Por Jeremy James. Portal Zephaniah via A Espada do Espírito.
A Igreja com Propósitos, metodologia desenvolvida e promovida por Rick Warren, está levando milhões para longe do Cristianismo bíblico. Este ensaio mostra como esse novo modelo de igreja baseado nas necessidades de seus seguidores é, na verdade, uma falsificação engenhosamente criada do verdadeiro Cristianismo, em que as verdades essenciais da Bíblia são substituídas por conceitos enraizados na Psicologia moderna, no desenvolvimento pessoal, no pensamento positivo, na transformação social, na ciência da Administração e nas filosofias da Nova Era. Essa falsificação do Cristianismo é apoiada pelo uso cuidadosamente selecionado de 14 diferentes traduções e paráfrases da Bíblia, a maioria não é confiável e, portanto, perigosa para a instrução doutrinária.
Se você participa como membro de uma Igreja com Propósitos, então precisa considerar as informações apresentadas neste ensaio. Talvez você se considere um cristão nascido de novo, mas posso assegurar que, se estiver totalmente comprometido com a falsa teologia de Rick Warren, então você está em sérios problemas com o Senhor.
Pano de Fundo
Algumas informações de pano de fundo podem ser úteis. Minha conversão a Cristo ocorreu menos de dois anos atrás. Até os 19 anos vivi como um católico romano; depois, passei os 33 anos seguintes no Movimento de Nova Era. O Senhor em Sua misericórida me tirou das garras do inferno. Desde então tenho aprendido o quão enganoso o Movimento de Nova Era realmente é. Mas, também aprendi para minha grande surpresa que as mesmas forças da enganação estão extremamente ativas dentro da comunidade cristã professa. Heresia, apostasia e desvios são a norma! É bastante raro encontrar hoje uma igreja que pregue o verdadeiro Cristianismo bíblico, sem contemporização de qualquer tipo.
Dentre as muitas falsas versões de Cristianismo que encontrei desde minha conversão, nenhuma se compara com a de Rick Warren, em termos de pura enganação. Como saí do Movimento de Nova Era, sei muito bem como uma pequena mentira pode se acumular sobre outra de um modo muito sedutor, até que um reluzente palácio de ilusão fique pronto para ocupação pelos incautos.
O warrenismo é bem-sucedido porque nenhuma de suas mentiras é grande. É difícil (embora não impossível) apontar para uma passagem específica no livro Uma Vida com Propósitos e declarar, sem qualquer dúvida, que aquilo é falso. Apesar disso, a maior parte dos tijolos com os quais o palácio do Warrenismo é construído é ligeiramente irregular. Somente depois de um número suficiente deles ter sido colocado um sobre o outro é que podemos ver os vãos e desalinhamentos resultantes. O abrigo e segurança que o palácio deveria oferecer são apenas uma ilusão.
A Arte de Escrever uma Encenação, de Rick Warren
O warrenismo explora as maiores fraquezas na natureza humana. Em nosso estado caído, desejamos uniformidade, aceitação, reconhecimento e uma vida fácil. Queremos que nossas imperfeições sejam desconsideradas e que nossos talentos sejam aclamados. Ninguém quer ouvir que é um trapo de imundície aos olhos de Deus e que, por melhor que seja, se não nascer de novo em Cristo, está condenado ao inferno. Portanto, Warren toma o cuidado de NUNCA destacar esse fato espiritual devastador. Embora seja uma mensagem fundamental do Evangelho uma mensagem dura e atemorizadora de certo modo ela é empurrada para o segundo plano na teologia warrenista. O leitor do livro Uma Igreja com Propósitos é atraído mais e mais para o falso evangelho de Rick Warren pelo uso contínuo que ele faz de referências bíblicas. Ele cita cerca de 750 versos bíblicos nos 40 capítulos do livro, todos os quais parecem apoiar sua teologia não-ortodoxa.
Poucos leitores fazem a pergunta óbvia: se esta nova versão de Cristianismo é biblicamente sólida, então por que nunca foi ensinada antes? Afinal, se Warren estiver correto, então muitos gigantes da doutrina cristã estavam amargamente enganados. Podemos esquecer Matthew Henry, Matthew Poole, C. H. Spurgeon, John Wesley, Jonathan Edwards, H. A. Ironside, Vernon McGee, D. L. Moody, A. W. Tozer,
Martin Lloyd Jones, R. A. Torrey e muitos outros. Se Warren estiver correto, então esses homens estavam errados.
De fato, Warren tem uma confiança tão grande em suas visões que acredita que elas inaugurarão uma nova Reforma. (As ambições dele são equiparáveis somente à sua modéstia.)
Por outro lado, se Warren estiver enganado e não tenho dúvida que ele está então como foi que conseguiu enganar tantas pessoas? Como um grande mágico no palco, ele realizou um truque fabuloso que ninguém na audiência foi capaz de descobrir. Normalmente, as únicas pessoas que podem decifrar os segredos que estão por trás desses truques são outros mágicos que assistirem à apresentação. Durante meus 33 anos na Nova Era, fui uma parte inocente de muitas dessas enganações, de modo que (para minha vergonha) provavelmente me qualifico como um ex-mágico de palco. Assim, permita-me demonstrar como Rick Warren, o mestre da moderna arte de escrever encenações, realizou uma grande e fantástica ilusão.
Como Enganar Aqueles Que Sinceramente Buscam a Deus
Primeiro, para um bom truque funcionar, a audiência precisa estar convencida que ele é impossível. Warren prepara o palco, como se este existisse, citando Escrituras tão frequentemente que você passa a ter a certeza que cada movimento que ele faz é legítimo e à plena vista. Nenhum dos 40 capítulos de Uma Vida com Propósitos é muito longo, e cada um deles é bem fácil de entender. Ali, parece haver pouco espaço para uma manobra ou prestidigitação. Essa aparente simplicidade contribui muito para reforçar a ilusão.
