus Cristo registrou esse riso em Seu grande livro, como uma ofensa feita à Sua pessoa? “Por que me persegues?” Se pudesse ver Cristo entronizado no céu, reinando ali nos esplendores de Sua majestade, riria DEle? Se pudesse vê-lo sentado em Seu grandioso trono vindo para julgar o mundo, você riria DEle? Oh, assim como todos os rios vão para o mar, assim todos as pessoas das igrejas que sofrem, correm para Cristo. Se as nuvens estão cheias de chuva, derramam-se sobre a terra; e se o coração do cristão está cheio de dores ele se inclina no peito de Jesus, Jesus é o grandioso depósito de todas as aflições de Seu povo, e quando você ri de Seu povo, ajuda a preencher esse depósito até a borda; e um dia explodirá na fúria de seu poder e as águas te levarão, e o fundamento de areia na qual sua casa está construída cederá, e logo, o que você fará quando estiver diante do rosto Daquele que você tem escarnecido, e cujo nome tem depreciado?

Vamos fazer a pergunta de outra perspectiva. Que é muito razoável, e requer uma resposta. “Saulo, Saulo, por que tu me persegues?”. “Saulo” o Mestre poderia ter dito, “o que eu fiz que te machucou? Quando Eu estavas na terra, disse alguma palavra contra teu caráter, estraguei sua reputação, feri sua pessoa, alguma vez te afligi, disse alguma palavra contra ti? Que dano te causei? Por que tem tanto rancor contra Mim? Se tivesse sido seu pior inimigo, e cuspido em tua face, não poderia estar mais zangado comigo do que agora. Mas, por que estarias irado com alguém que não te fez nenhum dano, que não tem te causado nenhum desgosto?” “Oh, por que me persegues? Talvez haja algo em meu caráter que mereça? Não fui puro, e santo, e diferente dos pecadores? Não andei fazendo o bem? Ressuscitei os mortos, sarei os leprosos. Dei de comer aos famintos. Vesti os desnudos. Por qual de todas estas obras me odeia? Por que me persegues?”

A pergunta está igualmente dirigida a você no dia de hoje. Ah, homem, por que persegue a Cristo? Ele te faz a pergunta. Que mal lhes tem feito? Cristo o despojou alguma vez, o roubou, te feriu de alguma maneira? Será que Seu evangelho o deixou desamparado, de algum modo, sem o conforto da vida ou lhe causou algum dano? Você não ousaria dizer isso. Se fosse o mormonismo de Joseph Smith, não me surpreenderia que o perseguisse, ainda que não tenha o direito de fazer isso. Se fosse um sistema imundo e lascivo que minasse os fundamentos da sociedade, poderia considerar o direito de persegui-lo. Mas, ensinou Cristo alguma vez a seus discípulos que o roubassem, que o enganassem, ou que lhe maldissessem?

Será que Sua doutrina não ensina precisamente o oposto, e eles não são os seus seguidores, quando são fiéis a seu Senhor e a eles mesmos, exatamente o contrário disso? Por que odiar um homem que não lhe fez mal algum? Por que odiar uma religião que não interfere contigo? Se você mesmo não segue a Cristo, em que o afeta se os outros seguem? Você diz que afeta sua família; mostra-me amigo. Tem afetado sua esposa? Por acaso ela o ama menos do que antes? Ou é menos obediente? Você não ousaria dizer isso. Tem afetado seu filho? Ele é menos reverente contigo porque agora teme a Deus? É menos amoroso com você porque ama a Seu Redentor mais do que ninguém? Como Cristo tem lhe causado algum dano? Ele tem lhes alimentado com as misericórdias de Sua providência. As roupas que o vestem hoje são o dom de Sua generosidade. Ele tem preservado o ar que vocês respiram e, vocês o maldizem por isso?

