31/12/2015

Previsões para 2016

Por Israel C. S. Rocha

Não, não vou aqui fazer previsões óbvias de que alguém importante vai morrer, que algum avião vai cair ou que a economia vai mal. A tônica aqui é como pode ser 2016, como estaremos e como reagiremos.

Jesus pode voltar em 2016. Estamos prontos para subir? Estamos prontos para ficar?

O Estado Islâmico pode promover um holocausto atômico ou ainda simplesmente cometer atentados nas Olimpíadas tupiniquim. O país está pronto para isto? Ou contamos com a sorte? Não podemos contar com Deus por que "o estado é laico".

A Terceira Guerra Mundial pode eclodir em 2016. O mundo é um barril de pólvora com incontáveis guerras e rumores de guerras, conflitos sociais e de classe:

  • Rússia x EI
  • Israel x Palestina
  • MST x Quem-possui-as-terras
  • Bolsa Família x Quem-paga-a-conta
  • PT x Brasil...

E inúmeras pragas e tragédias:

  • Zica
  • Dengue
  • Mariana
  • Ebola
  • terremotos
  • tsunamis
  • Fukushima
  • Rastros Químicos...

De tal forma que só o fato de estarmos vivos já é um milagre. O milagre da providência divina que impede muita coisa de acontecer por ainda não ser a hora determinada por Deus.

A Terceira Guerra Mundial é crida por "teóricos da conspiração" - termo cunhado para rotular pessoas como imbecis e assim, silenciar suas vozes - como o derradeiro passo para a instituição da Nova Ordem Mundial, que a Bíblia chama de Governo do Anticristo, a Besta do Apocalipse.

A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, ainda que é.

Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo. E a besta que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição. E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta.

Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta. (Apocalipse 17:8-13)

2016 pode ser um ano de avivamento, para isto basta que a igreja invisível, imaterial e espalhada pelos cantos da Terra, ore, buscando a Deus de todo o coração, anelando pela volta do Senhor e se preparando para ela. Os sinais estão todos aí, as profecias estão cumpridas ou se cumprindo em nossos dias, sinais e prodígios ocorrem nos céus, a terra geme como em dores de parto e as trevas parecem não mais ser contidas pela luz, tal como Jesus predisse como sinais do fim.

Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes e tribulações. Estas coisas sào os princípios das dores. (Marcos 13:8)
Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. (Romanos 8:22)

Jesus vem! Bom se fosse em 2016, pois, se Deus não abreviasse nossos dias, ninguém se salvaria (Marcos 13:20).

E, se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias. (Marcos 13:20)

30/12/2015

A pedofilia como “intimidade intergeracional”

Por Anne Hendershott, 04/01/2012, Blog Júlio Severo

A indignação e nojo que a maioria de nós sentiu quando ficamos sabendo das alegações de abuso sexual de meninos nas escolas de esporte da Universidade Estadual Penn e da Universidade de Syracuse indicam que nossas normas culturais sobre o abuso sexual de menores estão intactas. Contudo, apenas uma década atrás um movimento paralelo começou em algumas universidades a redefinir a pedofilia como a mais inócua “intimidade sexual intergeracional”.

A publicação do livro “Harmful to Minors: The Perils of Protecting Children from Sex” (Prejudicial para Menores: Os Perigos de se Proteger Crianças do Sexo) prometeu aos leitores uma “reavaliação radical, atual e há muito esperada de como pensamos e agimos com relação à sexualidade de crianças e adolescentes”. O livro foi publicado pela editora da Universidade de Minnesota em 2003 (com prefácio de Joycelyn Elders, que havia sido ministra da Saúde do governo de Bill Clinton). Depois da publicação, a autora Judith Levine postou uma entrevista no site da universidade condenando abertamente o fato de que “há pessoas que estão promovendo uma agenda cristã conservadora que impedirá crianças menores de idade de terem acesso à expressão sexual”, e acrescentando que “realmente temos de proteger as crianças de perigos reais… mas isso não significa protegê-las de algumas fantasias de sua inocência sexual”.