Um bom mágico que faz apresentações no palco explora a tendência em sua audiência para fazer muitas suposições naturais. Em seguida, direcionando cuidadosamente a atenção da audiência, ele pode atrair as pessoas a focarem sua atenção para a parte errada do seu ato. Portanto, que parte do "ato" de Warren é a mais enganosa? Na verdade, é a parte em que você mais confia a própria Bíblia.
Isto somente se tornou possível por meio daquilo que pode ser descrito como "avanços na tecnologia". Os grandes mágicos de palco do século 19 estavam constantemente atentos às inovações científicas e técnicas, acerca das quais o público em geral ainda não estava informado. Eles então podiam criar novos atos que incorporavam secretamente aquelas técnicas avançadas.
Rick Warren explorou o equivalente religioso de um avanço na tecnologia, isto é, o aparecimento em décadas recentes de várias novas traduções da Bíblia. Essas traduções e paráfrases dão uma incrível liberdade de ação para qualquer um que queira fabricar novos conceitos doutrinários e, ao mesmo tempo, manter o verniz da autoridade das Escrituras. Warren explorou isto no máximo em Uma Vida com Propósitos, pois usou pelo menos 14 diferentes traduções e paráfrases da Bíblia para apoiar sua teologia artificial. (Veja a tabela a seguir.)
Múltiplas Versões da Bíblia
Rick Warren sabia que a maior parte do público não tem ideia que muitas dessas traduções modernas contêm sérias imprecisões. O padrão de erudição que está por trás delas é absolutamente terrível. Para um texto proposto ser considerado uma "nova" tradução para propósitos de direitos autorais, ele precisa diferir de todas as outras versões em uma frequência especificada. Assim, há um poderoso incentivo para que esses assim chamados eruditos emendem a Palavra de Deus de tantos modos quanto puderem. Somente assim eles podem acumular mudanças suficientes para permitir que seu "produto" se qualifique como uma nova versão da Bíblia, para fins de direitos autorais. Em outras palavras, o sistema incentiva a invenção, a má interpretação e a distorção. Algumas das assim chamadas "traduções" modernas são nada mais que uma descuidada paráfrase do original. Muitas delas são inadequadas até mesmo para propósitos devocionais e não há absolutamente justificativa alguma para usar qualquer uma delas para fundamentar uma nova posição doutrinária. Elas simplesmente não possuem o rigor e a exatidão necessários para esse propósito.
Mas, isto não deteve Rick Warren. Ele seguiu em frente, sabendo que poucos de seus leitores conheceriam as limitações do material que ele estava usando. Ele então "apanhou suas cerejas" ao longo do caminho, procurando entre as 14 versões da Bíblia, para encontrar qual delas trazia o verso traduzido da forma mais conveniente para ele. Se ficasse sem uma boa alternativa, ele sempre podia recorrer à Mensagem uma paráfrase da Bíblia que é tão pervertida que é vista por muitos como uma tentativa deliberada de solapar a Palavra de Deus revelada aos homens.
Como um mágico de palco experiente, Warren move-se com talento e desenvoltura pelos 40 capítulos. Quanto mais segura for a apresentação e mais onisciente o narrador, maior será a ilusão da audiência. O leitor é deixado com a certeza que o grande feito somente foi possível porque estava baseado na verdade.
Além disso, Warren usa aproximadamente 750 versos das Escrituras para reforçar essa percepção. Ele gosta especialmente de traduções que incluam palavras e conceitos que apareçem de forma proeminente em sua própria filosofia. Entre elas estão: propósito, visão, objetivo, foco, teste, realizar, relacionamento, amizade, imaginação, coração, experiência, atitude, capacidade, prática, bem-sucedido, mensagem, poder, mudança, plano, maduro, equilíbrio e integridade. Não é acidente que essas mesmas palavras apareçam frequentemente no vocabulário da Psicologia do desenvolvimento pessoal e da auto-estima.
VERSÕES DA BÍBLIA Usadas por Rick Warren | Vezes Usadas | % do Total | |
NLT | New Living Translation (1996) | 145 | 19% |
NIV | New International Version (1978) | 120 | 16% |
MSG | The Message (Bible) (1993) | 116 | 16% |
TEV | Today’s English Version / Good News Translation (1992) | 87 | 12% |
LB | Living Bible (1979) | 81 | 11% |
NCV | New Century Version (1991) | 63 | 8% |
CEV | Contemporary English Version (1995) | 55 | 7% |
GWT | God’s Word Translation (1995) | 31 | 4% |
KJV | King James Version (1611) | 14 | 2% |
PH | New Testament in Modern English (Phillips) (1958) | 11 | 1% |
NASB | New American Standard Bible (1973) | 8 | 1% |
NRSV | New Revised Standard Version (1990) | 5 | 1% |
AMP | Amplified Bible (1965) | 4 | 1% |
NJB | New Jerusalem Bible (1985) | 4 | 1% |
Número total de versos: | 744 | 100% |
As versões modernas da Bíblia utilizam muitas palavras vagas e inapropriadas deste tipo. É por isto que Warren baseia aproximadamente dois terços de suas citações em versões publicadas a partir de 1990. Quanto mais frequentemente o leitor encontrar essas palavras ambivalentes nos versos citados por Warren, mais provável é que ele aceite sua teologia.
VERSÕES DA BÍBLIA Publicadas a Partir de 1990 | Vezes Usadas | % do Total | |
NLT | New Living Translation (1996) | 145 | 19% |
MSG | The Message (Bible) (1993) | 116 | 16% |
TEV | Today’s English Version / Good News Translation (1992) | 87 | 12% |
NCV | New Century Version (1991) | 63 | 8% |
CEV | Contemporary English Version (1995) | 55 | 7% |
GWT | God’s Word Translation (1995) | 31 | 4% |
Número total de versos: | 497 | 66% |
Qualquer autor que faça uso de 14 versões da Bíblia em seu livro certamente tem pouco ou nenhum respeito por qualquer tradução. Isto é muito problemático, pois implica fortemente que nenhuma tradução é confiável. Se nenhuma tradução é confiável, então as doutrinas fundamentais do Cristianismo não podem ser definidas claramente por uma única fonte de autoridade. O único modo de podermos identificar quais são essas doutrinas é depender que um erudito bíblico nos mostre presumivelmente alguém como o próprio Rick Warren. Quando isto acontece, terminamos com uma doutrina de homens, com todos os erros, omissões e distorções que isso implica.
