30/05/2016

O Circo da Fé e as Gargalhadas da Morte

Por Israel C.S. Rocha.

Enquanto rimos e nos divertimos espetáculos hollywoodianos, enquanto somos entretidos com teatros e pirotecnia gospel, alienamo-nos da realidade espiritual de nossa época, rimos enquanto miríades e hostes militam diligentemente empurrando as agendas transgênera, pedófila e satânica em todo o mundo. Enquanto nos divertimos em shows gospel, clubes de ódio a Cristo destilam a desconstrução dos valores basilares de nossa sociedade. Mais uma vez o Homem foi enganado pela Serpente, porém, dessa vez, estávamos dando gargalhadas durante o processo.

A serpente me enganou, e eu comi. (Gênesis 3:13b)

A grande questão aqui é, qual o motivo da alegria? Do que estamos rindo? Há motivos para comemorar? Decerto haverá um dia grande regozijo para a igreja quando da volta do Noivo, e há as alegrias pessoais de cada um, mas como igreja, do que rimos?

Somos uma geração que não ora, que não jejua, que não se santifica. Uma geração em que tudo pode, tudo é normal, somos idênticos ao mundo mas, por alguma razão nos achamos salvos. Nos divertimos como o mundo, falamos como o mundo, assistimos o que o mundo assiste, vestimos e cheiramos como o mundo, mas, somos salvos e rimos.

Satanás sim tem motivos para rir de nossa debilidade espiritual, rir de nossos louvores vazios, revanchistas e antropocêntricos, rir de igrejas que pregam autoajuda e onde a Palavra do Evangelho da Cruz, da Santidade, da Volta de Jesus e do Inferno inexiste. Rir de uma igreja que cala seus profetas, que despreza a simplicidade do evangelho, que se mistura com políticos corruptos e se vende junto com eles.

Rimos entorpecidos, embriagados, contaminados pelo mundanismo eclesiástico travestido de igreja. Quantos minutos dedicamos à oração diária? Quantos segundos à leitura e estudo da Bíblia? Mas quantas horas passamos tomando parte em coisas que Deus abomina, que não edifica ou que não O glorifica? Lutamos qual bom combate? Guardamos qual fé? Que fé? Com soldados assim o Inimigo nada tem a temer, só lhe restará rir.

Onde estão os samuéis, os davis, os eliseus, os elias, os paulos, os pedros? Somos tão pobres e mortos espiritualmente que precisamos encher o culto de espetáculo, de ritos, de estórias, conversa fiada, dança, teatro, circo... para disfarçar a ausência do Espírito Santo, a absoluta falta de curas, as pregações superficiais de prosperidade, a carência de dons e a supressão de libertação e batismos com Espírito Santo.

Quando criança era raro um culto dominical não manifestar algum demônio durante a pregação, pelo que a igreja de pé o expulsava no nome de Jesus e aquela vida era liberta e quase sempre se rendia à Cristo. Hoje os demônios entram nas igrejas e, junto com os irmãos, batem palmas, dançam e riem das piadas contadas no púlpito.

E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porãoas mãos sobre os enfermos, e os curarão. (Marcos 16:17,18)

Certa vez, um visitante tomou um rapaz assentado a seu lado, jogou-o no chão e começou a levantar e bater sua cabeça com toda força no chão. O agredido não sofreu nada grave e o agressor foi liberto para a glória de Deus. Lembro-me também que culto de oração lotava, tinha que chegar cedo para encontrar assento. Quem dera se hoje os cultos de oração enchessem como lotam os shows gospel, que a multidão ensandecida ovacionasse Jesus como idolatram os superastros do pop-gospel.

De todas as igrejas que visitei em São José dos Campos, das inúmeras denominações, somente em uma igreja pequenina em tamanho mas grandiosa quanto a Presença de Deus, vi o que via quando menino: oração, jejum e libertação. Somente lá Deus falou comigo por revelação genuína. Digo revelação de coisas que só Deus poderia saber e profecias que se cumpriram a risca e não as "profetadas" que se veem por aí.

Acaso Deus mudou? Acaso Deus só é Deus nessa igreja pequenina? Não! Fomos nós que mudamos e priorizamos tudo menos Deus. Como podemos conhecê-Lo sem estudar a Bíblia?! Como podemos senti-Lo sem santidade? Como podemos amá-Lo se não passamos nenhum momento com Ele? Não me refiro aos momentos que se vai à Igreja mecanicamente para fingir uma espiritualidade que não se tem, mas, àqueles a portas fechadas, só você e Deus.

Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. (Mateus 6:6,7)

Quantas vezes trocamos a presença de Deus pelas futilidades do mundo. Vaidade de Vaidades. Futilidades apetitosas à carne e perigosas ao espírito. Onde nos levará tal futilidade? Onde nos levará a carnalidade? Não nos afasta o pecado de Deus? E qual o lugar mais longe de Deus que o Inferno? Deus é misericordioso, mas também é igualmente justo. Aplicará Ele o justo Juízo e sentenciará o pecador ao lugar que merecemos. Ou ouvimos sua Voz e arrependemos de nossos maus caminhos ou não haverá escapatória senão a justa punição. Há uma Lei, há um Justo Juiz e também há um ardiloso acusador: o diabo, que tem diligentemente anotado nossa trajetória, nossas escapadas na Internet, aquilo que vemos e fazemos quando ninguém está olhando... daremos conta quando tudo for exposto durante o Grande Juízo.

Mas há um Redentor pelo qual podemos nos redimir. Os salvos em Jesus verão a Deus. Aqueles que foram comprados pelo Sangue de Cristo mas, mesmo para alguns destes, quão vergonhoso será chegar perante o Senhor de mãos vazias, sem nenhuma alma conquistada para Cristo. Quanto tempo poderíamos ter dedicado a Deus não fossem os vícios em Internet, TV, Netflix, diversões e prazeres mundanos. Não que devemos ser eremitas e erradicar a modernidade, mas precisamos rever nossas prioridades, separar nosso melhor tempo para Deus, buscá-Lo pelas madrugadas, clamar a Deus por nossa nação, clamar a Deus por nossas almas.

Rogo pois a Deus, que sejamos libertos de tudo isto, começando por mim mesmo. Que passemos das "virgens loucas" para as prudentes, aquelas que conservaram azeite em quantidade suficiente para receber o Noivo. Que nossas mentes sejam libertas das prisões psicológicas e espirituais que décadas de programação neurolinguística, shows e superestímulos causaram para voltarmos à simplicidade do evangelho, à vida piedosa, à vida cristã e à aparência de Cristo.