Essa redefinição da inocência da infância como “fantasia” é a chave para enfraquecer a definição da perversão da pedofilia, que satura as universidades e outros lugares. Valendo-se da linguagem da teoria pós-moderna, aqueles que estão trabalhando para redefinir a pedofilia estão primeiramente redefinindo a infância, afirmando que a “infância” não é uma certeza biológica. Em vez disso, a infância é uma invenção que a sociedade construiu — um objeto produzido pela sociedade durante a história. Tal desconstrução da infância é produto dos esforços de um movimento de poderosos defensores da pedofilia apoiados por especialistas das universidades e por um grande número de escritores, pesquisadores e editores que estavam dispostos a questionar o que a maioria de nós vê como conduta tabu.

Os teóricos pós-modernos estão interessados principalmente em trabalhos escritos que evocam a natureza fragmentária da experiência e a complexidade da linguagem. Uma das fontes mais citadas para isso é o livro “Male Intergenerational Intimacy: Historical, Socio-Psychological and Legal Perspectives” (Intimidade Intergeracional Masculina: Perspectivas Históricas, Socio-Psicológicas e Legais). Essa coleção de artigos de especialistas acadêmicos — na maior parte europeus, mas alguns ligados a universidades dos EUA — fornece um argumento muito forte a favor do que eles chamam de “intimidade intergeracional”. Ken Plummer, um dos que contribuíram, escreve que “não mais podemos presumir que a infância é uma época de inocência simplesmente por causa da idade cronológica da criança”. Aliás, “uma criança de sete anos pode ter construído uma conjunto elaborado de compreensões e códigos sexuais que deixaria muitos adultos de boca aberta”.

Afirmando se apoiar no trabalho teórico dos historiadores sociais, das feministas socialistas, dos Foucauldianos e dos sociólogos construcionistas, Plummer prometeu construir uma “nova e fecunda maneira de ver a sexualidade e as crianças”. Dentro dessa perspectiva, há a suposição do desenvolvimento sexual linear e nenhuma infância real, apenas uma definição imposta a partir de forças externas.

Condenando abertamente as “perspectivas essencialistas da sexualidade”, esses escritores tentam remover as barreiras essencialistas da infância, abrindo a porta para os pedófilos pós-modernos verem tal conduta como parte da política da transgressão. Eles não mais são pervertidos; eles são simplesmente “cruzadores de barreiras” pós-modernos.

Em 1990, a Revista de Homossexualidade publicou uma edição dupla dedicada ao sexo entre adultos e crianças intitulada “Intimidade Intergeracional”. David Thorstad, ex-presidente da Aliança de Ativistas Gays de Nova Iorque e membro fundador da Associação Norte Americana de Amor entre Homens e Meninos (conhecida pela sigla em inglês NAMBLA: North American Man/Boy Love Association), escreve que “o amor por meninos ocorre em todas as vizinhanças hoje”. O movimento [de amor entre homens e meninos] continua, mas tornou-se clandestino desde que a NAMBLA se achou envolvida numa encrenca de 200 milhões de dólares devido a uma ação legal de direitos civis por causa de uma morte por negligência. A ação foi iniciada no Tribunal Regional Federal de Boston e afirma que os artigos no site da NAMBLA fizeram com que Charles Jaynes, membro da NAMBLA, torturasse, estuprasse e matasse um menino de 10 anos da cidade de Boston.

Não muito tempo atrás, os pedófilos pós-modernos receberam ajuda, para enfraquecer a definição de suas perversões, do Conselho Federal de Psicologia dos Estados Unidos (American Psychological Association). Em 1998, o publicou um artigo em seu Boletim Psicológico que concluía que o abuso sexual contra crianças não provoca danos. Os autores recomendaram que a pedofilia deveria em vez disso ser tratada com um termo neutro como “sexo entre adultos e crianças”. A NAMBLA rapidamente postou a “boa notícia” em seu site, declarando que “a atual guerra contra os amantes de meninos não tem base na ciência”.