A Palavra Real de Deus
Precisamos nos lembrar que as Escrituras não são a expressão humana das ideias divinas. O Senhor não inspirou os profetas com pensamentos e imagens, mas com palavras reais. As próprias palavras são inspiradas. Assim, uma paráfrase nunca é mais do que um produto humano. Ela NÃO é a Palavra de Deus. De todas as Bíblias usadas por Rick Warren, somente a Tradução Autorizada do Rei Jaime (KJV) evita os problemas com as paráfrases e com a interpretação dinâmica, isto é, a redeclaração do texto original em uma linguagem mais acessível.
Portanto assim diz o SENHOR Deus dos Exércitos: Porquanto disseste tal palavra, eis que converterei as minhas palavras na tua boca em fogo, e a este povo em lenha, eles serão consumidos. (Jeremias 5:14)
O pastor Bob DeWaay chamou a atenção para o problema central no tratamento que Warren faz das Escrituras quando disse:
As Escrituras, sendo a própria voz do Espírito Santo aos homens, sempre precisam ser tratadas com um sentimento sagrado de temor e com o mais profundo respeito pelo significado do texto. (pág. 208).
A atitude liberal de Warren fica ainda mais salientada por outra técnica que ele usou em Uma Vida com Propósitos. Normalmente, quando um autor cristão cita um verso das Escrituras em um capítulo e sente a necessidade de repetir o mesmo verso em um capítulo posterior, ele simplesmente reproduz o mesmo texto. Isto é tão óbvio que nem precisaria ser mencionado. Mas, não é isto que Warren faz. Em pelo menos 121 ocasiões ele usa uma tradução diferente de um verso que já citou antes. Deste modo, ele é capaz de citar até mais versos da Escrituras em suporte à sua posição do que seria possível de outra forma. Em alguns casos, um mesmo verso é citado 3 ou 4 vezes, mas em traduções diferentes.
Se você se sente confortável com esta abordagem, então está rejeitando a metodologia usada ao longo de centenas de anos pelos eruditos e exegetas bíblicos. Se a identificação da sã doutrina depende da engenhosidade humana e de pessoas especiais que têm um talento para identificar a verdadeira Palavra de Deus, então cristãos sinceros em toda a parte estão à mercê de uma elite auto-indicada.
Qual é o Evangelho de Rick Warren?
Uma análise detalhada da Igreja com Propósitos requereria muito mais espaço do que está disponível para um ensaio de tamanho razoável, mas tentarei discutir as diferenças fundamentais entre o Evangelho de Warren e o verdadeiro Evangelho bíblico em algumas poucas páginas.
Vejamos primeiro o verdadeiro Evangelho para nos lembrarmos daquilo que a Bíblia realmente ensina:
O Evangelho Segundo a Bíblia
Todos os homens nascem sob a condenação de Deus. Eles estão destinados ao inferno, a não ser que se arrependam de todo o coração e aceitem o dom da salvação por meio do sangue de Cristo, que pagou a dívida do pecado para nós. Somente pelo novo nascimento é que podemos ser um novo homem regenerado, capaz de viver em submissão à vontade de Deus. Quando isto acontece, o Espírito Santo passa a fazer habitação permanente dentro de nós. Nosso viver diário com Cristo é construído com oração, adoração, estudo das Escrituras e separação dos valores deste mundo.
Este deveria ser o Evangelho ensinado pela Igreja com Propósitos, mas não é. Na verdade, é virtualmente impossível para um incrédulo, por meio do estudo cuidadoso de Uma Vida com Propósitos, destilar essa mensagem a partir de dentro das 300 páginas do livro. Se assim é, então o que irá o leitor mediano compreender como o "evangelho" no sistema de salvação de Warren? Esta é a pergunta que todos deveriam fazer, pois é central para aquilo que a Igreja com Propósitos representa.
Aqui está uma formulação plausível:
O Evangelho Segundo o Livro Uma Igreja com Propósitos
Deus o ama incondicionalmente. Ele quer que você seja feliz. Tudo o que você precisa fazer é confiar em Jesus e tudo dará certo para você. Você sempre deve viver com a compreensão que é especial e que está em uma jornada de autodescoberta. Trabalhando diariamente em seu relacionamento com Jesus e ajudando a melhorar o mundo, você está cumprindo sua missão e seu propósito na vida. É dever de todo cristão ir ao mundo e dizer a todos para confiarem em Jesus. Se todos nós fizermos isso, o mundo se tornará o lugar lindo que foi criado para ser.
Embora seja duvidoso que 100% dos membros da Igreja com Propósitos concordem plenamente com esta definição, acho que é correto dizer que a maioria a acharia amplamente aceitável.
Mas, compare-a com o evangelho baseado na Bíblia, definido acima! É óbvio que não estamos falando do mesmo evangelho. O abismo entre os dois não é meramente o resultado de abordagens divergentes para a exegese bíblica. A versão de Uma Igreja com Propósitos não pode sequer ser descrita como uma apresentação modernizada de uma mensagem tradicional. Não há como escapar da conclusão que os dois evangelhos são distintamente diferentes. Além disso, como a versão bíblica é a verdadeira, então a versão de Warren precisa ser considerada falsa.
