Por Israel C. S. Rocha
Se o Messias não houvesse vindo, e viesse nos dias atuais, teria Ele o mesmo desfecho de dois milênios atrás?!
A história demonstra ser cíclica, erros repetindo-se em ciclos perpétuos. É fácil perceber que vários deles foram cometidos pelo de Israel e mesmo exortados pelos profetas do SENHOR há milênios, repetem-se nos dias atuais, apenas com uma nova roupagem. O povo de Israel, por exemplo, se curvou adorando a deuses estranhos (Deuteronômio 32:16-18), contrariando os claros mandamentos do Criador:
Não terás outros deuses diante de mim; Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra;
Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. (Deuteronômio 5:7 a 9)
Outros Deuses
E hoje? Quantos milhões não se curvam adorando a deuses estranhos?! A Gurus, falsos mestres, falsos pastores, papas, ídolos, jogadores, artistas. Quantos não se curvam ao dinheiro, aos prazeres pecaminosos etc.
Mesmos erros e mesmos deuses, apenas com uma nova e reinventada aparência. Não é preciso muito esforço de leitura e pesquisa para encontrar muitos outros erros cíclicos, cometidos há milênios e também em nossos dias.
Destarte, será que hoje o Messias seria poupado ou realmente esse erro se repetiria?!
A crucificação de Jesus, bem como sua ressurreição ao terceiro dia, foram e são cumprimentos proféticos segundo a Vontade do SENHOR e é a razão pela qual todos podem ser salvos da Ira Vindoura e ir morar com Ele no Céu; mas não é isso que estamos analisando, mas sim, os fatores humanos que levaram ao cumprimento profético, o contexto que O levou à crucificação.
Os "Sacerdotes" e Tempo
Para compreender a questão, é preciso analisar por que os sacerdotes judaicos quiseram matar Jesus, por que incitaram a multidão a preferir o assassino Barrabás ao Filho do Deus Altíssimo.
Ora, os sacerdotes e o grande Sinédrio eram o centro do poder teocrático judaico, isto é religião e Estado eram um só, mas àquela época os judeus estavam sob o domínio romano e, por esta razão, os julgamentos eram feitos pelo grande Sinédrio, segundo as Leis de Moisés, mas, para aplicação de penas capitais, era necessário um novo e independente julgamento pela justiça romana, o que coube a Pilatos.
À liderança do Grande Sinédrio estava o Sumo-sacerdorte que exercia grande poder eclesiástico e domínio das massas. Embora com poder político limitado por Roma, os sacerdotes detinham:
- status
- dinheiro
- influência; e
- o controle do Templo.
Templo, boas vestes, boa comida, conforto, status, poder e influência?! Não é exatamente isto que os grandes nomes do pseudo-evangelismo moderno detem e que a massa de aspirantes a (falsos) pastores almeja?!
A semelhança entre essas entidades eclesiásticas é completa: o mesmo suntuoso templo, o mesmo poder, influência e status dos sacerdotes do sinédrio, foi reinventado em catedrais católicas e evangélicas monumentais, onde pastores "super stars" detem total controle da mente de suas ovelhas. Os que questionam são “satanizados”, acusadas de serem inimigos da “Obra de Deus”, mesmo quando alicerçados na Bíblia; e só não são queimados (pelo menos ainda) na fogueira ou apedrejados por heresia, graças à Constituição Federal e as Leis que dela emanam e que, por hora, os protegem.
Essa satanização também foi feita contra Jesus, acusado de curar pelo poder de demônios (Mateus 12:24), de heresias e de proferir blasfêmias (Mateus 26:65).
Farisaísmo
Jesus questionava a hipocrisia farisaica, a raça de víboras que se apossou da casa do Senhor, transformando-a, de casa de oração em casa de comércio (Mateus 21:12-15).
E hoje, no que se transformaram os megatemplos evangélicos senão em casa de comércio, onde se vende, além das tantas coisas materiais (CDs, DVDs de congressos, livros, bíblias, adesivos …), pregações agradáveis aos ouvidos, que enaltecem o pecador e que atribuem aos ouvintes superpoderes baseados na fé e na confissão positiva.
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. (2 Timóteo 4:3 a 4)
"Vende-se", em troca dos dízimos e ofertas, a "salvação", a bênção apostólica, a bênção dos dizimistas, a bênção do carro e da casa própria. Outras denominações vendem ainda a unção da águia, do falcão, da galinha, do papagaio e até do urubu se deixar, isto, além de: lenços mágicos, sabonetes tira-encostos, banhos de sal grosso, caneta bic abençoada para concursos e por aí vai.
Mamon
Os produtos da prateleiras desses supermercados gospel, geram bilhões e alimentam o vício da ganância - a adoração a Mamon. Com eles o super-sacerdotes passam a ostentar jatinhos particulares, mansões, viagens de férias ao exterior com a família, relógios de ouro, ternos e gravatas de grife etc, enquanto irmãos e missionários passam privações, crianças mendigam nas ruas, meninas se prostituem para comer, bebês morrem de desnutrição, mendigos morrem de frio, além da fome diária e ignorada pelos passantes…
Se Jesus viesse hoje e pregasse o que Ele pregou há dois milênios, isto é, o desprendimento das coisas materiais, pregasse que, se alguém tivesse duas roupas, que dividisse uma com seu irmão que não tem (Lucas 3:11), pregasse para que não se ajuntasse dinheiro nessa Terra onde os ladrões o minam e o roubam (Mateus 6:19), pregasse que seremos odiados no mundo por amor a Ele (Mateus 24:9). Qual dessas estrelas evangelísticas não iriam querer sua cabeça?! Quantos milhões sumiriam de seus bolsos se as pessoas cressem em Sua pregaçã?!.
A História se repetiria
O erro seria repetido pois, o contexto humano é igual, só mudou a roupagem.
Talvez a Constituição Federal atrapalhasse um pouco a execução do Messias, mas, assim como a Lei de Moisés e a Lei Romana foram desvirtuadas para levarem Cristo ao madeiro, a Constituição também o seria.
Tal como a pregação de Jesus incomodou os sacerdotes daquela época, ela também incomodaria aos traficantes da fé de hoje, que dependem de pregar um evangelho egoísta de superconquistas baseadas numa fé coerciva – que manipula a realidade e até Deus (o deus deles é claro, não o Deus de Israel, de Abraão, Isaque, Daniel), um Deus que se submete à fé e à vontade de seus seguidores – para gerar vultosos lucros livres de impostos.