Parece que muitos pedófilos pós-modernos aceitaram a recomendação com muita seriedade. Por algum tempo, vivemos numa cultura em que o sexo entre homens e meninos era não só tolerado, mas também celebrado. E embora a revolta pública contra as alegações de estupros de meninos da Universidade Estadual Penn e da Universidade de Syracuse revele que a pedofilia masculina permanece um terreno questionado para a maioria, o sexo entre mulheres e meninas mal é registrado na tela do radar cultural, por causa do poder do movimento feminista.

O espetáculo teatral “Os Monólogos da Vagina”, por exemplo, é ainda um repertório dramático padrão nas produções estudantis nas universidades — inclusive na Universidade Estadual Penn e na Universidade de Syracuse. A peça original explora a história de uma menina alcançando sua “maturidade”, começando com uma menina de 13 anos gozando um caso sexual com uma mulher de 24 anos. Versões da peça publicadas posteriormente mudaram a idade da menina de 13 para 16 anos, e a peça continua a ser encenada. A produção de fevereiro do ano passado na Universidade de Syracuse foi inovada quando convidaram um elenco composto por membros da universidade para encenar a peça na universidade.

Embora a indignação com as recentes alegações de abuso sexual indicasse que o rótulo de pervertido permanecerá para a prática da pedofilia, a realidade está aí de que poderosos defensores da pedofilia, com acesso às editoras universitárias, continuarão sua campanha semântica e ideológica para enfraquecer a definição dessa forma de perversão.

Anne Hendershott é célebre professora da Universidade do Rei em Nova Iorque, EUA. Ela é autora de “The Politics of Deviance” (As Políticas da Perversão). Este artigo apareceu originalmente no Public Discourse e foi publicado com permissão.

29/12/2015

Salvação pela Graça mediante a Fé

Por Bruce McDowell. Portal Monergismo

A característica distintiva da verdade do Evangelho de Cristo é a graça – favor imerecido de Deus para conosco. Em contraste, a religião mundana é um sistema de leis, regulamentos e obras. Isso é facilmente entendido e aceito pelo mundo, que pensa que devem fazer algo para merecer sua salvação e aceitação por Deus.

Nossa tendência natural é colocar-nos no centro, pensando que somos capazes de ao menos contribuir para a nossa salvação. Todavia, nunca podemos merecer o amor de Deus. Ele nos vem como um dom gratuito:

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. (Efésios 2:8,9)

O dom gratuito da salvação é explicado adicionalmente na epístola de Paulo aos Romanos:

Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um [a transgressão de Adão] morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.

E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. (Romanos 5:15-17, ênfase minha)

A salvação é um dom gratuito porque não poderíamos adquiri-la através de obras ou mérito da nossa parte. Somos justificados, significando que somos feitos justos em nosso relacionamento com Deus, onde ele não mais olha para o nosso pecado, através da justiça de Cristo que é aplicada em nós mediante a nossa fé. À medida que Paulo fornece uma lista de pecados aos quais nós como crentes fomos uma vez escravos antes de crermos, ele contrasta isso com a obra da graça de Deus em nós agora.

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna (Tito 3:4-7).

Mesmo a capacidade de crer em Cristo pela fé é um dom gratuito de Deus. Como pecadores não-regenerados não podemos fazer isso à parte da obra do Espírito de Deus em nós (cf. 1 Coríntios 2:14; Tito 3:5). Embora estivéssemos separados de Deus pelo nosso pecado, Ele iniciou um relacionamento conosco.

Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm. 5:8).

Tendemos a olhar para nós mesmos a fim de descobrir o motivo pelo qual Deus deveria nos amar. Ele não nos vê resplandecentes em nossas boas obras. O que Deus vê é uma vida cheia de culpa, rebelião, egoísmo, idolatria e vergonha, a menos que sejamos vestidos pela justiça de Cristo. Mas é claro a partir da Palavra de Deus que Deus nos ama somente porque estamos em Cristo Jesus, que em amor deu sua vida por nós.

Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Efésios 1:4-5).
Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus... (2 Timóteo 1:9, 10).

A salvação é totalmente a obra de Deus (Salmos 3:8; Jonas 2:9; Apocalipse 19:1). Portanto, quando o carcereiro de Filipo perguntou aos prisioneiros Paulo e Silas, “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?”, eles responderam, “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (Atos 16:30, 31; ênfase minha).

Embora a fé para crer seja um dom da parte de Deus, ela é algo que somos instados a usar diligentemente ao buscá-lo.

De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam. (Hebreus 11:6)

Aproximamos-nos de Deus e o encontramos através de Jesus, que é o caminho e é quem nos mostra o Pai (João 14:6-11). A recompensa última da nossa fé é receber a vida eterna agora e, entrando no céu mediante a morte física, ficarmos na presença de Deus. Tendo agora recebido pela graça essa fé, podemos cantar o hino de James M. Boice, Visto que a graça é a fonte da vida que é minha – E a fé é um dom do alto – Gloriar-me-ei em meu Salvador, todo mérito declinarei, E glorificarei a Deus até eu morrer.

Requirements to Enter Heaven, Bruce McDowell, pgs. 21-23.
Traduzido por Felipe Sabino de Araújo Neto

27/12/2015

Textos Que Negam o “Livre-arbítrio” (Martinho Lutero)

Comentário de Lutero sobre o Estudo de Erasmo sobre a questão
(Portal Monergismo)

  • Argumento 1
O meu espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal. (Gênesis 6.3)

Em primeiro lugar, você argumenta que a palavra “carnal”, neste verso, significa a fraqueza humana. Todavia, o sentido desse termo é o mesmo de 1 Coríntios 3.1-3, onde Paulo chama os coríntios de “carnais” ou “mundanos”. Paulo não está se referindo à fraqueza, mas à corrupção. No trecho citado, Moisés está se referindo a homens que se casavam movidos por mera concupiscência, os quais estavam enchendo a terra de violência, ao ponto em que o Espírito de Deus não podia mais suportá-los. Você observará que, nas Escrituras, sempre que a palavra “carne” é contrastada com a palavra “espírito”, ela significa tudo aquilo que se opõe ao Espírito de Deus.

Somente quando a palavra “carne” é usada isoladamente é que se refere ao corpo físico. A vista disto, essa passagem tem o seguinte significado: “Meu Espírito, que está em Noé e em outros homens santos, repreende os ímpios através da Palavra pregada, e através de suas vidas piedosas. Porém, isso é inútil, pois os ímpios estão cegos e endurecidos pela carne; e, quanto mais são julgados, piores se tornam”. Isso sempre acontece, e é óbvio que, se os homens vão de mal a pior, mesmo quando o Espírito de Deus opera entre eles, então, são totalmente impotentes sem o Espírito.

O “livre-arbítrio” não pode fazer nada além de pecar. Em seguida, você nos informa que o texto não se refere a todos os homens, mas somente àqueles que viveram naquela época. Mas, tal interpretação não é válida, pois Cristo afirmou acerca de todos os homens: “O que é nascido da carne, é carne...” (Jo 3.6). E Jesus acabara de sublinhar a seriedade dessa condição, ao dizer: “...se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). Por fim, você assevera que o texto não salienta o juízo de Deus, mas a sua misericórdia. Porém, tudo quanto você precisa fazer é ler o que vem antes e depois do texto. Não pode haver dúvida de que estas são as palavras de um Deus indignado. Portanto, esse texto se opõe ao “livre-arbítrio” e demonstra que no homem não há poder para fazer o bem, mas somente para merecer o juízo de Deus.