Tendo dito isto, a versão de Warren desfruta, e continuará a desfrutar, de amplo apelo popular. As "boas novas" dele são mais agradáveis e mais confortadoras para os ouvidos e expectativas do pecador perdido. Elas também estão em uma sintonia muito maior com os tempos em que vivemos, em que a tolerância é mais valorizada que a verdade e a realização pessoal é mais valorizada que a exatidão doutrinária.
Anatomia do Warrenismo
Agora que sabemos em um sentido geral como o warrenismo difere do verdadeiro Cristianismo, podemos examinar mais de perto suas partes componentes e ver como elas simulam a mensagem do Evangelho. Quando comecei a compilar os materiais para este ensaio, esperava encontrar cinco ou seis diferenças fundamentais. Entretanto, por mais desconcertante que possa ser, o número final foi consideravelmente maior.
A tabela abaixo lista todos os modos como a teologia Orientada por Propósitos difere da verdadeira teologia cristã. As diferenças não são cosméticas ou superficiais, mas, em muitos casos, são profundas, e em todos os casos são substanciais. Embora possa existir certo grau de sobreposição entre alguns dos fatores, tomados coletivamente eles constituem duas teologias incompatíveis e completamente diferentes. É bem claro que nenhum cristão poderia subscrever a ambas as teologias ao mesmo tempo. Se você aceita a teologia bíblica, conforme definida nos escritos de dezenas de respeitáveis eruditos bíblicos ao longo dos últimos 300 anos ou mais, então a teologia warrenista pode parecer uma triste e excêntrica paródia daquilo que Deus realmente disse para nosso benefício.
Elementos Básicos da Teologia Cristã | Elementos Básicos da Teologia de Warren | |
1 | Arrependimento | Entristecimento na Alma |
2 | Fé | Sentimento |
3 | Pecado | Erros |
4 | Graça | Resultados |
5 | Igreja | Equipe |
6 | Orientada para o crente | Orientada para o descrente |
7 | Evangelismo | Marketing |
8 | Julgamento | Reforma |
9 | Renascimento | Comprometimento |
10 | Humildade | Auto-Estima |
11 | Necessidade Adâmica | Necessidade Sentida |
12 | Santificação | Auto-Aprimoramento |
13 | Profecia | Auto-Ajuda |
14 | Negar a si mesmo | Autorrealização |
15 | Doutrina | Diálogo |
16 | Redenção | Aceitação |
17 | Separação | Envolvimento |
18 | Oração | Técnicas |
19 | Escrituras | Manuais |
20 | Adoração | Auto-Expressão |
- Warren Substituiu Arrependimento por Entristecimento
- Warren Substituiu Fé por Sentimentos
- Warren Substituiu Pecado por Erros
- Warren Substituiu a Graça por Resultados
- Warren Substituiu a Igreja por uma Equipe Dirigida por uma Visão
- Warren Substituiu a Igreja Baseada em Crentes por uma Igreja Baseada em Descrentes
- Warren Substituiu o Evangelismo pelo Marketing
- Warren Substituiu o Julgamento pela Reforma
- Warren Substituiu o Novo Nascimento pelo Compromisso
- Warren Substituiu Humildade por Auto-Estima
- Warren Substituiu a Necessidade Adâmica por Necessidade Sentidas
- Warren Substituiu a Santificação pelo Auto-Aperfeiçoamento
- Warren Substituiu a Profecia pela Auto-Ajuda
- Warren Substituiu a Negação a si Mesmo pela Autorrealização
- Warren Substituiu Doutrina por Diálogo
- Warren Substituiu Redenção por Aceitação
- Warren Substituiu Separação por Envolvimento
- Warren Substituiu a Oração por Técnicas
- Warren Substituiu as Escrituras por Manuais
- Warren Substituiu Adoração por Auto-Expressão
Warren não enfatiza a verdade central sobre o homem, isto é, que ele está sob a condenação de Deus. A verdade é reconhecida, é claro, mas é silenciosamente colocada no segundo plano. Como resultado, os membros de uma Igreja com Propósitos tendem a perceber seu estado caído em termos de uma condição metafísica, um desalinhamento geral com Deus que afeta toda a humanidade. Eles não são ensinados que estão pessoalmente sob condenação do Todo-Poderoso, que eles pessoalmente pecaram e se rebelaram contra Deus e que precisam pessoalmente se arrepender. Esta prestação de contas direta a Deus é substituída por um vago senso que o homem se desviou e somente necessita voltar para os trilhos. Como resultado, o verdadeiro arrependimento é substituído por um entristecimento.
O pastor David Cloud fez a seguinte observação:
A abordagem incrivelmente rasa de Warren permite que qualquer pessoa que admita que é um pecador em qualquer sentido faça uma oração e então pense que é um genuíno cristão, embora possa continuar a negar aquilo que a Bíblia diz sobre o pecado.
O significado da fé e do poder da fé são vagos e pouco convincentes nos escritos de Warren. Ele fala repetidamente da fé em termos de uma sintonia emocional com Cristo. A fé é tratada como uma atitude ou uma disposição psicológica, em vez de uma crença incondicional no sangue salvífico de Cristo. Em Uma Igreja com Propósitos, fé é algo que cresce por meio do serviço, enquanto que a Bíblia diz que "a fé vem pelo ouvir, e ouvir pela Palavra de Deus". Essa verdade central não pode ser enfatizada pelo livro, pois isso requereria uma Bíblia com autoridade, não uma proliferação de traduções, versões e paráfrases.
Warren minimiza grandemente a ofensa do pecado, o fato que este é profundamente repugnante aos olhos de Deus. Em vez disso, o pecado é tratado como algo semelhante ao mau comportamento de uma criança rebelde. Deus é retratado como um pai paciente que gradualmente instrui a criança na direção certa e a faz se comportar da forma correta. Mas, esta é uma falsa doutrina. O pecado não é um comportamento errado ou imperfeito, mas a própria essência da rebelião. Deus não tolera o pecado do mesmo modo como um pai tolera certo nível de conduta imprópria de uma criança. A realidade é que Deus odeia o pecado. Além disso, o pecado nos separa de Deus. O pecado não pode ser retratado do mesmo modo como um erro, pois isso trivializa a magnitude daquilo que Cristo obteve por nós na cruz.
