10/04/2016

Nazi Breaking Bad

Por Israel C. S. Rocha.

James Holland historiador da Segunda Guerra Mundial revela no Documentário "Nazi Secret Files: Nazi on Drugs" como o Crystal Meth tornou possível as Blitzkrieg e quase levaram os nazistas a conquistar o mundo. As metanfetaminas, como as do seriado Breaking Bad, transformaram os jovens alemães em super soldados capazes de marcharem por dias sem dormir e sem se cansarem.

A droga tinha o nome fantasia Pervitin e se popularizou na Alemanha pouco antes da guerra, por volta de 1937-1938, vendida por uma empresa farmacêutica como a solução para a depressão e a fadiga. "Estás triste? Tome um Pervitin", diziam eles.

Logo o Estado-Maior de Hitler perceberia e provaria nos campos de batalha o potencial do Pervitin para criar soldados a prova de cansaço e medo, além de um efeito colateral inesperado porém surpreendentemente "bom": a droga suprimia qualquer empatia e compaixão dos soldados, tornando-os máquinas assassinas incansáveis e sem qualquer misericórdia.

Frasco de Pervitin - a milagrosa droga da II GM.

Mesmo a alegada supremacia ariana pregada pelo Partido Nazista não poderia explicar os tanques que se moviam por três dias ininterruptamente e soldados que não perdiam a precisão de tiro mesmo após dias a fio de batalha intensa. Os Aliados desconfiavam do uso de drogas, mas, a certeza só veio quando um avião de combate alemão foi abatido e nos destroços encontraram uma bolsa contendo um frasco com uma substância, que os cientistas britânicos não puderam identificar. A substância, segundo Holland era o Crystal Meth.

"Isto muda a forma como entendemos a Segunda Guerra" - afirma Holland. A droga mudou as estratégias de combate, pois, eventos dantes impossíveis se materializaram em avanços sem precedentes da infantaria nazista. A droga estava não só nos campos de batalha, mas também no alto escalão de comando, ditando as decisões dos senhores da guerra nazistas inflando-os da megalomania que custou a vida de incontáveis vidas.

Campo de Concentração de Dachau quando já ocupado pelos Aliados.

Adolf Hitler, recebia injeções diárias de Pervitin como parte do tratamento de seu transtorno bipolar. Sem elas, segundo o historiador, Hitler não conseguia sair da cama durante suas longas crises de depressão. Pensar que muitas decisões foram tomadas por militares entorpecidos por metanfetaminas é assustador. A droga os fazia ter a certeza que a vitória era certa, a despeito de qualquer ameaça palpável.

Mas, o uso contínuo da droga, em média uma pílula a cada 8h, levou muitos soldados a episódios de alucinação e psicose. Em uma batalha contra os russos, soldados nazistas descarregaram toda sua munição em alvos imaginários e, quando o real confronto aconteceu, foram capturados pelos russos completamente indefesos. Na fragorosa derrota que Hitler sofreu nas mãos de Stálin em Stalingrado, os soldados em recuada tomaram altas doses de Pervitin para resistir à dor excruciante do implacável inverno russo. A droga suprimiu a dor a ponto de não perceberem a necrose completa das extremidades de seus membros.

Invasão da Normandia - Dia D.

Os Aliados também se renderam às metanfetaminas como diferencial nos campos de batalha. Cientistas britânicos desenvolveram a Benzendrina, comumente chamada de "bennies". As tropas que desembarcaram na Normandia no Dia D, o fizeram drogados sob o embalo encorajador da Benzendrina. A droga milagrosa talvez explique o avanço destemido dos soldados mesmo sob pesado fogo inimigo.

A História descoberta por Holland é realmente curiosa e esclarece muita coisa, como a crueldade implacável dos nazistas e a megalomania dos construtores do III Reich. Explica o incrivelmente rápido avanço da tropas nazistas nas blitzkrieg e como podiam lutar por tantos dias sem se cansarem. Explica o entusiasmo quase demoníaco dos inflamados discursos de Hitler e sua "Kampf" contra os judeus, Deus e o mundo. Um "nóia" quase conquistou o mundo, um "nóia" drogado por metanfetamina quase subjugou toda a terra e muitos ainda defendem sua luta. Nada justifica uma guerra, mas muita coisa a explica como interesses escusos, escravidão pela obsessão de poder e agora, a megalomania "Breaking Bad" embalada pelo "Crystal Meth".