  • Argumento 2
  • ...porque é mau o desígnio íntimo do homem, desde a sua mocidade... (Gênesis 8.21)
    ...era continuamente mau todo desígnio do seu [do homem] coração. (Gênesis 6.5)

    Você procura esquivar-se do sentido evidente desse texto, ao dizer que há uma disposição para o mal na maioria das pessoas, mas que isso não lhes furta a liberdade da vontade. No entanto, Deus fala aqui sobre todos os homens e não somente acerca da maioria deles. Desde o dilúvio Deus está dizendo que não mais trataria os homens conforme eles merecem ser tratados. Se os tratasse assim, nenhum deles seria salvo. Tanto antes quanto após o dilúvio, Deus declarou que todos os homens são maus, e não apenas alguns deles. Você parece considerar o pecado no homem como coisa de pequena importância, como se fosse algo que pudesse ser facilmente corrigido. Entretanto, essa passagem está dizendo que toda a energia da vontade humana está em praticar o mal. Por que você não examina o texto hebraico original?

    Moisés de fato escreveu: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6.5). Isso não é meramente uma tendência para o mal. Deus ensina que coisa alguma, senão a malignidade, é concebida ou imaginada pelo homem, durante toda a sua vida. No entanto, você poderia retrucar: “Nesse caso, por que Deus dá ao homem tempo para arrepender-se, se o homem não é capaz de arrepender-se?” A resposta, conforme já reiteramos antes, é que o fato de Deus nos dar mandamentos não implica nossa capacidade para obedecer. Deus nos diz qual é nosso dever, não a fim de provar que podemos observá-lo, mas a fim de humilhar-nos, até que admitamos nossa incapacidade!

  • Argumento 3
  • Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor por todos os seus pecados. (Isaías 40.1-2)

    Esta passagem significa que o perdão de Deus é dado àqueles que são totalmente incapazes de obtê-lo ou merecê-lo em qualquer sentido. Você, entretanto, discorda disso. Insiste que o que está em pauta é a vingança de Deus contra os nossos pecados, e não a sua graça. Contudo, quando voltamo-nos para o Novo Testamento, descobrimos que esse trecho fala sobre o perdão do pecado, proclamado pelo evangelho! Analisemos o texto. Suponho que a palavra “consolo” não signifique a execução do julgamento de Deus! Em seguida o texto diz: “Falai ao coração de Jerusalém...” Isso significa: Dizei a Jerusalém palavras de amor doces e gentis. Além disso, as palavras “...tempo da sua milícia” referem-se ao terrível peso da luta para se merecer o perdão, através da obediência à lei (At 15.7-10).

    Esse tempo havia chegado ao fim por causa do perdão gratuito de Deus. Aquele povo já havia recebido “em dobro”, da mão do Senhor, o que quer dizer que receberam tanto a remissão dos pecados quanto o livramento da terrível carga imposta pela lei. Por isso se lê que o perdão envolvia “todos os seus pecados”, o que dá a entender que aquele povo caracterizava-se pelo pecado e nada mais que o pecado. Acrescente-se a isso que a graça não é a recompensa pelas tentativas do “livre-arbítrio”. A graça divina é concedida apesar do pecado e de tudo quanto ele merece.

  • Argumento 4
  • Uma voz diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória como a flor da erva; seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do SENHOR. Na verdade o povo é erva. (Isaías 40.6-7)

    Você diz que a palavra “hálito”, nesse trecho bíblico, indica a ira de Deus, e que a palavra “carne” indica a fraqueza do homem que não dispõe de qualquer poder contra Deus. Mas, será que a ira de Deus não teria outra coisa para atacar, senão a infeliz debilidade humana? Ou, pelo contrário, o homem não deveria ser fortalecido? Depois disso, você afirma que as palavras “flor da erva” significam a glória que se deriva da prosperidade quanto às coisas materiais. Mas, é impossível que tal interpretação esteja correta. Os judeus gloriavam-se de seu templo, circuncisão e holocaustos. Os gregos gloriavam-se em sua sabedoria. Portanto, o que é disperso pelo sopro do Espírito de Deus é a assim chamada “justiça pelas obras”, bem como a sabedoria humana. Isso é confirmado pela alusão que Isaías faz a “toda a carne”. Somente algumas pessoas gloriam-se na prosperidade material, mas todos os homens, mui naturalmente, jactam-se de seus feitos e de sua sabedoria.