Um tema recorrente em toda a filosofia Propósitos é que a graça se torna evidente por meio dos resultados que alcançamos enquanto servimos a Deus. Isto fica implícito de vários modos e em graus variados, mas a conclusão é sempre a mesma: se você recebeu a graça de Deus, então ela se manifestará de uma forma que mundo possa ver. Mas, esta doutrina não se encontra em parte alguma da Bíblia. A graça e as bênçãos de Deus podem nunca se manifestar de uma forma que os outros possam ver. Por exemplo, considere o profeta Jeremias. Ele recebeu a viva Palavra de Deus durante muitos e muitos anos e a pregou destemidamente, porém sem resultados. Ninguém lhe deu ouvidos. Noé pregou por mais de 120 anos e não conseguiu a conversão de nem um pecador. A Igreja com Propósitos teria rejeitado ambos esses homens extraordinários como grandes fracassos.
A Igreja com Propósitos coloca grande ênfase na visão. Como um objetivo de longo prazo, isto implica a interação e interdependência entre os objetivos individuais e corporativos, onde os membros trabalham juntos ao longo de um período de anos para alcançar algo que eles acreditam que Deus deseja. O problema com isto é que redefine a igreja, não como um organismo vivo dirigido pelo nosso Sumo Sacerdote, mas como uma equipe cujo propósito é determinado pela vontade coletiva de seus membros.
Esta abordagem deixa de ver que a igreja é diferente de qualquer organização terreal e que as regras que se aplicam às organizações terreais não se aplicam (e nem podem ser aplicadas) a ela. No momento em que aplicamos os princípios da ciência da Administração a uma igreja, temos não mais uma igreja, mas uma equipe dirigida por uma visão.
Ninguém pode redefinir o Evangelho, pois ele nos foi dado por Deus. Nossa tarefa como cristãos é a de pregar o Evangelho no pleno sentido bíblico, sem contemporizar e sem fazer edições cuidadosas na mensagem. A mensagem é na verdade dolorosa, pelo menos no início, aos ouvidos dos homens caídos. Ninguém vem ao arrependimento sem reconhecer primeiro que é completamente indigno aos olhos de Deus. Se o Evangelho for diluído em água de alguma forma para se adaptar às necessidades da audiência, então ele simplesmente não é mais o Evangelho. Ele pode ser uma mensagem edificante e admirável em muitos sentidos, mas não é o Evangelho e não levará ao arrependimento. Portanto, uma igreja construída com base nas necessidades observadas dos descrentes é espiritualmente vazia; é vazia do verdadeiro alimento espiritual. Ela pode parecer boa, pelo menos por um tempo, mas não levará ninguém ao novo nascimento em Cristo.
O Evangelho não é um produto e não pode ser anunciado usando-se técnicas do marketing empresarial. Na verdade, no sentido mais fundamental, o Evangelho está em conflito com os valores do mundo, enquanto que as técnicas do marketing, por sua própria natureza, têm o propósito de refletir e incorporar esses valores. Um evangelista não é um vendedor; ele não tem nada a vender. A tarefa principal dele é trazer os ouvintes ao arrependimento, ajudá-los a reconhecer que são profundamente caídos e que estão sob condenação, mas que o Senhor, em Sua misericórdia, providenciou um meio muito específico de salvação por meio do sangue de Seu Filho. Estas notícias são as "boas novas", mas somente porque o ouvinte compreende e aceita as "más novas" sobre sua própria condição espiritual. O marketing sempre e somente enfatiza uma mensagem otimista. A Igreja com Propósitos não está disposta e também é incapaz de transmitir as más novas.
A Igreja com Propósitos minimiza grandemente o julgamento de Deus. Como resultado, ela também minimiza o julgamento justo que todo cristão deveria exercer na condenação ao pecado. Isto é sutilmente interpretado como intolerância e "fundamentalismo" pela Igreja com Propósitos. Se alguém verdadeiramente ama outra pessoa, nunca mostra a ela nada menos que total respeito. Mas, isto confunde o pecado com o pecador. A Bíblia nos ensina a amar o pecador, mas não o pecado. Devemos odiar o pecado como Deus odeia o pecado. A Igreja com Propósitos procura modificar o mundo sem julgá-lo, promover reforma sem enfaticamente rejeitar o pecado que torna o arrependimento necessário.
Muitos descrentes têm grande dificuldade com a doutrina cristã do novo nascimento. Até mesmo muitos cristãos professos estão confusos com a doutrina. O erro de concepção mais comum é que a mudança espiritual fundamental que ocorre quando o indivíduo "nasce de novo" é alcançada gradualmente, por meio de um processo que se estende por um período de tempo e que é facilitado pelas boas obras e serviço que o indivíduo preste a Deus.
Por mais nobre que isto possa parecer, é na verdade falso. No dia em que o indivíduo realmente se arrepende e vem a Cristo, ele nasce de novo. O renascimento não é um processo, mas sim um evento. A Igreja com Propósitos é muito vaga sobre o novo nascimento e, frequentemente, parece equipará-lo a um processo. Warren parece determinado a se afastar da doutrina do novo nascimento, pois ela tem cheiro de "fundamentalismo" e é o tipo de teologia preto-e-branco que ele acredita ser inadequado para um cristão moderno e de mente aberta. Embora isto não seja declarado claramente, a Igreja com Propósitos parece assumir que qualquer um que se torne membro é nascido de novo.
É claro que a dura realidade é que ser membro de uma igreja por si só não salva ninguém. Entretanto, ao implicar que sim, mesmo que indiretamente, Warren está fazendo um terrível desserviço aos membros da igreja. (O pastor David Cloud chama isto de "um crime e uma desgraça ao Cristianismo" The Calvinism Debate, pág. 48).