Não foi recentemente que um anjo vingador tomou o machado para cortar a figueira e Deus disse: “Corte-a, para que inutilize também a terra?” E veio Jesus e segurou o braço do anjo e disse: “Deixa-a, deixa-a ainda este ano, até que eu cave ao redor dela, e a salve. ”Ele salvou tua vida, e você O amaldiçoa por isso. Você blasfema contra Ele porque Ele salvou tua vida, e gasta sua respiração que é uma dádiva Dele, maldizendo o Deus que tem lhe dado o fôlego da vida. Não tem ideia de quantos perigos Cristo o guardou em Sua providência. Não poderia calcular as inumeráveis misericórdias que são derramadas em seu regaço a cada momento, mas você não vê. E, contudo, maldizes o Salvador por misericórdias infinitas, pela graça que tua iniquidade não poderia deter, por um amor que não pode ser vencido por injúrias. Por tudo isso você o maldiz? Quanta vã ingratidão! De verdade você tem odiado e perseguido ao Senhor, ainda que Ele tenha te amado, e não te acusou de nenhum dano.

Agora, permitam-me apresentar uma vez mais um quadro do Senhor, creio que nunca, nunca o perseguiriam outra vez, se só pudessem ver. Oh, se só vissem ao Senhor Jesus, lhe amariam. Se só conhecessem Seu valor, não poderiam odiá-lo! Ele foi mais belo que todos os filhos dos homens. A persuasão morava em Seus lábios, como se todas as abelhas da eloquência trouxessem seu mel ai, e fizessem de Sua boca um favo de mel. Ele falou e falou de tal maneira falou que se um leão pudesse escutá-lo, teria se deitado e lamberia Seus pés. Oh! Quão amável Ele foi em Sua ternura! Lembrem-se da Sua oração quando os pregos atravessavam suas mãos: “Pai, perdoa-os.” Ao longo de toda Sua vida nunca lhe ouviram dizer sequer uma palavra contra aqueles que o perseguiam. Ele foi insultado, mas não devolveu a injúria. Mesmo quando foi levado como ovelha ao matadouro, ficou calado diante de Seus tosquiadores, e não abriu Sua boca. Embora tenha sido mais belo que todos os filhos dos homens, tanto em Sua pessoa como em Seu caráter, no entanto, foi Varão de Dores. A aflição lavrou Seu rosto com seus mais profundos sulcos. Suas bochechas afundaram por causa de Sua agonia. Ele jejuava muitos dias, e sempre sofria de sede. Trabalhava arduamente de manhã até a noite: depois passava a noite inteira em oração; e logo se levantava de novo para trabalhar – e tudo isso sem receber recompensa – sem esperar ou obter alguma coisa de ninguém. Não tinha uma casa, nem abrigo, nem ouro, nem prata. “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas Ele, o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”.

Ele foi um homem perseguido, levado por Seus inimigos de um lugar para outro, sem algum amigo para ajudá-lo. Oh, se o tivessem visto; se tivessem visto Sua beleza e Sua miséria unidas, se tivessem visto Sua amabilidade frente a crueldade de Seus inimigos, seus corações se derreteriam. Vocês teriam dito: “Não, Jesus, eu não posso te persegui-lo! Não, me ponho entre Ti e a luz queimante do Sol. Se não posso ser Seu discípulo, de todas as maneiras não serei Seu oponente. Se este manto pode lhe abrigar em Suas lutas no meio da noite, aqui está ele; e se este balde pode tirar água para Você, eu vou descer até o fundo do poço, e terás água suficiente; pois se não o amo, visto que Tu és tão pobre, tão triste, e tão bom, não posso te odiar. Não, não vou lhe perseguir!”. Embora ainda tenha a segurança de que, se vierem a Cristo, diriam isso, no entanto, vocês realmente O têm perseguido e seus discípulos, os membros de Seu corpo espiritual, e por tanto, lhes faço esta pergunta: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Que Deus lhe ajude a responder essa pergunta, e a resposta será vergonha e embaraço.

"Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.”

II. Isso me leva ao segundo ponto: A REPREENSÃO CONTRA O OFENSOR. “Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.” Há uma ilustração aqui. Há uma alusão ao aguilhão usado com os bois. Quando o boi é atrelado ao arado, se não se mover com a rapidez desejada, o lavrador lhe espeta com uma vara comprida que tem uma ponta de ferro. Muitas vezes, logo que o boi sente a aguilhada, em vez de continuar, ele dá coices tão fortes quanto é possível. Desfere coices contra o aguilhão, fazendo que o ferro se crave em sua própria pata. É claro que o lavrador que o guia mantém sua aguilhada no mesmo lugar, e quanto mais frequentemente o boi dá coice, mas se fere. Mas deve continuar. Está nas mãos do homem a missão de governar o boi e ele o fará. É a própria opção do animal de desferir coices quantas vezes quiser, mas não faz dano algum ao seu condutor, senão somente a si mesmo. Verão que há muita beleza nesta ilustração, se eu a esmiúço e lhes faço uma pergunta ou duas.

Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões, pois, em primeiro lugar, não cumpre seu propósito. Quando o boi desfere coices contra o aguilhão, é para mostrar ressentimento ao lavrador por tê-lo incitado a seguir adiante; mas ao invés de machucar o lavrador, fere a si mesmo. E você que tem perseguido a Cristo para deter o progresso de Seu Evangelho, deixe-me perguntar, tem sido bem sucedido nisso? Não, nem dez mil como você seriam capazes de deter o poderoso impulso das hostes espirituais dos eleitos de Deus. Se você pensa, oh homem, que pode deter o progresso da Igreja de Cristo, primeiro vá e pare as doces influências das Plêiades (estrelas visíveis na constelação de Touro), e ordene ao globo terrestre que pare e não gire ao redor das belas estrelas! Vá e pare diante dos ventos e ordene que cessem de ulular, e pare na ponta de algum precipício remoto e comande o mar revolto que retroceda quando a maré está indo em direção à costa; e quando tiver detido o universo, quando o sol, a lua e as estrelas tiverem obedecido a sua ordem, se o oceano lhe ouviu e obedeceu, então pode sair e deter o progresso onipotente da igreja de Cristo. Mas você poderá fazê-lo.

Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.

Mas, o que dirá o Onipotente? Nem sequer se levantará para combater seus oponentes.

Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os turbará. Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião.

Para a Igreja não importa todo o ruído do mundo. “Deus é nosso refugio e fortaleza, nosso socorro bem presente nas tribulações”. Por isso não temeremos, embora a terra trema e os montes afundem no coração do mar, embora estrondem as suas águas turbulentas e os montes sejam sacudidos pela sua fúria.

Ah, se nem os maiores exércitos prevaleceram, por acaso você pensa, oh homem insignificante, que em um combate corpo-a-corpo, será capaz de conquistar? Seu desejo pode ser suficientemente forte, mas esse desejo não se cumprirá nunca. Pode desejar ansiosamente, mas jamais logrará êxito. Mas mesmo considerando esta uma questão pessoal: você já obteve êxito alguma vez em deter a obra da graça no coração de alguém? Você riu de sua esposa para que ela renuncie sua profissão, mas se ela é realmente convertida, nunca rirá o suficiente para fazê-la desistir.

Talvez tenha tratado de aborrecer seu filho pequeno; mas se a graça está nesse garoto, eu desafio você e seu senhor diabo que afugentem essa graça. Ah, jovenzinho, você pode rir de seu companheiro de trabalho, mas ele te vencerá a longo prazo. Algumas vezes pode ficar envergonhado, mas não o fará mudar. Se ele fosse um hipócrita, faria isso, e não se teria uma grande perda, mas se ele é realmente um verdadeiro soldado de Cristo, pode suportar muito mais que os risos de um cabeça oca como você. Não deve nem por um momento se vangloriar supondo que ele terá medo. Ele terá que suportar um batismo de sofrimento maior que esse, e não se acovardará pela primeira chuva de tua pobre insensatez maliciosa e digna de compaixão.

Em relação a você, amigo comerciante, pode perseguir seu empregado, mas com certeza não o obrigará a ceder. Vamos, conheço um homem cujo chefe havia intentando arduamente obrigá-lo a que agisse contra sua consciência; mas ele disse: “não, senhor”. E o chefe pensou: “bem, ele é um servo muito valioso; mas vou obrigá-lo se puder.” Assim que o ameaçou dizendo que se não fizesse o que queria, iria despedi-lo do trabalho. O homem dependia desse trabalho, e não sabia o que faria para ganhar seu sustento diário. Mas respondeu de imediato com honestidade ao seu chefe: “senhor, eu não tenho nenhuma outra opção; lamentaria muito ter que deixá-lo, pois estou muito contente com você, mas se chegamos a esse ponto, senhor, prefiro morrer de fome que em vez de submeter minha consciência a qualquer pessoa.” O empregado se foi, e o chefe teve que sair correndo atrás dele para trazê-lo de volta. E o mesmo sucederá em cada caso. Basta que os cristãos sejam fiéis, e se sairão bem em qualquer situação. Dura coisa é dar coices contra eles, pois não pode lhes fazer dano. Eles vencerão, serão conquistadores por meio Daquele que os tem amado.