    A essa altura, é importante darmos atenção ao trecho de João 3.6: “O que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito, é espírito”. Esse texto mostra-nos, claramente, que tudo aquilo que não nasceu do Espírito de Deus é carne. Isso não quer dizer que somente uma porção, ou mesmo uma grande porção do homem natural consiste em carne. E certamente também não significa que a porção mais excelente do homem seja a sua carne. Antes, significa claramente que todos os homens destituídos do Espírito de Deus são “carne”, e, por conseguinte, estão sujeitos ao julgamento de Deus. Você pensa que isso não é verdade. Acredito que existem alguns homens que prefeririam morrer mil vezes, a praticarem um ato vil, ainda que fosse às ocultas e que Deus os viesse a perdoar. O fato é que você continua olhando somente para atos externos. Você precisa olhar para o coração humano. Mesmo que tais pessoas existissem, elas estariam operando para a sua própria glória, visto que, à parte do Espírito Santo, não teriam qualquer desejo de glorificar a Deus com as suas ações.

    Você também indaga se tudo quanto é chamado “carne”, necessariamente precisa ser considerado ímpio. E eu respondo: Sim. Um homem é ímpio se ele está sem o Espírito de Deus. As Escrituras ensinam que o Espírito é dado com a finalidade de justificar o ímpio. Jesus disse que quem nasceu da carne não pode ver o reino de Deus. Não existe um estágio intermediário entre o reino de Deus e o reino de Satanás. Se alguém não faz parte do reino de Deus, certamente faz parte do reino de Satanás. Em seguida, você pergunta: “Como posso ensinar que o homem não é nada, além de carne, mesmo quando é nascido do Espírito?” Onde você sonhou com tal coisa? Eu estabeleço uma clara distinção entre “carne” e “Espírito”. O homem que não nasceu do Espírito, é carne. A pessoa que nasceu do Espírito, é espírito – exceto apenas por aqueles elementos da natureza carnal que ainda restaram para perturbá-la.

  • Argumento 5
  • Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos. (Jeremias 10.23)

    Uma vez mais, você distorce o claro sentido do texto. Você afirma que essas palavras significam que Deus, e não o homem, é o causador de acontecimentos que têm um final feliz, e que isto nada tem a ver com a ideia do “livre-arbítrio”. Mas, porventura, as palavras de Jeremias precisam de qualquer explicação?

    É óbvio que Jeremias simplesmente quis dizer que a obstinação do povo, ao rejeitar a Palavra de Deus, o havia convencido de que o homem por força própria, é incapaz de praticar o que é direito. Porém, mesmo supondo que a sua idéia esteja correta. Que benefício procede dela? Pois, se um homem não pode fazer os meros eventos naturais terminarem de modo feliz, como poderia fazer qualquer coisa proveitosa no que concerne ao seu destino espiritual? Você ainda argumenta que muitas pessoas reconhecem a sua necessidade da graça de Deus para viverem corretamente, afirmando que elas buscam essa graça orando diariamente pela ajuda divina, e que, ao assim fazerem, estão lançando mão do esforço humano. Mas, nem por isso você está comprovando o poder do “livre-arbítrio”. Pois quem solicitará a ajuda do Senhor, senão aqueles em quem habita o Espírito Santo? Aquele que ora, assim o faz pelo Espírito de Deus (Rm 8.26-27).

  • Argumento 6
  • O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR. (Provérbios 16.1)

    Você pretende que essa declaração também faça alusão apenas aos acontecimentos comuns da vida. E uma vez mais retruco que mesmo que você estivesse com a razão, isso tornaria ainda mais difícil para nós podermos decidir, por nós mesmos, nosso destino espiritual. E o fato que tudo quanto acontecerá no futuro está decidido por Deus, deveria produzir dentro em nós o temor do Senhor. Você vincula essa passagem a outros dois trechos extraídos do livro de Provérbios.