Além disso, ao requerer que os interessados assinem um compromisso como condição para se tornarem membros, a Igreja com Propósito está descaradamente violando a proibição bíblica sobre juramentos. Esta é um técnica bem-conhecida entre as organizações de Nova Era, que a usam para estabelecer um domínio sobre seus membros e criar uma sutil sensação de exclusividade.
Em nós mesmos, ou acerca de nós mesmos, não temos razão para nos sentirmos merecedores da graça de Deus. O merecimento vem somente por meio do sangue purificador de Cristo. Entretanto, a pessoa incrédula e perdida não sabe disso. Ele acha que certamente tem algum valor intrínseco aos olhos de Deus, e estima esse merecimento em termos de suas realizações na vida. A Psicologia frequentemente equipara a boa saúde mental e emocional com a elevada auto-estima e a um forte senso de autovalorização. E isto é, em grande parte, o que a Igreja com Propósito faz. Como a Escola de Cristianismo de Robert Schuller (NT: Televangelista e fundador da Catedral de Cristal, na Califórnia; pregava o Evangelho da Auto-Estima), ela ensina que o cristão somente pode alcançar seu pleno potencial se desenvolver uma porção saudável de auto-estima. A força obtida o capacitará a servir a Cristo no mundo. Mas, nada disto é bíblico. Cristo declarou diversas vezes que os últimos serão os primeiros e que os primeiros serão os últimos. A força para servir não depende da auto-estima, mas da confiança em Deus e da alegria de obedecer à Sua santa vontade. Muitos dos servos escolhidos de Deus se sentiram profundamente indignos de seu chamado Moisés, Jeremias, Gideão, Pedro, etc. Nenhum deles teria sido aprovado na Igreja com Propósitos.
A Igreja com Propósito é um ministério muito baseado nas necessidades, mas as necessidades que ela enfoca são aquelas que seus próprios membros identificam. Essas necessidades são conhecidas como necessidades sentidas, ou observadas. O problema com esta abordagem é que temos necessidades mais profundas as necessidades espirituais que são não fáceis de discernir.
Algumas necessidades estão além dos limites de nossa compreensão. Elas surgem principalmente pelo fato de sermos descendentes de Adão em seu estado de homem caído. Somente o Espírito Santo pode trazê-las para nossa atenção. A condição de homem caído é tão severa que o próprio homem pode não reconhecer esse seu estado e, se não fosse pela graça de Deus, algumas vezes chamada de graça preveniente, o homem nunca chegaria a esse reconhecimento.
A Igreja com Propósitos ignora a seriedade das nossas necessidades adâmicas, as fatais deficiências em nosso ser que, por nossos próprios recursos, nunca poderemos solucionar.
O conceito de santificação é desconhecido para o mundo em que vivemos hoje. Santificação significa separação para os própósitos de Deus, e para Deus somente. Isto não é algo que possamos alcançar por nossos próprios esforços, pois somente Deus pode definir Seus propósitos. Assim, o cristão pede ao Senhor em oração para santificar um aspecto de sua vida. Por outro lado, o auto-aperfeiçoamento é algo que podemos alcançar por nossos próprios esforços.
A Igreja com Propósitos coloca muita atenção no auto-aperfeiçoamento, pois isto habilita seus membros a construírem as habilidades que eles necessitam para servir a Deus, para se tornarem pessoas melhores e alcançarem maior sucesso na vida. O aspecto negativo é que isto induz os membros a dependerem menos do poder de Deus em suas vidas e a confiarem mais em seus próprios recursos.
Confia no SENHOR de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. (Provérbios 3:5)
Depender de si mesmo e ser autossuficiente parecem ser uma parte integral da filosofia de Warren. Embora sejam altamente considerados na Psicologia moderna, não são bíblicos, pois deixam de reconhecer nossa completa e total dependência de Deus para todas as coisas.
Clamarei ao Deus altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa. (Salmos 57:2)
Esta pode parecer uma substituição estranha, mas se encaixa no padrão da Igreja com Propósitos. Cerca de 25% de toda a Bíblia é dedicado à profecia. Isto somente mostra a importância que Deus dá à profecia. Por meio da profecia o Senhor nos mostra o poder de Sua santa vontade, as consequências para o homem se ele se afastar do conselho de Deus e a execução inevitável dos julgamentos divinos.
Assim, a profecia está vinculada diretamente com várias questões que a Igreja com Propósitos não se sente à vontade para tratar pecado, obediência, julgamento e condenação. As consequências para o homem de resistir à santa vontade de Deus são simplesmente devastadoras. Mas, este não é um tema que a otimista Igreja com Propósitos queira seguir. Em vez disso, ela prefere enfocar a Bíblia como um manual de auto-ajuda que, se usada corretamente, melhorará nossas vidas em muitos aspectos.
O Evangelho salienta a depravação do homem, sua tendência inata para cometer o pecado e a preferir antes o mal do que o bem. O homem somente pode superar essa tendência poderosa se nascer de novo em Cristo. Não há outra forma. Isto significa que quando o Espírito Santo faz residência dentro do homem nascido de novo, esse homem passa a ter o poder de resistir ao mal e de fazer o bem. A antiga natureza pecaminosa precisa ser negada e seus apetites deixados sem serem satisfeitos.
Ao viver nessa nova natureza e negar a antiga, o cristão nascido de novo encontra alegria em sua vida. A Igreja com Propósitos comete o erro de identificar a autorrealização com a alegria. A alegria cristã não é orientada por propósitos. Ela vem unicamente de viver em obediência à vontade de Deus. A autorrealização, por outro lado, está vinculada com o alcance dos objetivos que estabelecemos para nós mesmos. A triste realidade é que uma existência autorrealizada pode ser obtida enquanto ainda se vive na velha natureza.
