Por Israel C. S. Rocha.
A Inquisição Católica, valendo-se de instrumentos diabolicamente sádicos e cruéis, torturou e matou milhares de "hereges": pessoas acusadas de bruxaria ou oor que simplesmente discordavam da prática católica e o domínio papal, como os valdenses e anabatistas. Criada pelo papa Gregório IX no século XIII, a Inquisição constitui um dos momentos mais terríveis da História.
Não obstante, Angelo Adriano Faria de Assis, professor da Universidade Federal de Viçosa, desnudando o lado obscuro da reforma protestante em seu artigo Inquisição Protestante, revela os crimes também cometidos por Lutero e Calvino. Lutero também perseguiu os Anabatistas e Calvino era chamado de o papa de Genebra. Segundo o prof. Assis, Calvino estabeleceu uma espécie de "Gestapo da fé", vigiando, espionando e até mesmo torturando e matando opositores.
Opositores como Miguel Servet, teólogo, médico e filósofo espanhol, foi o primeiro europeu a descrever a circulação pulmonar. Condenado por católicos e protestantes por não crer no dogma da trindade, Servet, foi preso em Genebra e queimado na fogueira em 1553 como um herege, por ordem do Conselho de Genebra presidido por Calvino.
Quer seja pela mão de judeus, de Roma, da Jihad, da Inquisição Católica ou Protestante, o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus, sempre foi derramado. O sangue dos santos mártires, muito dos quais clamavam a Deus por seus algozes enquanto agonizavam.
E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração. (Apocalipse 17:6)
O Inferno sempre se levantou contra o verdadeiro cristão, os santos sempre foram perseguidos e odiados por servirem a Cristo, pelo que Jesus nos advertiu:
Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vo-são; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. (Mateus 24:9)
E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo. (Mateus 10:22)
E nos admoestou a não temer a morte:
E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. (Mateus 10:28)
Ou ainda como Paulo nos ensinou:
Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. (Romanos 8:36-39)
Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. (Filipenses 1:21)
Os Anabatistas
De acordo com o portal Monergismo, o anabatismo "basicamente reivindicava separação entre Igreja e Estado e a não aceitação do batismo infantil". Assim, promoviam o rebatismo na fase adulta e por isso a alcunha de anabatistas.
"Em 1525 as regiões católicas da Suíça condenavam os anabatistas à pena de morte. A Confissão de Augsburgo não incluía os anabatistas como reformadores, marginalizando-os da Reforma. Em 1526 o Conselho do governo de Zurique decretou também a pena de morte para quem rebatizasse qualquer pessoa. Considerados hereges e subversivos por todos, os anabatistas foram acusados de crime religioso e civil. As cortes eclesiásticas e as civis tinham jurisdição para punir quem se atrevesse a repetir o batismo, e também a quem se negasse a apresentar os filhos pequenos para receber o batismo."
"O número de anabatistas mortos foi muito alto e incontável, provavelmente maior do que o número de mortos nos três primeiros séculos da Igreja. Estimam-se dezenas de milhares. O modo de aplicação da pena de morte variava de região para região. Com cruel ironia, em certos lugares, condenavam-se os anabatistas a morrer afogados. Outras vezes eram queimados vivos (segundo o costume dos séculos anteriores). Muitos foram mortos, após torturas, como por exemplo, o esquartejamento. Os líderes eram queimados e os seguidores decapitados, as mulheres anabatistas sofriam a terrível sorte de serem enterradas vivas. Porém quanto mais perseguido, mais crescia o movimento.
Valdenses
Em seu livro A História dos Valdenses, o historiador J. A. Wylie (1808-1890) narra a origem do movimento e os sofrimentos indizíveis sofridos nas mãos dos cruzados. Pedro Valdo era um comerciante francês e por volta de 1174 decidiu encomendar uma tradução da Bíblia para a linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Seguindo o ensino de Jesus, Valdo renunciou a seus bens e repartiu entre os pobres. Desde o início, os valdenses afirmavam o direito de cada fiel ter a Bíblia em sua própria língua, sendo esta a única fonte de toda autoridade eclesiástica.
A confissão de fé valdense de 1120 professa:
- Cremos que há um só Deus – o Pai, Filho e Espírito Santo.
- Reconhecemos como Escrituras Sagradas e canônicas os livros da Bíblia Sagrada.