Mas há outra maneira de expressá-lo. Quando o boi desfere coices contra o aguilhão, não obtém nenhum bem com isso. Pode chutar o quanto queira, mas não se beneficiará com tal atitude. Se o boi para e começa a arrancar um pouco de erva, ou um pouco de feno, vamos, então seria sábio, talvez, ficar quieto, mas ficar quieto para receber socos e pontapés, simplesmente para que o ferro entre em sua carne, é algo bem mais insensato.

Agora eu te pergunto, qual é o ganho em se opor a Cristo? Suponha que você diz não gostar de religião. Que ganhará ao odiá-la? Eu te direi qual a sua recompensa. Ganhará esses olhos vermelhos com que amanhece às vezes na segunda de manhã, após a bebedeira na noite de domingo. Direi sua retribuição, meu jovem. Você ganhou essa constituição quebrada, que, ainda que agora tenha te orientado aos caminhos da virtude, permanecerá contigo até o caixão. Qual é o seu ganho? Vamos, alguns de vocês que poderiam ter sido membros respeitáveis da sociedade, mas que agora possuem esse chapéu gasto, esse velho terno esfarrapado e essa descuidada expressão de bêbado, e esse caráter que você gostaria de abandonar e despojar-se, pois não lhe traz benefício algum. Isso é tudo o que você tem ganhado se opondo a Cristo.

O que você tem ganhado se opondo a Ele? Pois, bem, uma casa sem móveis, porque por sua embriaguez teve que vender tudo de valor que possuía. Seus filhos vestem trapos, e sua esposa vive na miséria, e sua filha maior, talvez, se entregou a vergonha, e teu filho se levanta para maldizer o Salvador, exatamente como você tem feito. Qual é o prêmio de se opor a Cristo? Qual é o homem no mundo que alguma vez obteve recompensa por se opor a Ele? Há uma grande perda experimentada, quanto a algum lucro, não existe nada parecido com isso.

Mas você afirma que, ainda que tenha se oposto a Cristo, todavia é alguém moral. Outra vez lhe pergunto: Tem ganhado algo, ainda assim, por se opor a Cristo? Acha que a sua família é mais feliz por isso? Tem lhe feito um pouco mais feliz? Sente que depois de rir de sua esposa, ou seu filho, ou de seu empregado, pode dormir mais tranquilamente? Considera que isso será algo que aquietará sua consciência quando se aproxime a hora da sua morte? Lembre-se que morrerás, e, pensas que quando estiver agonizando, fizeste o melhor que pode para destruir as almas das outras pessoas lhe proporcionará algum consolo? Não, deves confessar que é um pobre neste jogo. Você não está se beneficiando com isso, mas está prejudicando a si próprio. Ah, beberrão, continue com sua bebedeira, e lembre-se que cada episódio alcoólico deixa para trás de você uma praga, a qual um dia terá que ressentir. É prazeroso pecar hoje, mas não será prazeroso perder a colheita amanhã; as sementes do pecado são doces quando as semeamos, mas o fruto é aterrorizantemente amargo quando o armazenamos no final. O vinho do pecado tem sabor doce quando bebemos, mas é fel e vinagre nas entranhas. Tenham cuidado, vocês que odeiam a Cristo e se opõem ao Seu Evangelho, pois tão certamente como o Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus, e Sua religião é verdadeira, vocês estão empilhando sobre vossas cabeças uma carga de males, em vez de obter algum bem. “Saulo, Saulo, por que tu me persegues, Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões”.