A comunicação e o diálogo são importantes blocos de construção na Igreja com Propósito. Eles permitem que as pessoas explorem suas necessidades sentidas, busquem informações de retroalimentação e suporte e usem a sabedoria das Escrituras para encontrar soluções práticas para seus problemas cotidianos. Isto em si mesmo não deveria ser uma fonte de dificuldade, mas perde-se seriamente quando trata as Escrituras principalmente como uma ferramenta para solução de problemas.
O poder e relevância das Escrituras na Igreja com Propósitos são frequentemente determinados pela forma como elas tratam nossas necessidades imediatas. Quando esta atitude prevalece, o conteúdo doutrinário das Escrituras é empurrado para o segundo plano. A Bíblia se torna uma manual de auto-ajuda, um livro-guia sobre como viver a vida bem-sucedida e pouca ou nenhuma atenção é data às incontáveis verdades que o Senhor quer nos ensinar por meio de Sua santa Palavra; verdades que podem ter pouca ou nenhuma relevância para nossas necessidades sentidas.
A ausência de uma forte e claramente definida doutrina da salvação na Igreja com Propósitos é uma deficiência extremamente séria.
Em todos os seus escritos, Warren implica que Deus prontamente nos aceitará no momento em que O aceitarmos. É como se Deus estivesse forçado a nos salvar no momento em que proclamamos Jesus como nosso Senhor e Salvador. Mas, isto é enganoso, pois negligencia o fato que Deus nos aceita SOMENTE porque Cristo nos redimiu com Seu sangue e pagou a dívida do pecado por nós. De nós mesmos não há uma única coisa que possamos fazer para agradar a Deus e absolutamente base alguma em que Deus possa nos "aceitar", a não ser que reconheçamos nossa completa miséria e nossa total dependência do sangue de Seu Filho. Somente então o arrependimento é possível. Somente então a adoção é possível por meio da fé. Somente então, por meio do sangue de Cristo, somos redimidos e nascemos de novo.
Este princípio essencial da salvação fica completamente perdido debaixo das muitas "visões" que dirigem a Igreja com Propósitos.
Separação é um importante ensino bíblico. O cristão vive no mundo, mas não é do mundo. Os valores do cristão não são os valores do mundo e podem parecer irracionais ou hipócritas para uma pessoa mundana.
... não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. (Tiago 4:4)
O membro da Igreja com Propósitos é instruído a formar uma ponte com o mundo para alcançar os descrentes. De modo a fazer isto, ele precisa manter um foco contínuo nas necessidades observadas dos descrentes que por definição, são moldadas pelo mundo e pelos valores do mundo. Portanto, em vez de se separar o tanto quanto possível deste domínio terreal e pecaminoso, o membro da Igreja com Propósitos é incentivado a manter familiaridade com o mundo e com seus valores.
A verdade é que nenhum cristão está qualificado para avaliar as necessidades sentidas de outra pessoa. Somente o Espírito Santo conhece essas necessidades e somente Ele pode convencer o descrente de sua pecaminosidade. A tarefa do cristão é simplesmente pregar o Evangelho, a completa Palavra de Deus, sem hesitação e sem contemporização. Isto somente poderá ser feito se o cristão estiver separado do mundo e de seus valores.
Satanás odeia a oração porque, por meio dela, os homens podem invocar a Deus. Deus é o único que tem poder para derrotar Satanás. Assim, Satanás tenta de todas as formas possíveis induzir os homens a fazerem qualquer coisa que não seja orar. Uma das estratégias favoritas dele é fazer os homens usarem técnicas que são similares à oração, mas que não alcançam nada de bom. Entre elas estão a meditação, a contemplação, a introspecção silenciosa, a oração repetitiva, yôga, cantos e recitações de mantras, o Labirinto, Lectio Divina ("Oração Centrante"), etc. Warren aprova o uso da "Oração Aspirada" "a silenciosa repetição de uma frase positiva ao longo de todo o dia e a técnica do Irmão Lourenço conhecida como "prática da presença de Deus". Ambas essas técnicas tiveram origem no Catolicismo Romano e não têm base bíblica.
A Igreja com Propósitos desenvolveu um extenso programa de treinamento para pastores e membros. Isto tem o objetivo de inculcar a filosofia e a metodologia que eles acreditam serem necessárias para fazer o "marketing" do Cristianismo. Na prática, esses textos evangélicos e missionários podem ter tanta influência sobre a compreensão que os indivíduos têm do Cristianismo quanto a própria Bíblia.
No Apêndice 2 de Uma Vida com Propósitos, intitulado "Recursos", Warren lista os livros e outros materiais que ele recomenda para construir aquilo que chama de disciplinas espirituais. Mais de doze recursos são citados e todos produzidos por Rick Warren!
Mesmo quando as Escrituras são usadas, elas são fortemente enviesadas em direção à mentalidade Propósitos. Isto é especialmente evidente no principal livro-texto, A Vida com Propósitos. Como o pastor Bob DeWaay observou: "O mau uso das Escrituras é tão disseminado em Uma Vida com Propósitos que um livro inteiro poderia ser escrito apenas para corrigir todas as ocorrências." (Redefining Christianity, pág. 110). Mais tarde ele diz: "A partir da fundação deficiente de Escrituras citadas fora do contexto, mal-interpretadas e mal-aplicadas, acoplada com uma filosofia relativista... Warren constrói sua própria estrutura repleta com fortes afirmações." (pág. 132).
A Bíblia deixa bem claro que a Palavra, e ela somente, deve guiar nossas ações. Veja, por exemplo, o Salmo 119. Quaisquer outros textos, mesmo os Comentários Bíblicos que adquiram uma boa reputação ao longo do tempo, são apenas para propósitos de elucidação. Eles não podem dirigir nossas ações de forma alguma.