- E também cremos firmemente que não há outro mediador, ou advogado para com Deus o Pai senão Jesus Cristo. Com respeito à Virgem Maria, ela era santa, humilde e plena de graça; e isto também cremos com relação a todos os outros santos, que estão esperando no céu a ressurreição de seus corpos no dia do juízo.
Segundo Wylie, o movimento provocou a Ira de Roma. "Durante quase quatro séculos, os valdenses viveram como animais caçados, sem saber nunca quando os exércitos da Igreja cairiam sobre eles. Várias comunidades valdenses foram arrasadas pela espada. Um de seus últimos baluartes estava localizado no Vale do Piemonte, junto aos Alpes ao longo da fronteira entre a França e a Itália. Em 1488 e 1489 (apenas trinta anos antes da Reforma) os cruzados do Papa caíram sobre os assentamentos valdenses nos Alpes com uma crueldade indizível.
Os “santos” cruzados católicos massacraram a todo valdense que encontraram em sua frente. Estriparam os pais e depois lançaram as cabeças de seus filhos contra as pedras. Eles fizeram os pais marcharem para a sua morte com as cabeças de seus filhos penduradas em seus pescoços."
Estas crueldades formam uma cena que é única e sem precedentes na história dos países civilizados. Houve tragédias nas quais se derramou mais sangue, e nas quais mais vidas foram sacrificadas, mas não houve nenhuma na qual os autores estivessem tão completamente desumanizados e as formas de sofrimento fossem tão monstruosamente repugnantes e tão absolutamente cruéis. Neste aspecto os Massacres de Piemonte não têm paralelo.
Instrumentos da Morte
O portal O Correio de Deus, recentemente publicou artigo elencando alguns dos instrumentos utilizados pela Inquisição no "santo ofício":
Cadeira de inquisição
Uma cadeira de madeira maciça com 2000 pregos de metal e tiras de couro para amarrar o condenado a ela e garantir que os pregos perfurassem sua carne.
Não sendo suficiente, eles esquentavam os pregos pra que os furos ficassem no corpo das vítimas por muito tempo.
O berço de Judas
Uma pesada pirâmide de madeira sobre um apoio de quatro pernas, semelhante a um assento. Acima da pirâmide ficava um sistema de sustentação feito com cordas e roldanas que prendiam as mãos e os pés das vítimas.
Os acusados eram suspensos nus sobre a pirâmide e poderiam ser lançados sobre ela de uma vez ou terem a descida controlada pra que fossem rasgados do períneo à região pélvica, devagar e dolorosamente.
Caixão da tortura
Uma gaiola minúscula suspensa em praça pública. Os condenados por blasfêmia e roubo eram deixados lá até morrerem e serem comidos pelos animais carniceiros.
Arranca seios
Era usado nas acusadas de aborto e adultério. Esse instrumento era esquentado e usado pra arrancar os seios das vítimas, que eram deixadas sangrando até a morte.
A pera
A pera era usada para abrir as seções de tortura. Essa arma com aparência de um pingente, era inserida nas vaginas das adulteras e no ânus dos homossexuais. Ao girar o parafuso ela se abria, arrancando a pele e dilacerando os orifícios dos acusados.
A serra
Suspenso pelas pernas o acusado era serrado vivo e só morria quando a serra alcançava o peito, o que podia levar horas.
Heróis da Fé
O livro "Heróis da Fé" de Orlando Boyer, narra a trajetória do cristianismo e do sangue derramado para que "simplesmente" pudéssemos hoje ler a Bíblia e conhecer a Verdade revelada pelo Espírito Santo. Heróis que morreram ou viram a morte de perto como:
- Os apóstolos
- John Huss (1369-1415)
- John Bunyan (1628-1688)
- Jerônimo Savonarola (1452-1498)
- Jerônimo de Praga (1703-1758)
- John Brown
- William Tyndale (1494-1536)
Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo em 6 de julho de 1415 e morreu cantando um cântico: "Jesus filho de Davi tem misericórdia de mim (Cântico de Davi).
Escritor de "O Peregrino" (1678) foi aprisionado várias vezes tendo ficar certa vez 12 anos encarcerado (1666-1672) por pregar o evangelho.
Foi um padre dominicano que desafiou a autoridade papal. Em seus novos sermões atacou violentamente os crimes do Vaticano. Savonarola denunciou os abusos na vida eclesiástica, da imoralidade de grande parte do clero — sobretudo a vida imoral de muitos membros da Cúria romana —, dos príncipes e dos cortesãos. Em termos proféticos, passou a anunciar o juízo final. Em 12 de maio de 1497, foi excomungado, foi torturado e enforcado em 1498.