Mas independentemente dos coices que desfere, o boi tem que seguir adiante. Temos visto um cavalo que se encontra quieto na rua, e o condutor, que não tinha muita paciência, tem lhe batido tanto, que nos perguntamos como o pobre cavalo pode permanecer quieto debaixo de tal chuva de golpes; mas observamos que no fim, o cavalo é obrigado a continuar, e nos perguntamos: o que ganhou ficando parado? O mesmo sucede com vocês. Se o Senhor quer converter-lhe em um cristão, pode até dar coices contra o cristianismo, Ele o terá finalmente. Se Jesus Cristo quer sua salvação, pode maldizê-lo, mas Ele fará que pregue Seu Evangelho algum dia, se quer que você o faça. Ah, se Cristo desejasse, Voltaire, que O difamou, poderia ter sido um segundo apóstolo Paulo. Não poderia resistir à graça soberana, se Cristo assim o tivesse determinado. Se alguém houvesse dito ao apóstolo Paulo quando ia pelo caminho de Damasco, que um dia se converteria em um pregador do cristianismo, sem dúvida haveria rido disso como se isso fosse algo absurdo e sem sentido; mas o Senhor tinha a chave de sua vontade, e Ele a manejou como quis. E assim sucederá contigo, se Ele decidiu que você será um de seus seguidores:

Se, como o eterno mandato rege,

A graça toda poderosa conquista esse homem,

A graça toda poderosa te conquistará e o mais sangrento dos perseguidores serás convertido no mais valoroso dos santos. Então, por que me persegues? Talvez esteja desprezando ao mesmo Salvador que um dia amarás; está tratando de derrubar a mesma casa que um dia há de edificar. Talvez esteja perseguindo os homens que chamará seus irmãos e irmãs. É sempre recomendável que um homem não vá tão longe, que logo não possa regressar respeitavelmente. Então, não vá tão longe a sua oposição a Cristo, pois em qualquer momento pode ser que se ache tão feliz em inclinar-se aos Seus pés.

Mas temos esta triste reflexão: se Cristo não te salva, você deve continuar. Você pode dar coices contra o aguilhão, mas não poderá ir dos Seus domínios; pode desferir coices contra Cristo, mas não pode tirá-lo de Seu trono; não pode arrastá-lo para fora do céu. Poderá dar coices contra Ele, mas não poderá impedir que lhe condene no final. Você poderá rir Dele, mas com suas risadas não poderá evitar o dia do juízo. Poderá zombar da religião, mas todas suas zombarias não poderá eliminá-la. Poderás escarnecer do céu, mas todas os seus insultos não silenciarão nenhuma nota sequer das harpas dos remidos. Não, é o mesmo que dar coices ou não, não há diferença exceto para ti mesmo. Oh, quão insensato deves ser, posto que persiste em uma rebelião que é prejudicial unicamente para sua própria alma. Essa rebelião não causa nenhum dano a Ele, a quem você odeia, mas, se Ele quisesse, poderia detê-la, e se não a detém, pode vingá-la e a vingará.

Sente sua necessidade de um Salvador?

III. E agora concluo me dirigindo a certas pessoas, cujos corações já têm sido tocados. Sente esta manhã sua necessidade de um Salvador? Estás consciente de sua culpa por haver se oposto a Ele, e o Espírito Santo tem te dado a vontade de confessar seus pecados? Estás clamando: “Deus, tem piedade de mim, pecador”?

Então tenho BOAS NOTÍCIAS para você. Paulo, que perseguia a Cristo, foi perdoado. Ele disse que era o principal dos pecadores, mas obteve misericórdia. Tu também a obterás. E mais, Paulo não só obteve misericórdia, também obteve honra. Foi chamado para ser um honroso ministro do Evangelho de Cristo, e você pode sê-lo também. Se, arrepender-se, Cristo pode lhe usar para atrair outros. Surpreende-me quando vejo quantos dos piores pecadores tem se convertido em homens utilizados pelo Senhor. Vê John Bunyan? Está maldizendo a Deus. Sobe ao campanário e toca a campainha no dia de domingo, porque gostava de fazê-lo, mas quando a igreja está aberta, ele está jogando no pasto. Ali está no balcão do bar: ninguém ri mais forte do que John Bunyan. Algumas pessoas se dirigem para a igreja; ninguém lhes amaldiçoa tanto como John. Ele é o líder em todos os vícios. Se há um galinheiro para roubar, John é o homem. Se há alguma iniquidade para fazer, se foi feito algum mal na paróquia, não precisa adivinhar duas vezes, John Bunyan está por trás disso. Mas, quem é aquele que enfrenta um juízo perante o magistrado? Quem acabou de ouvir a poucos momentos atrás: “Se me permite sair da prisão hoje, vou pregar o Evangelho amanhã, com a ajuda de Deus”? Quem foi o que esteve encerrado doze anos na prisão, e quando lhe disseram que podia sair se prometesse que não pregaria, replicou: “Não, vou ficar aqui até que mofo cresça sobre minhas pálpebras, mas devo pregar e vou pregar o Evangelho de Deus, assim como tenho minha liberdade”? Pois esse é John Bunyan, o mesmo homem que amaldiçoou a Cristo outro dia. Um líder do vício se converteu em um sonhador glorioso, no próprio líder dos exércitos de Deus. Observem o que Deus fez por ele, e o que Deus fez por ele, fará por ti, se te arrependeres agora e buscar a misericórdia de Deus em Cristo Jesus.