Um tema central nas Epístolas Paulinas é a correção das falsas doutrinas. Repetidamente o grande apóstolo enfoca os incontáveis modos como Satanás corrompe o verdadeiro Evangelho com falsas doutrinas e com a sabedoria dos homens. A batalha contra a falsa doutrina é um dos verdadeiros grandes desafios que a igreja sempre teve de enfrentar, porém a Igreja com Propósitos nem mesmo reconhece isto como um problema. Pode-se pesquisar em vão nas páginas de Uma Vida com Propósitos e Uma Igreja com Propósitos à procura do mínimo reconhecimento desse perigo perpétuo e do grande dano que ele pode fazer ao Cristianismo bíblico.
A triste realidade é que a Igreja com Propósito é uma igreja dirigida por um propósito, não uma igreja dirigida pela Bíblia.
A Igreja com Propósitos é fortemente orientada para uma forma de adoração com a qual os incrédulos possam prontamente se identificar. Isto significa usar a música e outras formas de auto-expressão que predominam na sociedade.
Durante a adoração, a ênfase é colocada nas necessidades dos incrédulos que não são ainda capazes de oferecerem uma verdadeira adoração a Deus. Em vez de enfocar unicamente no Senhor, em humildade e reverência, a igreja é distraída pelas necessidades observadas dos incrédulos.
A música que celebra o mundo não pode agradar a Deus. Isto deveria ser óbvio, porém, por alguma razão, muitos que se dizem cristãos não enxergam isto hoje. Como o pastor David Cloud observou: "Embora em parte alguma a Bíblia diga ou sugira que Deus aprecia todos os tipos de música, somos levados a acreditar que Ele aprecia, pois Rick Warren assim nos diz." (3 de abril de 2007).
A Igreja Orientada por Propósitos
O leitor que chegou até este ponto certamente suspeita que há alguma coisa muito errada com a Igreja com Propósitos. O fundador da metodologia não começou com a Bíblia e com a mensagem que o Senhor tem para nossa salvação, mas com uma visão pessoal do que o Cristianismo deveria ser. Ele então desenvolveu sua visão com muito cuidado, usando inúmeras traduções da Escrituras, procurando versos que apoiassem suas opiniões. Se este foi um esforço sincero da parte dele, ou não, é algo que não posso dizer, mas foi certamente mal-orientado. O resultado é um "evangelho" que não pode salvar.
Em seu estudo altamente crítico de Uma Igreja com Propósito, Warren Smith fez a seguinte observação:
Rick Warren ensina somente aquilo que deseja ensinar da Bíblia. Como resultado, existem muitos ensinos importantes que ele evita, minimiza, ou deixa de fora particularmente em relação à profecia e à enganação espiritual. (A Wonderful Deception, 2009)
O pastor Bob DeWaay, que também realizou um estudo minucioso de Uma Igreja com Propósitos em seu excelente livro Redefining Christianity, chegou à seguinte conclusão:
Warren redefiniu tanto os principais pontos (o Evangelho, a Bíblia, a igreja, comunhão, adoração, discipulado, evangelismo e missões) que efetivamente redefiniu o Cristianismo.
Aspectos do Warrenismo Que se Assemelham a uma Seita
Se dermos alguns passos para trás por um momento, podemos ver que a Igreja com Propósitos tem muitas das características que normalmente estão associadas com uma seita:
- Um líder ou guru carismático e com autoridade.
- Uma literatura própria, que se propõe a conter toda a verdade.
- Um regime formal de membros, com exclusão para aqueles que não obedecem.
- Uma interpretação seletiva da Bíblia, repleta de idiossincrasias.
- Um modo normatizado de lidar com os problemas da vida.
- Uma forte ênfase na participação como membro da igreja e no crescimento numérico.
- Uma atitude de muro de pedra com relação às críticas.
- Uma forte ênfase em atividades em grupo e em conformidade ao grupo.
- Uma expectativa de total comprometimento.
- Uma crença firme de poder mudar o mundo.
- Uma terminologia própria, compreendida somente por aqueles que participam da igreja.
- Uma lista crescente de ex-membros agravados.
Conclusão
Vivemos em uma época dominada pela enganação. Se você participa como membro de uma Igreja com Propósitos, peço que analise cuidadosamente os pontos apresentados neste ensaio. Se você não conseguir refutá-los satisfatoriamente, então a continuação de sua participação na versão de Cristianismo redefinida por Rick Warren não é mais defensável. Procure encontrar uma igreja bíblica sólida, onde o verdadeiro Evangelho seja pregado destemidamente, sem contemporização.
Como o pastor Bob DeWaay observa corretamente, nosso tempo está se esgotando. O maior problema de todos, o "GIGANTE", como ele diz, "é a ira de Deus dirigida contra os pecados da humanidade, que tem se acumulado, rendido juros, e que está prestes a transbordar em um julgamento cataclísmico em escala mundial."
Somente oração, arrependimento e pregação do verdadeiro Evangelho é que poderão fazer alguma diferença.
Referências Bibliográficas
- David Cloud, The Calvinism Debate, 2006.
- David Cloud, A Review of Rick Warren’s The Purpose Driven Life, Fundamental Baptist Information Service, 3 de abril de 2007.
- Bob DeWaay, Redefining Christianity: Understanding the Purpose Driven Life Movement, 2006
- Gary Kah, The New World Religion, 1999.
- Roger Oakland, Faith Undone: The Emerging Church – A New Reformation or an End-Time Deception?, 2007
- Warren Smith, Deceived on Purpose: The New Age Implications of the Purpose-Driven Church, 2006.
- Warren Smith, A Wonderful Deception: The Further New Age Implications of the Emerging Purpose Driven Movement, 2009
- Rick Warren, The Purpose Driven Life: What On Earth Am I Here For? 2002.
- Rick Warren, The Purpose Driven Church: Growth Without Compromising Your Message and Mission, 1996.
- Ray Yungen, A Time of Departing: How Ancient Mystical Practices are Uniting Christians with the World’s Religions, 2006.