Foi conterrâneo de Huss e nasceu na cidade de Praga. Teve acesso às obras de Wycliffe e ao ver o progresso que a obra de Huss teve na Boêmia, foi ajudá-lo. Como Huss, sua condenação foi ser queimado em praça pública. Prepararam-lhe umas coroas de papel, pintada com demônios na cor vermelha, o que vendo disse: "O Nosso Senhor, quando sofreu a morte por mim, que sou o mais miserável dos pecadores, levou sobre a sua cabeça uma coroa de espinhos; por amor a ele, levarei esta coroa também." Quando atearam fogo, cantou um hino e suas últimas palavras foram: "A ti, Cristo, ofereço esta alma em chamas".
Em 1517 foi acusado de heresia. Sua condenação foi ser queimado vivo. Antes de queimá-lo, os arcebispos de Rohester, fizeram com que seus pés fossem queimados até que toda a carne se desprendesse, e os ossos ficassem expostos. Fizeram isso para forçá-lo a retratar-se; porém ele persistiu em sua fé e devido a isso, foi preso à estaca e queimado.
Foi conterrâneo e amigo de Lutero. Muitos o colocam como pré-reformador, mas é inegável que ele teve uma grande participação de maneira direta na reforma protestante. Tyndale foi um fiel ministro do Senhor que nasceu em um local próximo à fronteira do país de Gales. Foi criado desde sua infância na universidade de Oxford, onde, por sua longa permanência, cresceu tanto no conhecimento dos idiomas e das outras artes liberais, como na prática das Escrituras, às quais a sua mente estava muito apegada. Aos 30 anos fez uma promessa que haveria de traduzir a Bíblia diretamente dos originais para o inglês, com o objetivo de que, todo povo desde o camponês até a corte real pudessem ler e compreender as Escrituras em sua própria língua.
Em 1525, a tradução do Novo Testamento estava completa. Em pouco tempo mais de seis mil cópias estavam nas mãos do povo. Isso gerou uma grande perseguição da igreja Romana sobre a sua vida, até que em maio de 1535 foi preso. Um ano depois saiu a sua condenação. No dia seis de outubro de 1536, foi levado ao lugar da execução. Foi amarrado à estaca, estrangulado pelo carrasco e, em seguida consumido pelo fogo. Na estaca, orou com fervor dizendo: "Senhor, abra os olhos do rei da Inglaterra".
No artigo "Conhecendo os Mártires da Igreja" publicado no portal Consolidador, há uma lista de vários mártires bíblicos, reformadores e de nosso século, narrando a dor e o sofrimento que enfrentaram para pregar o verdadeiro evangelho de Cristo. Infelizmente a lista é extensa porém uma microscópica parcela do massacre cristofóbico promovido pelos anticristos deste mundo.
Anticristos
O que posso compreender é como agentes e representantes alegadamente de Cristo podem torturar e matar quando Jesus ensinou a amar até mesmo nossos inimigos e a oferecer a outra face.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus. (Mateus 5:44)
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. (Mateus 5:38,39)
O mesmo Jesus que desafiou a multidão quando se estava na iminência de apedrejar uma adúltera - punição prevista para o adultério na lei mosaica:
Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. (João 8:7b)
E que com relação aos possessos, endemoninhados, bruxos, hereges... não ordenou queimá-los ou torturá-los, mas expulsar os demônios em Seu nome.
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. (Marcos 16:16-18)
Portanto, nada justifica a brutalidade de tais atos seja contra quem for seja de quem for. Mesmo o mais vil dos seres humanos deve ser julgado pelos homens e ter a justa punição aguardando o Juízo Final a que todos, sem exceção, enfrentarão.
Deus nos tem alertado acerca de perseguições em escala global. Em muitos lugares do mundo já voltou a ser sentença de morte servir e professar a Cristo. Ser mártir é morrer por amor a Jesus, mas isto não é o que é dito deles nem a "imagem social" que se tem deles. Antes de serem massacrados, os mártires, tem sua reputação destruída e sua imagem desumanizada como retrógrados, fanáticos, hereges etc. Não se escandalize! Estejamos firmes com Jesus ainda que a vida ou reputação nossa ou de nossos filhos e pais esteja em risco. Que Deus nos livre dos horrores de uma nova "Inquisição", mas mesmo se torturados e brutalizados, que jamais neguemos a Cristo, por que Ele jamais nos negou!