Ele pode fazer, Ele quer fazê-lo, não duvides mais.

Oh, confio que estou me dirigindo a pessoas que tem odiado a Deus, mas que são, contudo os eleitos de Deus; que têm desprezado o Senhor, mas que são comprados com sangue; que tem dado coices contra o aguilhão, mas que a graça toda poderosa arrebatará adiante. Há algumas pessoas, não duvido que tenham difamado a Deus em Seu rosto, mas que algum dia cantarão aleluias diante do Seu trono; alguns que se tem entregado a luxúrias repugnantes, que um dia vestirão suas vestes brancas, e correrão seus dedos pelas cordas das harpas de ouro dos espíritos glorificados no céu. Que felicidade é ter tal Evangelho para pregá-lo a tais pecadores! Cristo é pregado ao perseguidor. Venha para Jesus, a Quem você tem perseguido.

Venha, e seja bem-vindo, pecador, venha.

E agora, pense comigo um momento outra vez. Vejo a probabilidade de ter poucas oportunidades para me dirigir a vocês sobre temas referentes as suas almas. Meu querido leitor, não acrescentarei nada, senão somente isso: “Não tenho evitado anunciar todo o conselho de Deus,” e tenho por testemunha a Deus, com quantos suspiros, lágrimas, e orações tenho trabalhado para seu bem. Milhares têm sido chamados, assim creio eu, desse lugar; entre vocês, dos que estou vendo, há um grande número de pessoas convertidas; de acordo com seu próprio testemunho têm tido uma mudança completa, e já agora não são mais o que eram antes. Mas estou consciente disso, que há muitos de vocês que tem vindo aqui, já quase por dois anos, que seguem sendo os mesmos que eram. Há alguns de vocês cujos corações não foram tocados. Algumas vezes choram, entretanto, suas vidas não foram transformadas; ainda se encontram em “laço de iniquidade e fel de amargura”.

Bem, senhores, se não voltar a me dirigir a vocês novamente, há um favor que lhes peço. Se não se voltam para Deus, se estão resolvidos a se perderem, se não querem ouvir minha reprovação nem se voltar para minha exortação, somente lhes peço esse favor; pelo menos me deixem saber, e permitam-me ter esta confiança, que estou livre do sangue de vocês. Creio que devem confessar isso. Não tenho evitado pregar sobre o inferno com todos os seus horrores, a tal ponto que riem de mim, como se sempre pregasse a respeito. Não tenho fugido de pregar sobre os temas mais doces e agradáveis do Evangelho, a tal ponto de dizerem que minha pregação se tornou afeminada, em vez de manter o vigor masculino de um Boanerges. Não tenho me esquivado de pregar sobre a lei; esse grandioso mandamento tem feito eco em seus ouvidos: “Amarás o Senhor teu Deus, e ame a seu próximo como a si mesmo.” Nunca temi os grandes, nem buscado seus sorrisos, tenho repreendido a nobreza como repreenderia ao camponês, e cada um de vocês a tempos tenho dado alimento diário. Eu creio que pelo menos isto se pode dizer de mim: “Aqui está um que jamais temeu o rosto de um homem,” e espero não temê-lo nunca. Em meio das afrontas, das reprovações e das críticas, tenho buscado ser fiel a vocês e ao meu Deus. Se apesar disso são condenados, permitam-me ter isso como consolação por sua miséria, quando pense nesse pensamento aterrorizador: que não tem sido condenados por não haver sido chamados; não ter sido condenados por falta de alguém que chorasse por vocês, e não ter sido condenados, permitam-me acrescentar, por falta de orações por vocês.