    O SENHOR fez todas as cousas para determinados fins, e até o perverso para o dia da calamidade. (Provérbios 16.4)

    Você faz bem ao salientar que tais palavras significam que Deus nunca criou qualquer criatura má. Bravo! Eu nunca disse que Ele fez tal coisa!

    Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina. (Provérbios 21.1)

    Você comenta que a palavra “inclina” não significa “compele”. E também, diz que o rei inclina-se para o mal pela permissão divina, a qual deixa o rei dar vazão às suas paixões. Porém, não importa se você entende isso como sendo a permissão de Deus, ou a inclinação efetuada por Ele; continua sendo verdade que nada acontece fora da vontade e da operação de Deus. O texto refere-se a apenas um homem – o rei. O que é verdade acerca do rei, é verdade acerca de todos os demais homens.

  • Argumento 7
  • Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. (João 15.5)

    Esse foi o texto, acerca do qual eu disse que ninguém seria capaz de fugir, porém você se aproveita da palavra “nada”, para destruir seu significado. Você declara que “nada” significa nada “perfeitamente”, a fim de que o texto sagrado diga: “...porque sem mim nada podeis fazer perfeitamente”. A questão, porém, não é se esse texto pode significar isso, mas se ele realmente significa tal coisa.

    De acordo com a sua explicação, sem Cristo podemos fazer “um pouco, mesmo que imperfeitamente”. Desse modo, suponho que quando João 1.3 diz: “...sem ele nada do que foi feito se fez”, isto significa: “...sem ele, foi feito um pouco, mesmo que imperfeitamente”.

    Quanta ignorância! É extremamente perigoso manusear assim as Escrituras. Não é essa a maneira de chegar à consciência dos homens. Fique, portanto, claro que, nesse trecho, “nada” significa “nada”. Sob o domínio de Satanás, a vontade do homem nem mais é livre, nem tem domínio próprio; antes, é escrava do pecado e de Satanás, só podendo desejar o que seu príncipe lhe determina.

    Você ignora o que se lê em seguida nesse trecho:

    “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam” (João 15.6).

    O homem, fora de Jesus Cristo, é totalmente inaceitável diante de Deus, e seu destino é ser lançado no fogo eterno. Não posso compreender por que você também cita 1 Coríntios 13.2 em apoio à sua posição:

    “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”.
    Se alguém está destituído do amor, sinceramente, ele nada representa diante de Deus, porquanto esse amor é um dom da graça. A questão, enfim, resume-se no seguinte: “nada” significa nada, e nada é capaz de alterar isso! À parte da graça, o homem nada pode fazer. O “livre-arbítrio” nada pode fazer e nada é.

  • Argumento 8
  • A cooperação do homem com Deus não comprova o “livre-arbítrio”. Você se utiliza de um bom número de ilustrações que descrevem a cooperação do homem com as operações divinas. Por exemplo: “o agricultor faz a colheita, mas é Deus que a dá”. E óbvio que tenho plena consciência da cooperação do homem com Deus, mas isso nada prova a respeito do “livre-arbítrio”. Deus é onipotente. Ele exerce total controle sobre tudo quanto Ele mesmo criou. E isso inclui os ímpios, os quais, à semelhança daqueles a quem Deus justificou e transportou para o seu reino, cooperam com Deus neste mundo. Todos os homens precisam seguir e obedecer àquilo que Deus intenciona que eles façam. O homem em nada contribuiu para a sua própria criação. E, uma vez criado, o homem não faz qualquer contribuição para permanecer dentro da criação de Deus. Tanto a sua criação como a sua contínua existência são inteira responsabilidade do soberano poder e bondade de Deus, que nos criou e preserva sem qualquer ajuda nossa.

    Antes de ser renovado, para fazer parte da nova criação do reino do Espírito, o homem em nada contribui para preparar-se para essa nova criação e reino. Por semelhante modo, quando ele é recriado, em coisa alguma contribui para ser conservado nesse reino. Somente o Espírito de Deus tanto nos regenera quanto nos preserva, sem qualquer ajuda de nossa parte. E como Tiago diz:

    “Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).