No nome Daquele que julgará vivos e mortos de acordo com o seu Evangelho, e que virá nas nuvens do céu, e por aquele temível dia quando os alicerces desta terra forem abalados, e quando os céus desabarem sobre vossas cabeças, por esse dia quando “Apartai-vos de mim malditos,” ou “Venham benditos,” deva ser a alternativa terrível, lhes exorto, guardem estas coisas em seus corações, e assim como eu vou enfrentar a face do meu Deus para prestar contas por minha honestidade para com vocês, e por minha fidelidade para com Ele, lembrem-se, vocês deverão comparecer em Seu tribunal, para prestar contas de como ouviram e como reagiram após ouvirem; e, ai de vocês se, tendo grandes privilégios como Cafarnaum, sejam abatidos como Sodoma e Gomorra, ou mais abaixo que elas, porque não se arrependeram.

Oh, Senhor! Torna estes pecadores para ti, por Jesus Cristo, nosso Senhor! Amém.

07/04/2016

Noam Chomsky: a Verdade sobre a Atual Crise do Zika

Portal A Nova Ordem Mundial

Um novo artigo de Jon Rappoport nos traz de novo luz sobre a atual epidemia de microcefalia provocada pelo Zika vírus. Neste caso, Rappoport nos oferece o testemunho de um artigo de 1993, o qual nos dá pistas muito claras sobre a verdade que nos escondem após os casos de microcefalia do Brasil. A seguir, reproduzimos este revelador artigo de Jon Rappoport:

Mais vezes do que supomos, um pedaço da história esquecida ilumina o atual momento como um raio de luz. Em dezembro de 1993, Noam Chomsky, publicou um artigo na revista Z Magazine intitulado, "A Visão de Clinton" (The Clinton Vision). Em tal artigo, Chomsky, na realidade, estava falando da política exterior americana no hemisfério ocidental desde 1945. E se concentrou no Brasil.

Ele se refere a como os EUA tomou o controle do Brasil, e que sob o pretexto de estender a democracia e o livre mercado, a real operação buscava obter o controle de suas terras, recursos e mão de obra, em um Brasil governado por uma oligarquia corrupta que na época era administrada indiretamente por corporações norte-americanas ligadas ao governo dos EUA. Os trabalhadores do Nordeste do Brasil, foram submetidos a uma vida de miséria, o sinal mais evidente da qual, era uma extrema desnutrição que passava de geração em geração.

Se alguém ler com atenção uma das citações que Chomsky oferece neste artigo de 1993 com cuidado, descobrirá que, em meio sua análise, se encontra um conjunto de informações que parecem dizer, com mais de 20 anos de antecedência, sobre elementos que na atualidade estão vinculados com a suposta "crise do Zika":

O Brasil é de longe um dos países mais importantes da América Latina, e está firmemente sob o controle dos EUA desde 1945, quando se tornou uma "área de testes para os métodos científicos modernos de desenvolvimento industrial" aplicados por especialistas americanos. É um país com enormes recursos que deveria ser o "Gigante do Sul", o correspondente sul-americano do "Gigante do Norte", os EUA, como predito no começo do século.

O Brasil não tem inimigos estrangeiros, e beneficiou não apenas a cuidadosa cautela dos Estados Unidos, mas também um investimento substancial. Por isso, mostra com grande clareza o que os EUA podem alcançar com sua política de "ampliação da comunidade de democracias de livre mercado", graças às suas condições ideais para consegui-lo. "Os êxitos são bastante reais. O Brasil desfruta de uma taxa de crescimento muito alta, o que confere enormes riquezas a todo mundo, exceto sua população; somente se beneficiam as elites locais, que vivem à altura dos ocidentais mais ricos. É uma sociedade claramente dividida em dois níveis. Grande parte da população vive em um nível que lembra a da África Central.

O relatório sobre o Desenvolvimento Humano classificou este rico país e privilegiado, na posição 80, juntamente com a Albânia e o Paraguai. No Nordeste, os pesquisadores médicos brasileiros descrevem uma nova subespécie: os "pigmeus" que possuem somente 40% (na realidade 60%) da capacidade do cérebro dos seres humanos normais, devido à grave malnutrição que sofrem seus habitantes, que paradoxalmente vivem em uma região com terras férteis, propriedade de grandes plantações que produzem cultivos para a exportação, em concordância com as doutrinas previstas por seus expertos assessores.

Centenas de milhares de crianças morrem de fome a cada ano nesta "história de êxito", que também ganha prêmios mundiais pela escravidão infantil e o assassinato de crianças nas ruas, em alguns casos para a exportação de órgãos para transplantes, segundo respeitadas fontes brasileiras.

A fonte que Chomsky utiliza para realizar estas afirmações médicas sobre a capacidade cerebral das crianças dessa área do Brasil, provém dos estudos de Isabel Vincent (Life a struggle for Pygmy family, Globe & Mail Toronto, December 17, 1991, p. A15.) Em seus artigos, Vincent afirma que:

Uma dieta que consiste principalmente de farinha de mandioca, feijões e arroz tem afetado o desenvolvimento mental dos trabalhadores brasileiros do Nordeste, ao ponto que eles têm dificuldade para lembrar-se ou concentrar-se. 30,7% das crianças do Nordeste nascem desnutridas, segundo a UNICEF e o Ministério da Saúde do Brasil.

Os médicos especialistas brasileiros conhecem os níveis de subnutrição da região mais pobre do país há mais de duas décadas, mas recentemente, foi confirmada a existência de um problema muito mais surpreendente; uma grave falta de proteínas em sua dieta, está provocando uma população de pigmeus brasileiros conhecidos por alguns pesquisadores médicos do Brasil como "homens nanicos".

Sua altura na idade adulta é muito menor que a altura média determinada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e sua capacidade cerebral é 40% inferior a média. Nos estados mais pobres do Nordeste, como Alagoas e Piauí, os homens nanicos compreendem, aproximadamente, a 30% da população. Grande parte do Nordeste compreende terras férteis de cultivo que estão sendo absorvidas por grandes plantações para produção de cultivos comerciais como a cana-de-açúcar

[Nota: Chomsky e Vincent omitem, possivelmente por desconhecimento, os efeitos nocivos da ampla gama de pesticidas tóxicos que são utilizados na região,
alguns dos quais estão proibidos em outros países porque são muito venenosos].

Assim, já em 1993 e mediante estudos sobre o terreno, e no mesmo território que se tornou foco central da atual "epidemia de microcefalia", já se conhecia que uma alta porcentagem de crianças nasciam com 40% menos de capacidade cerebral. Isso não soa muito parecido com o "novo surto" de microcefalia que recebeu tanta publicidade a nível mundial e que tem sido atribuído ao Zika vírus? Sim, soa bem parecido. Microcefalia = crianças que nascem com cabeças menores e danos cerebrais. Durante décadas no Nordeste do Brasil: uma grande porcentagem de crianças com 40% menos de capacidade cerebral. E lembre-se: estes artigos que revelaram estes problemas cerebrias em crianças, foram publicados em 1993, 22 anos antes deste problema ser atribuído ao Zika.

Vendo isto, alguém pode concluir que talvez não esteja acontecendo nada novo no Brasil. Existem registros de graves danos cerebrais em crianças que são endêmicos há muito tempo. Os pesquisadores, e a Organização Mundial da Saúde, estão plenamente conscientes disso. Agora, estão usando como reportagem de capa o Zika vírus para ocultar a verdade. Para ocultar as causas. Para ocultar os criminosos. O de sempre. Atualmente, proliferam e proliferam mil e um estudos atuais que, supostamente, confirmam que o terrível Zika vírus é o causador destes danos cerebrais e as pessoas continuam ocultando que este problema já existia no país há décadas e que existem estudos e artigos que já falaram disso há muitos anos.

Estudos que nem tão pouco levam em conta o uso em massa de pesticidas tóxicos, que cientificamente, também demonstraram estar vinculados com a microcefalia, como indica o artigo 'Zika Vírus: Outra Mentira Gigantesca?'. Não vamos pedir, no entanto, que a pessoas deixem de acreditar na verdade oficial que estabelece o Zika como principal causador de todos os males. Que cada um pense como quiser. Pessoas como Rappoport, somente nos oferece dados para ter uma capacidade de juízo mais ampla. Mas, a esta altura, há tantos indícios que apontam que o assunto Zika é uma enorme manipulação, que, negar considerá-lo ou, pelo menos tê-los em conta, somente pode ser qualificado como obstinação, medo de desconfiar da autoridade... ou diretamente, estupidez.