    Tiago está falando a respeito da nova criação. Não obstante, Deus não nos regenera sem que tenhamos consciência do que está sucedendo, porque Ele nos recria e preserva precisamente com esse propósito: que venhamos a cooperar com Ele. E o que é atribuído ao “livre-arbítrio” em tudo isso? Que resta para o “livre-arbítrio”? Nada! Absolutamente nada!

  • Conclusão
  • Nesta controvérsia, não quero gerar mais calor do que luz. Porém, se cheguei a argumentar demasiadamente forte, reconheço a minha falta; se é que houve falta. Mas, não! Tenho a certeza de que o testemunho desta minha conduta é levado ao mundo em defesa da causa de Deus. Que Deus confirme este testemunho no Último Dia! Quem poderia sentir-se mais feliz do que eu? – aprovado pelo testemunho de outros, de haver defendido a causa da verdade, sem preguiça, nem enganosamente, mas com vigor suficiente e de sobra! Se pareci por demais áspero contra você, Erasmo, peço-lhe que me perdoe. Não agi assim movido por má vontade, mas a minha única preocupação era que, devido à importância do seu nome, você estivesse danificando a causa de Cristo. E quem pode governar sempre a sua pena, especialmente na ocasião de demonstrar zelo? Você mesmo, frequentemente, lança dardos inflamados contra mim. Mas essas coisas não pesam realmente no debate, e nós, que participamos dele, devemos perdoar-nos mutuamente por causa dessas coisas; somos apenas homens, e nada existe em nós que não faça parte das características da humanidade. Que o Senhor, a quem pertence esta causa, abra os seus olhos e o ajude a glorificá-Lo. Amém.

    Extraído de Nascido Escravo, Martinho Lutero. Editora Fiel, 1984
    (versão condensada do original, A Escravidão da Vontade, 1525).

25/12/2015

Então é Natal... e?

Por Israel C. S. Rocha.

O Natal comemora o nascimento de Cristo, será? Ou será apenas uma troca de presentes? Ou uma festa pagã?

Será Jesus o foco do Natal ou as vendas natalinas?

Quantos só se lembram d'Ele nesta data e quantos nem mesmo nela?

Importa lembrarmos do nascimento de Cristo, mas também de sua morte e ressurreição ao terceiro dia, e não só um dia ou outro dia, mas todos os dias. Isto para os que realmente experimentaram o Novo Nascimento.

Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. (João 3:3-7)

O nascimento de Jesus foi começo da salvação gentílica (ie. dos não judeus), mas agora já estamos no fim, quando a segunda vinda do Senhor é iminente. Assim, importa mais prepararmo-nos em oração e consagração para o fim, diariamente, do que celebrarmos por um único dia o início.

Jesus vem! E muitos dormem sem reserva de azeite tal como as virgens loucas (Mateus 25).

As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.

Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.

Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir. (Mateus 25:3-13)

Jesus vem! E muitos, mesmo crentes, sequer desejam isto. Como virá o Noivo se a Noiva não deseja Sua vinda. E se sua vinda não é desejada, por que comemorar seu nascimento mesmo? Comemorar o início sem se importar com o fim, quando finalmente O veremos?!

Que verdadeiramente Jesus seja lembrado neste Natal, não só lembrado mas vivido e imitado; e não só por um dia, mas todos os dias.

Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo. (1 Coríntios 11:1)

Tudo pela Graça (C. H. Spurgeon)

Por Charles Haddon Spurgeon.

Aquele que proferiu e escreveu estas palavras ficará muito desapontado se sua mensagem não conduzir as pessoas ao Senhor Jesus. Ela foi elaborada com dependência infantil no poder do Espírito Santo a fim de que ele a use na conversão de milhões, se assim lhe agradar. Certamente muitos homens e mulheres humildes lerão este livreto e serão visitados pelo Senhor e sua graça. Para alcançar tal finalidade, foi escolhida uma linguagem simples, com muitas expressões familiares.